domingo, 28 de novembro de 2010

O descuido de não saber mentir, de só saber sentir.

Ela nem sabia o que sentia, mas sabia que era muito. Não cabia dentro dela, saía pelos poros, e não de uma maneira bonita. Uma vez solto, o sentimento se esfregava na cara das pessoas, magoava os sensíveis, insultava os conservadores, assustava os desavisados e, principalmente, enlouquecia-a.

Como não sabia o que fazer do muito que sentia, como não sabia o que fazer dela mesma com tanto sentimento, ela cantava:

E sinto muito
Por muito sentir
Meu descuido
Não saber mentir
Tenho escudo
Quero uma escada
De preferência sem degraus
Levo emprestada
Trago depois do carnaval

Los Porongas

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Na Real

Vamos esquecer, pelo menos por hoje, baby, a pessoa que você pensa que sou, porque estou à disposição para ser a sua realidade.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Eu nasci assim, cresci assim, vou ser sempre assim...engessada

O meu reflexo no espelho me diz uma coisa: isso é só um aspecto de você.
Já pensei muitas vezes como essa questão de “eu sou tal coisa” é frágil. Uma pessoa é loira e em 35 minutos ela pode ser morena. Uma pessoa é gorda mas com dinheiro, SPA, massagens, plásticas, ela pode ser magra em um mês (o apresentador do Videoshow está aí pra nos mostrar que isso é possível  - e também para mostrar que engordar só precisa de 15 dias).

Uma pessoa é muito séria, centrada e depois de 3 tequilas está em cima da mesa tentando fazer moon walk.
Um cara pode ter sido fiel durante 23 anos do casamento dele até que a estagiária nova o enlouqueça no almoxarifado da empresa. Uma mulher é quieta, tímida, até que alguém bata no filho dela e ela resolva dar uma outra utilidade para os espetos do churrasco de domingo.
Algumas coisas são superficiais como a aparência física, quero dizer, a aparência física é muito mais suscetível a mudanças. Já traços “psicológicos” são mais constantes – em sua maioria, mesmo assim, são ligados a escolhas.

Esses dias estive lendo sobre Ética e o jeitinho brasileiro, e o autor comentou que ser ético é uma questão de escolha, parece até óbvio, mas o que ele estava querendo dizer é que agir corretamente não é inato, como se a pessoa já nascesse com o dispositivo para agir corretamente ou não. Isso me fez lembrar ainda mais que apesar de certos comportamentos nossos serem constantes, eles são escolhas. Você escolhe estar do jeito que está, escolhe quando, inclusive, resolve fazer nada.

Eu me ‘defino’ muito pelas coisas que eu gosto: eu sou uma pessoa que gosta de música, gosto de ler, gosto de cozinhar, gosto de vinho, gosto de escrever e etc., no entanto, eu não falo: eu sou musicista, sou leitora, cozinheira, enóloga, escritora. Se as atitudes que eu sempre tenho não me definem ao ponto de eu poder afirmar essas coisas, me classificar nessas categorias, por que será que as pessoas se sentem tão à vontade para dizerem: eu sou leal, sou isso, sou aquilo...?

Pra mim a questão é muito mais no estar alguma coisa. Mas essa é uma discussão que vai para o campo da

Linguística, não é? O que a gente pode fazer se a língua é, por si só, ambígua?

domingo, 21 de novembro de 2010

Fulano, Fulana e o resto.

Fulano costumava ser feliz, bem humorado e sonhador. Fulano anda triste, mal humorado e chato. Fulano tem um trabalho que o inferniza, uma esposa que acha que ele deveria estar feliz e um monte de frustrações que carrega nas costas todo dia.

Deu pra entender?

Fulano não é aquilo que fulano está, embora fulano se deixe estar assim. Fulano é alguém que ao invés de lidar com a realidade chata que a vida lhe empurrou, preferiu se deixar consumir por ela.

Isso acontece.

