Ninguém gosta de ser iludido. Quando nos percebemos iludidos por alguém, a mágoa é inevitável. Descobrir que tudo aquilo em que acreditávamos não era real, é frustante e dói muito. Daí surge a repulsa, a raiva. Se um dia adimirávamos aquela pessoa, agora ela não significa mais nada. Ou ainda, passamos a desprezá-la.
Mas e quando somos nós mesmos, que cometemos essa crueldade conosco? Que nos fazemos acreditar em alguém, inventando desculpas esfarrapadas para atitudes alheias. Às vezes a pessoa nem se dá ao trabalho de inventar uma desculpa melhor, ou uma resposta qualquer. Mas estamos lá, para justificar suas falhas e nos deixar iludir com nossas próprias deduções completamente ilógicas.
Acontece com aquele rolo que sempre arranja uma desculpa. E só parece estar disponível pra você quando ninguém mais está disponível pra ele. Acontece naqueles famosos casos em que um dos dois tem namorado(a), noivo(a), esposo(a) e nunca prometeu nada à(ao) outra(o), mas essa(e) outra(o) insiste em acreditar que um dia ele(a) vai ser livre. Acontece com aquela menina que espera que o namorado deixe o cigarro desde o primeiro mês de namoro, mas já se passaram anos e ela ainda espera que um dia (quem sabe depois do casamento?) ele consiga largar o vício por ela.
Não, não adianta mentir para nós mesmos. Há coisas e pessoas que nunca vão mudar. Inventar uma desculpa pro descaso daquele cara, pro telefone que não tocou no dia seguinte, ou pra mais uma mentira descoberta só vai prolongar um sofrimento. Só vai alimentar ainda mais tudo o que não nos agrada no outro.
Enfim, há momentos em que o que resta a fazer é enxergar a realidade. Entendê-la e aceitá-la. E então, decidir o que fazer com ela, mas dessa vez preservando a verdade. Sem ilusões inúteis. Sem sofrimentos gratuitos.
2 comentários:
Concordo em gênero, número e grau!
A realidade é sincera e está sempre à vista de todos. A gente é que se esconde dela.
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