quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Fan Page do Meninas Improváveis

Sempre quis que as pessoas se comunicassem. Meu amor pela literatura nasce daí, da comunicação que se estabelece entre as pessoas mesmo em espaços e tempos diferentes. E a linguagem está aí para ser usada, seja ela de que tipo for. As pessoas deveriam se falar mais, se tocar mais, se conhecer mais. Acho que o blog nasceu desse anseio - o de interagir.

Hoje escrevo com mais seis meninas, mantenho contato com outros tantos pelas redes sociais e esse contato só me faz crescer. Melhorar. Aprender. Ver que tem muita gente que sabe muito, que é muito legal e que está fazendo da vida o que pode. Gente que vai pra frente sem saber como, mas parado que não dá para ficar. E eu gosto disso, gosto da garra, gosto das pessoas e gosto da interação. 

Por isso criei(amos) a página do blog no facebook. Para por um pouco lá do nosso processo de criação, a escolha de temas, os posts. Uma maneira de você, leitor, participar mais ativamente de tudo isso. Afinal, criamos um blog para ser lido, ou não?

Se você tem facebook, curta a gente lá. A gente quer olhar você de perto.

Clique aqui:    Fan page do Meninas

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sonhando demais


Eu sonho com uma "máquina do tempo" que possa transportar as pessoas apenas para sua infância, sabe?!

Àquele tempo em que não importava a cor da pele do coleguinha, sua condição social ou religião, onde o que importava era de fato importante, tipo a disposição do outro em correr com você, pular, esconder-se, achar, dar risada à toa, e o máximo da disputa era saber quem atirava mais distante a pedrinha, ou quem dava o grito mais alto para rirem juntos depois disso.

Quem sabe assim as pessoas pudessem recobrar seus melhores sentimentos, e, ao voltarem à vida atual, tivessem avivadas no peito o que é realmente valioso: a essência do ser.

Afinal, aparência é só aparência; dinheiro só uma condição que satisfaz muitos desejos materiais, mas não compra conversa sincera, amor e amizades verdadeiros, não traz de volta quem você amou e já partiu dessa vida; e religião, ora, tem como fim religar os Homens a um Ser Superior, não segregá-los. Não é isso? Ou eu estou sonhando demais mesmo?!


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Free



. Ser livre é poder optar por, de vez em quando, não ser.
Postei isso hoje no Twitter e quando a Dai me convidou pra fazer essa participação especial aqui, decidi desenvolver. Liberdade (a errada) é a coisa que mais escraviza. Uma vez que a pessoa se declara livre, começa uma guerra contra tudo e quase todos por conta dessa ideia extremista que ser livre significa não se ligar de verdade a nada nem a ninguém. E qualquer vacilo pode implicar na perda da tal liberdade tão cobiçada, tão duramente conquistada. Daí se fica em estado de alerta, em permanente vigilância, em nado sincronizado com os próprios medos nesse mar inútil de "liberdade". E eu me pergunto : por quê? Ser livre não é viver solto, sem raízes, sem comprometimento, sem levar ninguém a sério. Isso é ser solitário. E triste. Ser livre é ser leal ao que se pensa, é respeitar as próprias convicções, é se permitir repensar, rever conceitos, amadurecer. Eu quero ter a liberdade de me prender à ideias que me conquistem, a lugares que me compreendam e à pessoas que me seduzam. Quero ser livre dentro de mim, antes de mais nada. Voemos todos, então.
Luna Sanchez

domingo, 28 de agosto de 2011

Meu sonho


Se eu pudesse escolher ser alguém diferente, eu teria mais memória, seria menos impulsiva, sairia do mundo da lua e não teria vontade de falar com as pessoas que um dia me machucaram. As vezes me perco pensando o quanto as coisas seriam melhores se eu conseguisse ser diferente.

Não parece uma coisa difícil, não para quem vê do lado de fora.   Contudo, na prática, não é nada fácil.