Fulana vivia na lua. Fulana pegava ônibus errado e ia parar em bairros distantes. Fulana tinha vestibular de manhã e ia fazer a prova a tarde. Fulana gastava demais, levava o emprego nas coxas e não queria nada da vida. Fulana se apaixonou por uma divorciada (sim, divorciada, para chocar os falsos-moralistas de plantão) com uma carreira estável e dois filhos pra criar. Fulana quis crescer pra impressionar a gatinha, e embora continue com um pezinho na lua, pisou o outro no chão. Fulana tá cuidando da carreira, da vida e se dá muito bem com os dois enteados.

Fulana não é aquilo que fulana está, embora fulana possa mudar pra terra. Fulana é alguém da lua, que se deixou chamar pela realidade movida por um grande amor.

Ao contrário de Fulano, Fulana tem uma realidade boa mudando aquilo que ela é; mas conheço Fulana há tempos e sei que ela só se deixa mudar por realidades boas. 

Todas as pessoas têm fases boas e ruins ou,  uma fase boa numa área da vida, simultânea a uma fase ruim em outra área.  Alguns se deixam influenciar só pelas  coisas boas, outros só pelas coisas ruins, e há os raros equilibrados.

Eu invejo pessoas como a Fulana, que estão sempre extraindo o melhor de si de acordo com aquilo que está acontecendo na sua vida.

E você? Como tem sido e como quer ser?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Aberta


Era aberta. Ah, sim, isso ninguém podia negar. Se precisassem de um par de ouvidos para nele despejarem lamúrias ou futilidades, lá estava ela. Se precisassem de um ombro amigo para apoiar a cabeça cheia de problemas, ela estava presente. Se precisassem de um conselho e ela fosse a escolhida, dava conselhos, aos montes, muitas vezes nem sequer utilizados, mas dava.


Era aberta. Ah, sim, isso ninguém podia negar. Um tipo de abertura meio às avessas porque, veja só, estava aberta até mesmo àqueles que, por vocação, hobby, maldade ou simplesmente retardamento mental, faziam um refogado insosso com seu coração. Se prometessem a lua, ela estava aberta a recebê-la, mesmo sabendo que não havia espaço para guardar a lua no seu quarto. Se a tomassem nos braços e roubassem seus sentidos, ela estava aberta a ser despossuída de si mesma, para encontrar-se no outro corpo. Se dissessem que a amavam, então, puxa! Quando falavam em amor, debaixo da aparente armadura que escondia uma lingerie provocante, lá estava ela, aberta. A receber amor, a dar amor, a comer amor, a suar amor. Aberta, de frente, de lado, de quatro.


Era aberta. Ah, sim, isso ninguém podia negar. Até que um dia, num estalo, caiu em si. Deu uma faxina rápida, pôs em caixas as coisas bonitas que não cabiam mais na sua vida. Quem sabe um dia ia querer revê-las, essas coisas bonitas que todo mundo tem na vida. Jogou fora o que só estava ocupando espaço. Essas coisas velhas, borradas e feias que todo mundo também tem na vida. Ficou maravilhada com o vão que se abriu diante dos seus olhos. Comprou um cadeado. E trancou-se.


Era aberta. Ah, sim, isso ninguém podia negar. Mas, agora, carregava uma chave escondida entre os seios. E só se abriria outra vez para o que combinasse com aquele vazio à espera de ser preenchido.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Chaves e Besouros







"When you were young and your heart was an open book
You used to say live and let live
But if this ever-changing world in which we live in
Makes you give in and cry
Say live and let die”
Paul McCartney












Sinto o vento me abraçar. Já não recordo a ultima vez que estive aqui, vejo em sépia a antiga casa. Carrego no peito a chave de libertar pensamentos e sem esforços destranco a fechadura da porta da frente. O cheiro me acerta em golpe o estômago, o odor da velhice entremeia paredes, pouco faz lembrar a doce infância. Portas e janelas há muito fechadas guardam segredos de outras épocas, suspiros de outros amores se escondem por detrás das pesadas cortinas. Os retratos, antes espontaneamente alegres, agora esboçam sorrisos amarelo de saudade, desses que se dá quando não se pode mais chorar.Pela janela, entre os vidros quebrados, avisto o céu azul áfrica. Só de existir indefectível lá fora, alguma coisa muda em mim e a chave guardada no peito abre mais um caminho no destino.


