quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Encarando bichos-papões

Tema da semana: Favor, não alimentar os medos.



Não alimenta o medo não porque se não o bicho cresce e come você. Eu tenho medo de montanha-russa e brinquedos semelhantes, não tenho que lidar com ele porque não é todo os dias que você vai a um parque, mas fora isso, não alimento e nem deixo meus medos quietos. Não há neutralidade para mim em relação a isso porque para mim cedo ou tarde a gente vai ter que olhar embaixo da cama para ver se o monstro está lá. Que seja por opção nossa, que seja o quanto antes.

Eu gosto de me entender, de me fuçar, de procurar o porquê das coisas em mim e o medo diz muito ao mesmo respeito e é por isso que gosto de lidar com ele, porque quando você encara o medo, percebe que na maioria das vezes é o boicote disfarçado. 

A gente pode e deve ir mais além e é por isso que a gente tem que fazer o medo de bobo, feche a cara, vista sua roupa de corajosa e caia no mundo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cai


Tema da semana: Favor, não alimentar os medos.







Somente em um momento da minha vida, eu me entreguei a um medo. Cai de olhos fechados e mãos atadas, estava cega, muda, surda e burra. Só conseguia enxergar uma opção e já que essa opção já não fazia parte da minha vida, eu queria desistir de tudo, eu queria desistir de mim. Depois disso eu acordei. Foi o que o tempo fez comigo, ele me despertou daquele sono profundo, daquela dor absurda, dos dias preguiçosos, da má vontade, daquela decepção guardada que cheirava a mofo. 

Esses dias a vida me passou a perna e eu caí mais uma vez. O tombo foi feio, escoriações no coração, um arranhão na confiança, uma auto estima quebrada e largada, sonhos atropelados e sei lá, vai ver eu sou um gato e tenho sete vidas. Sobrevivendo. Tá doendo ainda? Tá e muito. Todos os dias doem. Mas eu percebi que só depende de mim e de mais ninguém, só eu posso me curar, só eu posso decidir alimentar isso ou não. E eu não quero. Eu não gosto de sofrer, não nasci pra fazer o papel da mocinha que sofre na novela, seja ela mexicana ou das nove.

domingo, 28 de outubro de 2012

Quem alimenta meus medos?


Tema da semana: Favor, não alimentar os medos.




Dizem que o ser humano é formado por suas experiências, por aquilo que vive, pelas lágrimas que chora, pelas dores que sente, pelas alegrias, pelos relacionamentos, pela sua história... Sendo assim, não alimentar os medos é um grande desafio.

Cada medo que tenho tem um fundamento bem estabelecido. Tenho medo de lagartixa, por cada lagartixa que já caiu em cima de mim. Tenho medo de anfíbios por causa do acúmulo de “pererecas” que havia atrás da porta do banheiro de um sítio em que morávamos quando eu era criança. E tenho medo de confiar em algumas pessoas, por causa de cada vez em que confiei e que essa confiança foi quebrada...

Então, eu não alimento meus medos. A vida que alimenta, os acontecimentos, a história... Eu gostaria muito de colocar uma focinheira  nos meus medos, e mantê-los magrelos, fracos, quase mortos. Mas eu não posso fazer isso.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Por que tudo tem que ser infinito?

Tema da semana: "Nunca, palavra bastante corajosa, mas quase nunca cumprida"


Um dia me disseram:

- Nunca diga que não beberá dessa água.

Eu não quis admitir na época, mas tinham razão. Gosto de coisas definitivas e adoro pontos finais. Sendo assim, a palavra "nunca" tem um sabor todo especial para mim. Só que nem tudo na vida é na base das coisas definitivas e dos pontos finais (aliás desconfio que a maioria não é)

- Nunca mais quero te ver.

Disse eu certa vez, dramaticamente - e voltei atrás. Foi embaraçoso admitir que não era simples como eu imaginava, mas antes isso do que perpetuar um "nunca" que deixou de fazer sentido. Porque, às  vezes, naquele momento ele faz sentido, do mesmo modo que "te amo pra sempre" faz sentido num exato espaço de tempo, porque naquele exato momento era "pra sempre".

Já precisei e preciso, muitas vezes, dizer, bradar, gritar certos "nuncas" para que eu me mesma convença daquilo o que deveria ser real, mas não é - ou ainda para que eu me convença do que por ora pode ser verdade. 

Verdade ou não hoje, talvez possa ser amanhã, mas não há garantias de nada. Tudo bem, posso lidar com isso e creio que temos uma necessidade de coisas infinitas, seja o "sempre" ou o "nunca", porque dão a sensação de conforto, de sabermos onde estamos pisando.