Minha memória falha tanto, que às vezes até desse sonho me esqueço, e o mesmo acontece com a lembrança da dor que certas pessoas me causaram. Ou às vezes fico tão cega por alguma vontade, que é meu comportamento impulsivo que me faz esquecer dessas coisas. E é o esquecer e o agir intempestivamente que me condenam a continuar pela lua...

Mas continuo sonhando, e não vou desistir de colocar meus pezinhos na terra. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Uma certa francesa

É difícil escolher uma música de Chico, porque devo gostar de tudo - talvez até mesmo daquilo que não conheço. Mas a tarefa da semana era escolher uma música só. E assim foi feito.

Nos idos de 2007, cheguei a fazer um curso de francês na faculdade. Era um curso de noções básicas e a primeir aula foi dedicada à sensibilização dos alunos em relação ao idioma. Nossos professores, Melissa e Marcos, o fizeram por meio da deliciosa canção Joana Francesa:



Há uma versão com a Nara Leão, muito bela, mas gosto mais da dupla Chico e Fagner.

Joana Francesa foi feita para o filme homônimo de Cacá Diegues, de 1975, e conta a história de uma prostitua e um de seus casos de amor. Mas o que me interessa é a música: a melodia me sugere uma canção de ninar e a letra é recheada de jogos entre o português e o francês.

 Por vezes, me pego cantarolando essa música por aí. E ela é, sem dúvida, uma de minhas músicas preferidas do Chico.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Maravilha!

Preciso confessar que custei a pensar no que escrever hoje. Apesar de não ter postado na semana passada e de gostar muito das composições do Chico Buarque, parece que tive um bloqueio e não conseguia pensar em nada. O que mais gosto nele é da inteligência para falar de coisas tão sérias e difíceis de um jeito que, aos nossos ouvidos chegam leves e tão belas. Ele consegue transformar a realidade de um cotidiano duro em música, poesia. E assim ele vai nos amolecendo. Enfim, quem sou eu pra falar sobre uma personalidade dessas. Não estou aqui pra explicar as características de um cara tão cheio de personalidade, criatividade, inteligência, beleza, charme, etc... O fato é que ele é foda! 

Daí, entre tantas canções, que falam de amor, de política, da vida das pessoas e entre tantas composições que, mesmo tendo sido construídas em outras épocas que não fazem mais parte do nosso cotidiano, relatando temas que aparentemente não são mais presentes em nossa realidade, mas que ainda assim jamais perderão seu valor em qualquer geração, fica complicado escolher uma. E mais complicado ainda seria falar de toda uma obra com  tamanha complexidade. 


Por isso eu escolhi hoje uma canção que me parece mais leve, mais inocente e com a qual eu corro menos risco de errar. Essa canção se chama Jorge Maravilha e a história dela se parece um pouco comigo, porque minha mãe não gosta muito do meu namorado, embora eu seja louca por ele. E ele, assim como o Jorge não está nem aí. Diz a lenda que o refrão "Você não gosta de mim, mas sua filha gosta" é uma ironia com o fato da filha do General Ernesto Geisel ser fã do Chico Buarque. Enfim, é uma música bacana pra se ouvir numa quinta-feira despretenciosa. E pra dar uma balançada...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Quem te viu, quem te vê




Essa é uma das minhas músicas preferidas do Chico. O trecho que eu mais gosto é “Eu não sei bem com certeza, porque foi que um belo dia, quem brincava de princesa acostumou na fantasia”. Acho que ele define bem o que a música fala. Pessoas que, de tanto fingirem ser outra coisa diferente do que realmente são, acabam acreditando na sua própria fantasia.

E é muito ruim quando você vê todo esse processo acontecendo. Você conhece a pessoa desde que nasceu, a vê crescer, brincam juntas, conhece seus medos, suas qualidades, sabe o que ela está pensando só de olhar pra sua cara, dividem todos os momentos. Mas, aos poucos, os caminhos vão se distanciando. E, quando olha novamente para aquele rosto conhecido, já não o reconhece.