Ruflando de par em par, minhas asas alçam púberes vôos para além do provável.


Cah*

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sobre cliques, pessoas e gratidão

Como é possível que pequenas coisas despertem coisas tão grandes? Lembranças, músicas, sorrisos, textos, frases, cheiros e chuvas. Às vezes converso com alguém e uma frase dita fica ecoando por horas e horas, muitas vezes até dias, na minha cabeça. E como uma semente, esse elemento “despertador” faz com que outras coisas germinem.

Quantos textos eu escrevi sob a influência de outros? Quantos álbuns ouvi porque me apresentaram uma música? Quantos beijos eu dei porque me deram o primeiro?

Tem certas fases na vida que a gente repensa melhor nossos passos. Não fica olhando só pra frente, tentando adivinhar para onde vai. Não. Você fica [também] olhando pra trás tentando saber por que deu os passos que deu. O que te moveu. O que te fez chegar até ali. E isso é bom.

Dizem que quem vive de passado é museu. Quanta bobagem. Quem não sabe bem sua própria história não sabe direito para onde vai. Fica repetindo os mesmo erros, escolhe sempre a mesma opção achando que terá um resultado diferente. Perde tempo.

Da mesma forma, quem não conhece suas influências, quem não sabe delimitar seus gostos, fica sempre tateando em busca da definição da própria personalidade.

Reconhecer esses pequenos momentos. Dar crédito ao Acaso. Valorizar pessoas que estão em nossas vidas nos torna pessoas mais gratas.

Que bom.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Abrindo a caixa preta

Não se sabe o que se passa realmente dentro da mente humana e muitos cientistas vêm estudando diferentes métodos para desvendar os mistérios que se encontram dentro dessa caixa preta*. Mas, mesmo não sabendo como pensamos e como tomamos cada decisão, sabemos que pessoas de diferentes culturas e sociedades crescem com gostos e linhas de pensamento diferentes umas das outras.

Porém uma boa quantidade delas mantém a mente fechada a sete chaves para aceitar as diferenças dos outros e entender que o diferente para elas é o quão diferente elas mesmas são para os outros.

Ter a mente aberta não é só aceitar diferenças, mas também estar disposto a conhecer novos lugares, pessoas e se aventurar no desconhecido. É a coragem de sair do comum e ter um olhar mais amplo sobre as coisas criando idéias fortes, estimulando a criatividade e ao mesmo tempo com respeito às idéias de seus semelhantes.

Sempre que uma boa oportunidade surgir, não faça corpo mole, ou tenha medo de enfrentar o desconhecido. Antes de vir para Coréia do Sul tive medo de vir sozinha, num lugar completamente diferente, primeira vez longe da família, e ainda mais sem saber a língua. Como eu iria me virar? E se acontecer algo grave? E se eu não me adaptar? Mas como me disseram, é preciso ir com a mente aberta e preparada para aventuras e contratempos, pois é assim que se ganha experiência de vida e aprende-se a ver a vida por diferentes ângulos.

Realmente vim preparada para conhecer a cultura e o comportamento das pessoas daqui. No começo tive um grande choque cultural, principalmente com a comida e certos hábitos coreanos que não são comuns no Brasil. Mas tentei ter a mente aberta e tem sido uma grande experiência e estou aproveitando ao máximo a estadia.

Assim sempre que alguém disser que você está sendo teimoso ou não procura entender o outro lado da situação, pegue a sua chave e abra sua caixa preta para as possibilidades. Coisas maravilhosas podem acontecer.