Não sei se o nunca é uma questão de coragem, acho que é mais uma questão de momento. E levá-lo a cabo pode ser até uma questão de covardia, caso a gente se recuse a ousar e mudar o que costumávamos ser ou pensar. Dar-se o direito de mudar de ideia e voltar atrás é ser flexível e aceitar que se pode pensar de um modo diferente.



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Nunca mais!

Tema da semana: "Nunca, palavra bastante corajosa, mas quase nunca cumprida"


 
 
Nunca mais vou ligar pra ele. Não vou beber nunca mais! Nunca mais eu gasto dinheiro com salão. Eu não usaria uma roupa dessas nunca! Nunca mais eu faço uma prova sem estudar antes. Não quero ficar com esse cara nunca mais. Nunca mais eu pinto o cabelo. Não vou falar naquela vagabunda com ele nunca mais. Nunca mais eu deixo o celular no bolso da mochila. Eu nunca menti pra você


Quem nunca? 
 
 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Não cospe pra cima.


Tema da semana: "Nunca, palavra bastante corajosa, mas quase nunca cumprida"


“Nunca diga nunca!” já diziam os mais velhos,e eles não estão errados, por que essa coisa de cuspir pra cima minha amiga é bem complicada, as chances de retornar na testa são tão grandes que não há lei da física que resolva.

Nunca é carregadinha demais, é meio pesada, e sempre vem acompanhada de um possível “Mas foi sem querer.” ou “Mas foi a última vez.”.


É que normalmente o “Nunca”, nunca é “Nunca”, e para pronunciá-lo você tem que ser muito forte por que a palavra proferida fica no pensamento de qualquer um e as chances disso voltar como um “Mas você não disse que “Nunca”...” são muito grandes.



domingo, 21 de outubro de 2012

"Nunca" é demais.


Tema da semana:
"Nunca, palavra bastante corajosa
Mas quase nunca cumprida"




Nunca mais é muito tempo, e dizer “nunca” é muita responsabilidade. Então não prometo nunca mais te procurar, nem mesmo nunca mais aceitar sua procura. E mesmo sem prometer, espero, sonho... Que continuemos bem distantes, para continuarmos bem, para que nos doa somente o inevitável.

Se não tem fim, que seja neutro.

sábado, 20 de outubro de 2012

e foi que foi!


Tema: está no inferno, abrace o capeta.




Não havia desejado, mas a oportunidade lhe surgiu, e, apesar da resistência inicial, se entregou. Porém, embora tivesse apreciado as delícias “daquele inferno”, seu coração ainda preferia a vidinha sem aqueles temperos picantes que sempre tivera.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Até o fim

Tema da semana: Tá no inferno, abraça o capeta



Era um homem persistente. Insistente. Determinado. Talvez até um pouco turrão, mas, sabe como é?, era o gênio forte, signo de fogo, conhaque no fim do dia. Sempre que começava uma coisa, ia até o fim. Mesmo quando o negócio desandava: para ele, era uma questão de princípios terminar o que havia começado. E assim sempre ia até o fim.

Era um homem bom, mas errava muito, deveras, repetidamente. E, com o passar o tempo, começou a marchar rumo ao fracasso. Tinha um medo doído de fracassar como gente, como pessoa, como ser humano.

E sua vida foi tomando uns rumos perigosos, caía de erro em erro e, mesmo ao perceber que tudo ia de mal à pior, continuava cego e centrado rumo ao seu destino.

"Destino". Era assim que chamava as desgraças que iam lhe acontecendo e logo sua existência era queda livre no salão abafado.

Enxofre. O Diabo o esperava garboso:

- E o que vai ser?

E, não restando mais nada, o homem sorriu. Foi até o fim. Não havia mais caminhos para voltar. E queria? Já que estava lá, o negócio era ver um novo fim para perseguir.


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Abraça e dá um beijo


Tema da semana: Tá no inferno, abraça o capeta


Tem momentos em que a vida não te dá muitas opções. Ou rola, ou não rola. E você tem que resolver o que vai ser ali na hora, na loucura. Não tem chance de vacilar. É nessas horas que não adianta pedir socorro, não adianta chorar e os santos estão sempre todos ocupadíssimos. Aí é com você e pronto. É aí que eu acho que tudo vale a pena. E se você está no inferno, porque não abraçar o capeta? Eu não consigo ver outra opção. É o clássico se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. A melhor saída é tentar fazer uma amizade, bater um papo e tal, quem sabe você e o capeta podem até descobrir coisas em comum? Sei lá, quem sabe vocês curtem o mesmo som, piram naquele filme bobo de comédia romântica que você já assistiu centenas de vezes na sessão da tarde? Vai que cola? Se você já está lá, colega, a melhor saída é fazer um social e ver se consegue um desconto na passagem de volta pra terra. O negócio é não amarelar. Vai ver o capeta nem é esse bicho de sete cabeças que as pessoas falam.  




terça-feira, 16 de outubro de 2012

Não abraço não!