No meu caso, parece mesmo que essa tal pessoa acostumou na fantasia, nas brincadeiras de criança, nos delírios de pequena. Infelizmente, não de uma boa maneira, pois quando é que achamos que nossas brincadeiras podem ser ruins? “São apenas brincadeiras”, pensamos. Até que se perde o limite entre a realidade e a brincadeira, entre o seguro e o perigoso, entre o certo e o errado.

domingo, 21 de agosto de 2011

Apesar de você.

Tema da semana: Uma música do Chico Buarque

O que é a vida senão uma sucessão de  “apesar(es) de você(s)”?

Todos os dias, em todos os lugares, é gente chata, é gente má, é notícia ruim... E, apesar disso, a vida continua. E a gente espera outro dia nascer, a gente tenta ter fé nas coisas boas, blábláblá, e a vida segue. E é tão bonito isso, de continuar vivendo, de continuar tentando, e tudo mais...

Só que não adianta seguir em frente com um olho no passado. Esperando que a justiça seja feita, que quem te fez sofrer venha a sofrer (o que mais me parece vingança do que justiça), etc e tal.

Se tem uma coisa que aprendi, é que dificilmente quem estraga a vida dos outros vai ter a sua vida estragada. A vida segue pra essas pessoas também. Quase sempre, elas encontram novas pessoas para incomodar, de quem se aproveitar, até que essas pessoas se cansam também e o ciclo recomeça.

Algumas pessoas nunca aprenderão a ser gente.

E, apesar disso, nossa vida segue. E segue melhor, porque deixamos essas pessoas para trás.

sábado, 20 de agosto de 2011

O amor me surpreende


Tema: "E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer, qual o quê
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro meus braços pra você"


     Ééé, quando eu penso que eu já vi tudo do que o amor é capaz, ele já com a mão estendida me dá um tapa daqueles imperdíveis de deixar a cabeça girando por uns três dias.


     Por que é que o amor tem que cegar as pessoas de uma maneira que para enxergar um passo a frente, o ser idolatrado tem que estar materializado ali?!

     Por que é que por esse “amor” deixamos de ser quem somos, paramos de ouvir quem amamos e nos enfiamos num mundo ilusório?

     Às vezes, esse sentimento que chamam de amor, mas que tenho minhas ressalvas, me dá raiva. Raiva sim, por deixar tantas pessoas legais ficarem tão tapadas e irresponsáveis para a vida.
     
     O amor tem a mania de inspirar nas pessoas certos sentimentos que se elas não estivessem amando, talvez nunca surgissem. Por exemplo, a famosa esperança de mudança do ser que a trata mal, sem caráter, mentiroso e qualidades outras que já sentimos ou ouvimos falar. E na constante crença dessa ilusão, acabam mantendo um relacionamento estático e, por conseguinte, sem futuro onde a única luz no fim do túnel disponível é, entre outros, encarar sozinha o surgimento de probleminhas de nove meses que causam mudanças radicais na vida e que depois será lembrado amargamente por um arrependimento agudo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O nosso amor a gente inventa

Tema:  "E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer, qual o quê
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro meus braços pra você"


O limite do meu amor só eu conheço. Só você conhece o limite do seu. Não posso colocar em pratos iguais e querer usar para ambos a mesma medida. O meu amor é meu. O seu é seu. São diferentes, díspares, diversos e defeituosos por sermos diferentes, díspares, diversos e defeituosos. O difícil é fazer de ambos o nosso amor. Os pronomes possessivos requerem um tratamento delicado. 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Conto de cão


Tema:  "E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer, qual o quê
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro meus braços pra você"




Certo dia, ingenuamente, decidiu dar abrigo a um amorzinho que lhe pareceu ideal. 