*Em teoria dos sistemas denomina-se caixa preta um sistema fechado de complexidade potencialmente alta, no qual a sua estrutura interna é desconhecida ou não é levada em consideração em sua análise, que limita-se, assim, a medidas das relações de entrada e saída. Muitas coisas podem ser denominadas como caixa preta: um transistor, um algoritmo, ou a mente humana.

sábado, 13 de novembro de 2010

Fala aí

Eu sempre me esqueço...

De uma briga desagradável
De um dia ruim de trabalho
De uma noite péssima na faculdade
De ter ouvido o que eu não queria
De ter falado mais que devia

Por outro lado...

Eu nunca me esqueço...

De um por do sol a dois
De um abraço de mãe
De um amigo da infância
E do gosto da minha Madeleine quando criança

Nem me esqueço ainda

Do meu primeiro beijo (terrível)
Daquele dia na porta de casa
Dos choros que acabaram em gargalhadas
E das piadas mal contadas

E você ? Prefere ficar remoendo ciúmes banais ? magoas antigas ? ser negativa ? ... ou prefere lembrar de sorrisos ? amigos ? família ? lugares ? canções ? pessoas ? dos riscos ? dos beijos ? dos tropeços ? ...

Fala aí ... o que você prefere? o que você esquece ? o que você mantém ?

O QUE TE MOVE ?!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Exaustão


[Eu disse que me cansaria. Não disse? Não importa. Em algum momento desistiria de tentar me fazer entender em linhas retas e entrelinhas tortas. Não conseguiria esperar uma atitude a mais, disparada como flecha incandescente na minha direção. Precisa. Certeira. Para ser recebida com prazer por ser tão atraente. Não aguentaria a ausência de ondas no meu mar agitado por natureza. Desejaria as mãos fora dos bolsos. Talvez nos meus lábios. Talvez entre minhas pernas. Não suportaria o olhar perdido diante do espelho. Da janela. Da tela. Dos meus olhos. Então não fique parado. Apenas venha. E me tome. Como sua. Dele. Ou de outro. Sirva-se. E comece pelas minhas coxas. Arraste-as até que minhas pernas estejam entrelaçadas no seu corpo nu e arranque os arrepios que estou guardando para você. Posso até me cansar e ficar exausta, mas só se for de tanto amar...]

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Garçom, por favor, mais uma taça para Adélia.

Essa semana li uma entrevista da Adélia Prado na edição número 01 da Lola Magazine, apesar de curtinha, a entrevista era densa em conteúdo. Abordando diversos pontos interessantes do mundo feminino e do estilo de vida peculiar da escritora, muita do que ela falou me inspirou a enxergar certos aspectos da vida com outra ponderação.

Depois de passar um mês de cão em busca de serenidade e equilíbrio para encarar minha existência, conciliando a vida profissional, acadêmica, social e familiar, para tudo funcionar na sua devida maneira a despeito dos problemas pelos quais eu estava passando, percebi que sofrer menos ou mais é uma questão de escolha e postura.

O sofrimento é quase inerente à nossa existência, sempre estaremos passando por momentos difíceis, se recuperando destes momentos ou mergulhando de cabeça em situações que nos levarão aos maus bocados. Tudo é uma questão de saber se colocar frente a ele, encará-lo com jeito, dobrá-lo e guardá-lo no bolso. Pois o conflito que o sofrimento nos causa, traz aprendizado para a vida, tal que você nunca aprenderá na universidade, mas que levará para sempre consigo.

Em certa parte da entrevista, quando questionado sobre amor, sacrifício e recompensa, Adélia profere um discurso que me pegou de jeito:

“A experiência amorosa exige sacrifício. Não se ama para ser recompensado. O amor é sua própria recompensa. (...) Do ‘sacrifício’ de amar nasce a mais perfeita alegria. Ninguém faz cara feia quando se sacrifica por amor.”

Daí eu tirei minha grande lição do dia, transpirando clichês, mas transbordante de verdades:

Se for pra sofrer que eu sofra de amor, se for pra cair que eu caia na gargalhada com meus amigos e se for pra doer que doam meus pés de tanto dançar ou a cabeça depois de alguns mojitos.