Tema da semana: Tá no inferno, abraça o capeta


Desculpa, mas não me agrada!

Este negócio de que “Ta no inferno, abraça o capeta” é frasezinha feita, não cola comigo!

Então quer dizer que tenho de me deparar com isso, e engolir, por quê?

Não somos os seres “racionais”, então por que me conformar com isso, assim de cara?



Desculpa, mas não vou engolir assim tão fácil o que me derem pra engolir, sem questionar, sem nem saber o motivo, aliás, bobo de você que aceita este “capeta” assim de graça, eu hein, to no inferno sim filhote, mas tem tanta gente bonita neste inferno, pra que eu vou abraçar logo o capeta?


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O inferno do outro


Tema da semana: Tá no inferno, abraça o capeta







Ela não conseguia controlar o que chamam por aí de instinto. Tinha a tendência natural de se jogar de olhos fechados e boca aberta. Quando se viu no chão, rolou. Quando se viu no ar, tentou voar. Se o lápis estava em mãos, escrevia torto, em letra cursiva, escrevia de modo forte deixando aquele cinza tão negro. Entregava-se a situação. Não que não houvesse medo ou hesitação, havia sim, as mãos até tremiam, mas tentava olhar reto como quem esquece o resto do mundo. Acreditava que o inferno era o outro ou os outros. Sentia-se na forca quando virava assunto nas mesas, ouvindo seu nome na boca de alguém. Um inferno. Sorria como quem abraça o capeta, tentando se livrar da situação, tentando estar ali, tentando fazer com que a situação ficasse divertida, tentando se ver assim, sob o olhar de alguém ou de um inferno. 

domingo, 14 de outubro de 2012

Não!


Tema da Semana: "Tá no inferno, abraça o capeta". 



Não use frases imperativas comigo... Não vou abraçar o que você pedir, não mesmo! Aliás, não saio por aí abraçando o dono da casa, só porque ele é o dono da casa. Além disso, quanto maior a temperatura, aconselho que seja menor o contato físico. Talvez, se estivessemos no polo norte, aí sim eu pensaria no caso de abraçar o ser em questão. Mas estamos aqui... E olha só, não acho que chutar o balde mudará alguma coisa, não acho que seguir o ditado vá melhorar o meu humor e não acho que vou seguir a regra­­­. Vá você, com suas frases manjadas e ordens dispensáveis, abraçar o capeta sozinho.

sábado, 13 de outubro de 2012

da minha vida cuido eu

Tema: sua vida, só sua ou de todo mundo.





Das duas uma: ou eu sou muito desinteressante, ou o meu jeito distraído tenha me poupado de saber que já houve mais rumores sobre mim além dos meus muros, porque apenas por três vezes eu soube que algo a meu respeito “caíra na boca do povo”.

Da primeira vez, foi no ensino fundamental quando uma garota (que por sinal era uma das mais bonitas do colégio, logo, não fazia o menor sentido meu nome virar tópico em seus assuntos, mas vai lá entender...!) me injuriou me fazendo chorar, eu era uma bocosona mesmo, mas disto me orgulho: ignorei, não era verdade, e eu não precisava provar nada pra ninguém.

Da segunda vez, já no ensino médio, umas garotas cismaram comigo por causa de um “bofão” da turma delas que parecia interessado em mim e começaram a me “bulinar”. Então, pra me poupar daquelas bobajadas juvenis, evitei até o mínimo contato com o “bofe demarcado”, qualquer “esbarrão” com elas e todo lugar onde eu sabia que veria os insultos ao meu nome. E quer saber? Não me senti perdendo nada, pois além de não ir com a cara delas, eu não gostava do cara, e tinha mais o que fazer da minha vida.

Da última vez, diferente das outras duas, o assunto era até fato, mas como eu tinha certeza de que não era íntima de nenhum dos comentadores, nem tinha dado liberdade para que algo tão pessoal fosse tratado numa churrascada de amigos, eu procurei a fonte do comentário, mostrei meu desagrado e ainda o fiz parecer um fofoqueiro.