Que naipe seria? Perguntava-se, mas não identificava com facilidade, é que lhe faltava experiência, mas resolveu apostar nele mesmo assim.

Depois de muito investimento emocional e tudo mais, seu novo amor perdeu o aspecto de outrora, conquistou a confiança de cachorrinho de madame e esqueceu de sua vida pregressa.

Contudo, seguindo seus instintos primitivos, cedo abandonou o lar, pois não simpatizava com as regras do convívio, não conseguia entender a necessidade delas e como isso poderia trazer felicidade.

Enfim, dúvida dissipada: era vira-casaca, rotvale-nada, pastor-ladrão-de-tempo, dalmatava-sentimentos.


P.S.: adaptação de texto publicado anteriormente no meu blog pessoal.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O outro lado

Tema:  "E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer, qual o quê
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro meus braços pra você"


Continuamos com o Chico, e essa música lembra um pouco as últimas que escrevemos, com a mulher desprezada pelo homem. Mas dessa vez resolvi olhar com outros olhos. Com os olhos deles.

As mulheres, normalmente, são mais intensas em seus sentimentos do que os homens; tão intensas que muitas vezes exageram. Sufocam o parceiro com suas necessidades, suas chantagens, sua carência. O homem, é claro, tenta fugir um pouco desse ambiente tão tenso, e é por isso que defendo que o homem deve ter suas distrações, como futebol e bar com os amigos. Nada mais saudável.

Os homens precisam disso, precisam de espaço, de “programas másculos”, para sair um pouco da rotina de comédia romântica e brigadeiro. Sei que toda regra tem sua exceção, mas a maioria das garotas deveria refletir se é mesmo o parceiro que a está desprezando ou se ele apenas não está vivendo em sua função, como ela gostaria.

domingo, 14 de agosto de 2011

Medo

Tema:
 "E ao lhe ver assim
 cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, 
dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você."




Eu tenho medo. Medo de, mais cedo ou mais tarde, de tanto voltar a abrir os braços pra você, me tornar a parte cansada, maltrapilha e maltratada.


sábado, 13 de agosto de 2011

Eu sei que ganhei, mas infelizmente também perdi

                                                                    Tema: "Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim, não me valeu, mas fico com o disco do Pixinguinha, sim! O resto é seu"


Eu gostava de café com leite, de sair com meus amigos, de usar shortinho.

Eu também era engraçada, mais magra e mais eu.

Agora, não conto piada, 38 ta fora da jogada e o meu Eu se perdeu.

No final das contas e da relação, a maior meta é voltar a ser o que era eu.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Da nossa história

Tema: "Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim, não me valeu, 
mas fico com o disco do Pixinguinha, sim! O resto é seu"


Todos os dias relacionamentos acabam. Podem ser de semanas, meses ou anos. Nem sempre o laço desfeito dói mais porque durou mais tempo - o coração tem razões que a própria razão desconhece. A história, entretanto, é sempre a mesma: por onde recomeçar?

Não sou adepta de queimar as lembranças de quem foi embora - sejam físicas, sejam emocionais - porque todo mundo que passa pela nossa vida se torna parte intrínseca da nossa história. Em algum momento a pessoa foi importante e creio que todas as pessoas com quem convivemos nos ajudam a nos tornarmos o que nos tornamos. 

Claro que isso vale tanto para o bem quanto para o mal, mas por mais que termine mal... Bem, eu me recuso a esquecer - o que não quer dizer que vivo no passado - e o faço porque é a minha história que está me jogo: apagar a história que tive com alguém é apagar uma parte de mim.