E com esse bom humor, pretendo seguir andando.

Beijos e até semana que vem!
Cah*

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Acaso e a ação

"A única coisa segura sobre a sorte é que ela mudará."
Bret Harte

     Eu gosto do Acaso, e eu gosto de depender dele. É muitas vezes uma postura cômoda, eu sei. Mas é que já tive experiências incríveis sobre como certas situações que eu nem imaginava caminhariam para coisas ainda maiores graças a meu lema de deixar “ao sabor do vento”, que fico tentada a esperar por ele.
     Sinto-me um pouco protegida.
     E, de novo, é uma atitude cômoda. Tantas vezes deixei de agir porque acreditava que daria tempo, que teria outra chance, que, de um modo ou de outro, as coisas dariam certo. Pode até dar certo, mas demora mais, você perde tempo, se desgasta, sofre, se perde, enfim, deixa de evitar coisas ruins que poderia evitar se tomasse para si a responsabilidade pelo próprio destino. 

"Eu acho fascinante que a maioria das pessoas planeje suas férias com mais cuidado do que planeje suas vidas. Talvez porque fugir é mais fácil que mudar."
Jim Rohn

     Esquivar-se de escrever o próprio enredo da vida é mais fácil mesmo. E achamos muitos motivos válidos para deixar para manhã o que se poderia ter feito ano passado. Encontramos desculpas plausíveis, convencemos aos outros e a nós mesmo. Adiamos o inadiável. 

“Resolvi colocar a verdade na frente dos meus olhos: tenho medo. Medo da vida, medo dos dias, medo de encarar que as coisas podem dar certo.”
 Clarissa Corrêa

     O adiamento é a salvação do medroso. Temos que admitir uma coisa: temos medo de ser felizes. Ser felizes além de. Você pode até dizer que não, que temos medo de sofrer e etc. e temos mesmo, mas no final das contas a gente tem um medo absurdo de que toda nossa teoria do que seja felicidade possa mesmo existir. E a gente duvida. Fica pensando que não é possível ter os instantes de felicidade que imaginamos. Se eu for feliz, o que vem depois? E é nesse instante que o boicote entra em ação e permanecemos estáticos.

"Eu posso mudar. Eu posso viver da minha imaginação ao invés da minha memória. Eu posso me amarrar ao meu potencial ilimitado ao invés do meu passado limitado."
Stephen Covey

     Criamos raízes. E não me refiro às raízes boas, as que criamos quando encontramos um solo bom. As que usamos para nos alimentar e que nos fortalecem. Não, me refiro às raízes que criamos e só servem para nos impedir de movimentar e cedo ou tarde morremos secos.
     O que passou - adivinha? -  Passou. Não há absolutamente nada a se fazer nele. O que dá para mudar são as consequências do nosso passado que estamos enfrentando no nosso presente. Essas sim, podem ser mudadas, mas choramingos não irão ajudar muito (ou nada).
     Se for pra ouvir a música: “o Acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”, combine com outra: “um belo dia resolvi mudar, e fazer tudo que eu devia fazer” . Aí sim tem-se a combinação perfeita.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Tá, a gente se acostuma! Mas, a gente também se exercita!