Ora, se até meus pais, cujas opiniões pesam e muito sobre minhas escolhas, se limitam apenas à sugestões, o que mais eu poderia dizer àqueles que sequer sabem soletrar meu sobrenome, além de que eu "tô cagando e limpando com saia" pras suas opiniões?! Sim, porque eu tenho tanta coisa pra fazer que não dá tempo nem pra saber se falam sobre mim, quanto mais pra saber e “pentelhar” a vida dos outros. Logo, eles deveriam fazer o mesmo.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O mundo e eu e nós

Tema da semana: Sua vida, só sua ou de todo mundo?

Sempre que penso em tal questão, me vem a mente a época do ensino fundamental I. Não sei exatamente quando, mas sei que, durante um bom tempo, estudei os conjuntos matemáticos. Ou talvez não tenha estudado isso por muito tempo e o assunto tenha simplesmente me marcado [pois é...], de modo que tenha ficado na memória - e eu viesse a pensar sobre ele de um modo diferente hoje. Ufa!

Estou falando do conjunto intersecção, 


no qual exponho e coloco exatamente o que quero de mim. O grupo A representa a minha vida e o grupo B representa o mundo. A intersecção é o que eu escolhi compartilhar.

Claro que sempre pode haver alguém não muito legal a fim de te expor ou que simplesmente faz isso por não ter noção da diferença entre o público e o privado, mas isso é outra história.

O que importa é que eu sei bem a diferença entre o público e o privado e, cada vez mais, escolho a dedo com quem realmente vale compartilhar a vida. E, sinceramente, há coisas que ficam muito melhor quando guardamos só para nós mesmos.

Aprendi a deixar certas coisas soltas e a deixar as pessoas pensarem o que quiserem - e a acharem que realmente sabem sobre minha vida. Me surpreendo ao perceber como nos julgam e como nos colocam em categorias tão longe do que realmente somos. Todavia, a gente também aprende a selecionar o que se ouve, assim como a dispensar o que não vai acrescentar na-di-nha.

Porque se eu fosse levar a sério tudo o que já falaram sobre minha vida... Vou te contar, viu...

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A vida é nossa e o problema é meu


Tema da semana: Sua vida, só sua ou de todo mundo?




Eu sempre digo que é muito fácil dar palpite na vida dos outros. Já devo ter falado aqui que eu acho a coisa mais simples do mundo resolver os problemas de outra pessoas, enquanto os nossos por vezes nos deixam
com um nó na cabeça e outro na garganta.

Minha vida não é só minha. É também daqueles que estão nela junto comigo. Aqueles que eu permito que estejam comigo, fazendo parte dos meus planos, dos meus sonhos, dos meus passos. Mas o que eu faço com ela é responsabilidade minha. As escolhas que eu faço são pensadas, às vezes, considerando outras pessoas sim, mas são na verdade aquilo que eu achei que deveria ser feito. E isso pode ter uma implicação positiva ou negativa nas minhas relações, mas não é nada além do que uma das consequências de qualquer escolha.

Minha vida é minha e eu gosto de cuidar dela. Eu gosto de lembrar que o controle é meu. Mas gosto de lembrar também que o que acontece comigo, de alguma forma e mesmo que involuntariamente pode atingir o outro. Não qualquer outro, mas aquele que está ao meu lado, fazendo parte dos meus dias. Aceitar um olhar externo sobre algum aspecto da minha vida não me custa. Mas decidir o que fazer com isso, é problema meu e só.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O povo fala, o povo fala mesmo!



                                                       Tema da semana: Sua vida, só sua ou de todo mundo?





“A vida é minha, e quem cuida dela sou eu!” 


Hum... Será que é bem assim mesmo? Tudo bem que a vida seja sua, mas quem cuida dela normalmente não é só você, muitas vezes ela é bombardeada por opiniões ou “conselhos” que você nem se deu ao trabalho de pedir, tudo bem que fica feio você gritar aos quatro ventos...


“Meu, se toca que a vida é minha e ninguém te chamou nela.”


Mas cortar o mal pela raiz deveria ser essencial, para TODOS, por que quem de nós já não deu pitaco onde na verdade não havia sido chamado? Todo mundo fala, fala e fala da vida de todo mundo, mas muitas vezes esquece-se de olhar para o próprio umbigo e perceber que talvez você só esteja falando por que não teve 1% da coragem que o indivíduo ao lado teve de viver a vida sem ficar se deixando levar pelo pensamento alheio os as “formas corretas” de agir.