Fazer as mesmas coisas sempre não é de todo ruim. Tem seus benefícios! É uma opção certeira: algo que a gente já conhece, menos perigoso, mais seguro. Quem não gosta de repetir aquele prato agradável, assistir novamente àquele filme bom, entrar naquelas mesmas páginas da internet? A gente pode repetir atividades, horários, agendas, compromissos e tudo isso tem uma dose de agradabilidade.
Além do mais, nada é completamente igual, sempre há variáveis envolvidas nos processos, e uma certa rotina pode ser organizadora e favorecedora de inovações e desenvolvimento. Também, quando tudo muda o tempo todo, é complicado entendermos o que é melhor ou pior, o que favorece ou não.
E então, caímos aqui, novamente, na questão dos extremos. Um certo exagero na repetição e na constância pode ser sinônimo de aprisionamento. Fazer o mesmo caminho para o trabalho pode ser uma boa saída quando se chega mais rápido. Porém, insistir no congestionamento quando se tem uma rua paralela vazia já não é algo tão saudável, não é verdade?
E falando em mundo interno, sempre optamos por um congestionamento aqui ou ali, mental, comportamental ou emocional. E essa opção irrita, desgasta, cansa, avisa que tem algo errado! Em um primeiro momento, você pode até não se dar conta disso ou até achar que não vale a pena se atentar para esse tipo de coisa (preguiça? ou até: preguiça disfarçada de superioridade?).
Como disse a Chen, ficar remoendo, persistir na ferida quando ela já teve tempo de fechar não é nada bom! E eu completo dizendo que exercitar o questionamento sobre as próprias escolhas (desde as básicas, como alimentação, vestuário, até mais complexas como: pensamentos, companhias, choros, trabalho) é uma ótima forma de criarmos possibilidades novas. E, quem sabe até possibilidades libertadoras! Fácil, não é não! Mas, é bom tamém!!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Olhar para o que está por vir

Remoer o passado é uma das piores coisas a se fazer, pensar no que aconteceu de errado, qual foi o problema, se haveria alguma outra solução... E essa de ficar pensando no que já aconteceu e ficar sofrendo pelo passado, como já foi provado, não leva a nada. Como mamãe sempre diz “O que passou, passou. Agora é olhar para o que estar por vir”, mas às vezes não é tão fácil esquecer.

Eu mesma digo que quem vive de passado é museu, mas muitas vezes já caí na armadilha de pensar em alguém do passado várias vezes. Quando passamos por algo que nos marcou muito e nos fez sofrer muito, leva um tempo para esquecer e deixar as feridas se curarem.

Depois de um tempo, estamos prontos para seguir em frente, aí dizemos a nós mesmos que não vamos mais perder mais tempo, mas mesmo assim, vira e mexe uma lembrancinha ruim ou outra cisma em aparecer nos nossos pensamentos. Já lembrei muitas vezes de algumas coisas do passado por causa de um ser do qual muitas coisas já esqueci, mas outras ainda me lembro, mas cada dia que passa isso vai acontecendo cada vez menos, e agora eu não deixo isso afetar nos meus problemas atuais e nem me deixo aborrecer, por que se for para realmente focar em algo importante é melhor focar no que precisamos resolver agora do que no já não tem como remediar.

Então cada vez que sinto que vou acabar remexendo em alguma coisa que me fez sofrer no passado eu paro e penso que foi ruim e eu me livrei, então pra que voltar a pensar nisso? Mesmo se você está agora passando por um momento ruim, e pensa que nunca vai esquecer e se irrita com as pessoas que te cobram pra seguir em frente, tome seu tempo. Nada é melhor do que o tempo para ajudar a esquecer, e cada vez que o que te fez sofrer voltar a atormentar seus pensamentos, balance a cabeça e jogue esse pensamento ruim fora, então pense em algo novo que vem acontecendo em sua vida, que cada vez mais isso vai se tornando algo tão distante que nem lhe incomodará mais. Assim seguir em frente e olhar para o que está por vir será tão natural quanto respirar.

sábado, 6 de novembro de 2010

Desabafo

Sabe o que não ando suportando? Não ter vontade de escrever. Como pode eu ter tantas coisas para dizer, mas não conseguir colocá-las no papel? Tudo que escrevo acho inferior, ou sem valor perante o dos outros.
Na faculdade, não me identifico com as matérias e com isso não rendo. Não me interesso, não produzo, não saio do lugar. Aff, como isso me incomoda. Mas como largar tudo? Não tenho coragem. Como não sei o que quero, para que deixar o que já foi começado? Ou seria melhor largar? Não, não tenho coragem, afinal eu ganho muito mesmo não estando interessada. Mas, será que ganho ou será que estou me boicotando? Será que as longas e misteriosas aulas de poesia francesa ministradas em francês algum dia farão diferença na minha vida? Será que já fazem?
A vida é tão improvável, escura, imprecisa e esse negócio de ter que fazer escolhas a todo momento deixa a gente louca. Não quero escolher meu futuro emprego, não quero escolher a cor do meu fogão, não quero ter que ir almoçar na casa da minha sogra todo domingo. Mas o que eu quero? Aí está uma ótima pergunta.
Ao mesmo tempo que questiono o porquê de termos que fazer tantas escolhas, quero fazer outras escolhas que não sejam as que a sociedade me impôs, quero fazer meu caminho no meu ritmo. Mas parece que meu ritmo é traçado pela faculdade que te cobra um mestrado com 21 anos e a família que te impulsiona a arranjar um bom emprego e a formar uma família.

PAAAAAARA !!!


Respira.


Quero viver esse momento, curtir um filme na sexta de madrugada, e não ficar preparando aula para o sábado de manhã. (opa... olha a tal da escolha dando as caras novamente) É, afinal, acho que não conseguimos viver sem elas.

Escolhas ...




... eu quero tê-las. Mas que elas partam de mim e não de uma sociedade que parece já ter traçado meu caminho. Aos 24 doutora, aos 25 casamento, aos 26 primeiro filho, 65 aposentadoria e 4 netos....NÃOOOOOOO ... quem sabe eu tenha netos com 35 e com 70 eu me case? Por que não?! O improvável, o diferente, o destino estão aí para nos surpreender.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

No Que Confio

Antes eu era descompensada aqui, agora virei também uma improvável...


Sou uma mulher desconfiada. Sou uma mulher feita de sangue, pulsar de veias, artérias, volúpia. Sou uma mulher com palavras penduradas na ponta da língua, com sentimentos transbordando pelos poros e com desejos direcionados aos alvos que quero alcançar. Não conseguiria ser de outro jeito e, por isso, sou desconfiada. Desconfio da serenidade perpétua e estática das que repousam solenemente as mãos sobre o nada. Duvido do sorriso sempre constante e da suposta alegria que parece fazer morada em bocas que nada dizem. Não acredito no excesso de doçura pegajosa. Não consigo imaginar a vida cor-de-rosa posta diante dos meus olhos. Talvez porque eu seja tempestade. E talvez porque também seja a bonança após a chuva, vislumbrada no final das quinze cores, misturada à dor e à delícia dos sonhos secretos que de tão secretos não me contam quando sonhados. Sim, quinze cores. Sou uma mulher que tinge a vida com quantas cores quiser. Não posso conceber uma mulher sem uma porra na boca de vez em quando. Assim, com duplo sentido mesmo. Sou de muitos sentidos, uma infinidade deles, todos desaguando num leito de lençóis de linho amassados pela espera. Não acredito na candura milimetricamente medida das palavras soletradas uma a uma. Não quando posso soprar calmaria em forma de palavras obscenas no ouvido adestrado a entender meu canto. Desconfio do olhar delineado, do cabelo impecável e da boca contida. É contra meus princípios acreditar na mentira forjada de uma Barbie de plástico, sem vida, suor ou lágrimas, que mora num lugar de faz-de-conta e vê, escondida, vidas passarem na sua frente, escolhendo a que melhor lhe cabe nos seus dias vazios.


Só uma coisa me irrita mais ainda: criaturas desprovidas dos mais elementares componentes de um cérebro saudável e que sonham ser um Ken.


[Sou uma mulher que não gasta palavras, batons, vestidos, língua e munições com isso. É desperdício de veneno...]

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Eu sou incoerente..tra la la

Ser coerente é uma dádiva. Não que eu inveje quem seja, porque as pessoas que eu conheço que são 100% coerentes estão na inércia então não há nem modo de elas serem incoerentes: não fazem nada.