A verdade é que quando cada um passa a se preocupar muito mais com a sua vida e seus atos, começa a observar que tudo é muito simples de ser levado, e então a “obrigação” de dar satisfação ao outro, simplesmente some e então sobra o real prazer em V.I.V.E.R.












segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Dividida


Tema da semana: Sua vida, só sua ou de todo mundo?







A vida eu ganhei, talvez um sopro. É minha e quem habita esta pele sou eu, quem vive cada dia sou eu, mas não sou só, não vivo sozinha e ao viver a vida que é minha envolvo outras vidas que não pertencem a mim e sim a minha vida. Como se às vezes minha vida não fosse nem minha, como se fosse de todo mundo, um pouco pra cada e só assim toma forma. O que não quero perder é a autonomia. O que não quero é gente metendo o dedo na minha vida. Gosto de dividir, mas tenho a certeza de que não sou de todo mundo e nem que todo mundo me quer bem. A vida tem limite? Acho que a minha tem. E tem voz com jeito de história.

domingo, 7 de outubro de 2012

Minha!


Tema da semana: Sua vida, só sua, ou de todo mundo?




É minha a vida, embora eu nem sempre a trate com o carinho merecido. É minha a vida, embora eu deixe que algumas pessoas deem seus palpites vez em quando. É a vida minha, embora as vezes eu queira abandoná-la e correr para as montanhas. É minha a vida, por isso eu tiro as pessoas dela quando vejo que elas me fazem mal. É minha a vida, por isso seu sigo tentando achar um jeito de fazê-la dar certo. É minha a vida, por isso eu continuo sendo do jeito que sou, fazendo as coisas da minha maneira estranha, te desagradando do jeito que sempre fiz... Porque já desisti de te agradar, já desisti de tentar, porque é minha a vida... E ela fica muito bem longe da sua vida.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Não é você, sou eu

"Fez de gato e sapato"
Tema: Sobre dar foras

"Você acaba de ganhar uma bota e um sinto... muito"

Eu devia ter uns doze anos quando vi, pela primeira vez, alguém levar um fora: uma coleguinha fez um garoto de gato e sapato para depois dar-lhe um fora homérico.

Aquilo me marcou. Rejeição é uma das coisas mais comuns da vida e uma coisa da qual ninguém escapa -, mas o modo como se pode executar tal tarefa pode ser a diferença entre o purgatório e o inferno (mas isso sem esquecer que pode ser alívio geral da nação, mas isso são outros quinhentos...)

O lance de se dar uj fora nunca é o "o que": é sempre o "como". Eu não discuto isso, cada um com a sua natureza, com a sua maneira de alimentar o ego. Não tenho nada com isso, só tenho para mim que há inúmeras maneiras de dizer:

- Olha, não vai dar...

ou

- Não vai dar mais...

E todos os derivados.

Não digo que é preciso dizer tudo. Bom... Será que é sempre bom dizer porque não deu certo? Qualquer coisa é melhor do que coisas como:

"Não sou eu, é você";

ou

"Você merece alguém melhor do que eu"

Acho mais digno o jogo limpo e aberto dos talheres postos sobre a mesa do que a saída da prataria pela porta dos fundos. Quantas histórias não conheço de relacionamentos que acabaram via e-mail, SMS, MSN, telefone... Falta de... Não sei, digo, é falta de tanta coisa, sabe? Acho que é uma cartada final de... descaso, de não se importar. E diz uma amiga minha que se alguém te diz "você merece alguém melhor do que eu" é bem possível que você realmente mereça. 

Strike one?
Bye bye. A gente erra por falta de jeito e maturidade, por não saber escolher as palavras certas. É preciso ser sensível. E a gente erra porque não se importa mesmo ou simplesmente porque quer também. Um erro que vira acerto? Certamente. É preciso tentar ser sensível. Nem sempre dá. Quantas vezes o fora não é uma resposta a um erro muito grande do outro? Ou então uma resposta a erros que se acumulam e tornam o ser uma coisa pesada e a existência insustentável? 

Gosto muito da ideia das três bolas foras, a semelhança dos strikes de um jogo de baseball. Cada um tem para si o que é razoável e sabe até onde tolera certas coisas - muitas coisas não são negociáveis e fim de papo. Sabemos de nosso limites e do que estamos dispostos a abrir mão. Bom, deveríamos: assim nos pouparíamos e aproveitaríamos melhor nosso precioso tempo.

É preciso pensar no outro, mas é preciso pensar em nós também: tanto na hora de dar um fora quanto na hora de começar um novo relacionamento.