Eu não sei até que ponto a incoerência é assim tão ruim, porque na verdade, a incoerência tem as costas mais largas que o diabo. Explico. Muitas vezes o que é chamado de incoerência na realidade é a relativização das coisas. As pessoas não suportam que se relativize nada. Acho que é medo de se perder. Se seguindo uma linha reta as pessoa já se perdem, se dermos a elas a possibilidade de bifurcação..vish...aí pronto, ferrou tudo.

Mas o que é esse relativizar bom ao qual eu me refiro, então? É simples. É saber que nem tudo que é válido num campo é valido em outro. Por exemplo. Existe uma grande área chamada esportes, dentro de esportes, existem os que são jogados com bola, e cada um desses possuem suas regras. Então se, no futebol, você não for o goleiro e pegar a bola com suas duas mãozinhas lindas e jogar na rede, não saia comemorando o gol, lindeza, porque será pênalti, e dos feios.

Mas que incoerência!!! Não é tudo esporte? Não é tudo com bola? Não é tudo igual?

Difícil imaginar que alguém argumentaria assim, não é? Parece claro a todos que em cada jogo, sua própria regra e é justamente por essas regras que se mudam os jogos, caso contrário teria só os jogos com bola, aquáticos, de lançamento e por aí vai.

Na vida é assim, e é muito mais complicado ainda. Porque cada pessoa carrega em si mesma regras definidas. Quando tem contato com outra, ela adapta suas regras, ou muda ou não faz nada (é, existem pessoas que conseguem fazer nada). Existem leis que direcionam todas essas pessoas, mas existem coisas que só são determinadas pela ética. E a ética olha para os dois lados, a Lei não, a Lei tem um lado só: o dela.

E quando você olha para os dois lados, você relativiza e daí o seu posicionamento algumas (tantas) vezes ser considerado incoerente. Não é que se passe a aceitar o que o outro fez como correto (ou o que você mesmo fez), mas você passa a entender o que levou o outro a fazer aquilo. Entender os motivos não justifica o ato, mas pelo menos não o condena à fogueira.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Escolher o melhor possível

Esses dias eu estava em uma aula e ouvi meu professor falar sobre a diferença entre o “homem econômico” e o “homem administrativo”. O “homem econômico" é aquele que é absolutamente racional e suas decisões são as mais eficientes, realizando suas tarefas perfeitamente, já o “homem administrativo” é aquele que toma suas decisões e realiza suas tarefas da melhor maneira possível dentro de suas limitações. A diferença é que o “homem econômico” não existe. Todos nós somos limitados, mas isso não nos impede de escolher e fazer o melhor que podemos.

Depois de criarmos tantas expectativas sobre como várias coisas podem ser perfeitas, quando descobrimos que boa parte do que pensamos não acontece, muitas vezes acabamos nos decepcionando completamente. O que faz com que nos desencantemos com todas as outras oportunidades e pessoas. Como aquela decepção nos primeiros relacionamentos que fazem com que nossas esperanças de encontrar alguém que nos complete realmente pareçam coisa de cinema e que nunca poderemos ter.

Com isso, de certo modo, deixamos de lado algumas características que podem ser muito importantes quando tomamos uma decisão ou escolhemos algo. É aí que mora o perigo. Quando optamos por algo, mas reduzimos o valor esperado para não nos decepcionarmos mais ainda, estamos reduzindo nosso próprio valor também. Não devemos deixar de fazer o nosso melhor e esperar o melhor de nossas escolhas. E também não devemos nos acomodar no que é seguro, ou nos conformar com o normal, é preciso dar aquele passo extra, se arriscar e procurar pelo melhor possível. Assim como nessa semana de decisão no segundo turno, devemos lembrar que ao escolhermos nossos candidatos a presidente, senador, prefeito, entre outros, não podemos pensar que só porque não há um candidato perfeito devemos escolher aquele que é famoso, ou o que faz boas piadas ou porque a maioria gosta, mas sim procurar por alguém que complete, o máximo possível, suas idéias sobre um bom governo, mesmo que não seja 100%.