Não devolvo nada, nem jogo nada fora - e já me quiseram degolar por conta disso. Guardo as cartas e bilhetes, embora não os leia. Ouço os CDs, leio os livros. Mesmo porque, se por um lado, poderia me desfazer dos tais bens materiais, por outro, como poderia me livrar da rede de associações construídas durante o tempo que fiquei com a pessoa? Há aquele que amava Woody Allen  e Frank Sinatra - vou deixar meus dois queridos, mesmo adorando? Há aquele das figuras de linguagem e dos ricos jogos verbais e linguísiticos - vou deixar a escrita de lado porque ele sempre acompanhou meus textos? Há o do Teatro Mágico - vou deixar de ouvir? Há o do Choderlos de Laclos - vou deixar de ler?

Como deixar para trás coisas que passaram a fazer parte de mim - e que me fazem bem?

Se em algum momento foi bom, não tem porque fingir que nunca aconteceu. Só guardo o que ficou de bom, o que me fez crescer, o que me deu prazer: o resto deixo se dissolver no tempo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Eles se vão, mas e o que fica?


Tema: "Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim, não me valeu, mas fico com o disco do Pixinguinha, sim! O resto é seu"


Fica aquela fotografia de uma festa entre amigos - um dos primeiros encontros. Fica aquele moleton velho, que ele esqueceu na casa dela sem-querer-querendo, porque sabia que junto com ele deixava seu cheiro e por causa desse cheiro ela nunca mais quis devolveer. Fica um bilhetinho escrito em um pedaço de papel que ela colocou escondido na gaveta dele, pra que ele achasse de surpresa e se lembrasse daquele amor - como se fosse mesmo necessário de bilhetes pra que ele se lembrasse. Fica o brilho nos olhos dela quando ouve na rádio aquela música baranga que ele gostava de cantar e que ela esqueceu que era baranga e cantou junto, apaixonada. 

Entre fotos, livros, roupas, músicas, filmes, sempre vai estar um pedacinho dos dois. Sempre estarão espalhadas pelos lugares mais improváveis de cada um deles, uma pequena (ou grande) lembrança do outro. Inevitavelmente, um amor deixa rastros. Às vezes, nem precisa ser amor. Mas se um dia um casal dividiu uma história, compartilhou momentos e trocou algum tipo de afeto, quando ele vai embora, não vai inteiro. Deixa pra trás pequenas coisas que podem ter um significado bem grande. 

Talvez fosse mais fácil se quando a pessoa saísse da nossa vida, levasse com ela todas as lembranças, todas as denúncias de que um dia ela esteve conosco. Mas essas lembranças - já que hoje recebem esse nome - nos servem pra lembrar de que, (in)felizmente essa pessoa se foi. Isso pode ser bom ou ruim. Mas de qualquer forma, essas lembranças podem nos incomodar. E mesmo que todas as fotografias sejam rasgadas, todas as tralhas sejam jogadas pela janela e todos os discos arranhados, existe dentro de cada um de nós uma coisa danada que guarda tudo. E de lá, ainda não se sabe como tirar.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Medida do Bonfim

Tem horas que a gente perde a fé. A fé nas pessoas, nos ideiais e de que tudo pode dar certo. Tem horas que a gente não acredita na lei da semeadura, há muitas pessoas espalhadas por aí colhendo um montão de coisas boas que outros plantaram. Tem horas que a gente não quer sonhos de um futuro bom. A gente só quer um quadro branco para poder desenhar.

De vez em quando é bom perder a fé, só olhar pra cima muitas vezes nos faz perder os próprios passos. Não se dar conta deles ou achar que quem os guia não somos nós. A esperança muitas vezes nos faz confabular sobre probabilidades, idealizações. Não, o hoje é agora. De vez em quando é bom perder a fé. A gente engole o choro e assume que ou se agarra a vida nos dentes ou se perde.


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Meu, mas nem tanto.


Tema: "Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim, não me valeu, mas fico com o disco do Pixinguinha, sim! O resto é seu"



Em fim de relacionamento, há quem chore até as tampas, há quem fale mal de ex, há quem se silencie, há quem se jogue nas baladas, há quem devolva presentes, há quem reclame presentes, e até quem se apegue a coisas parecendo que lhe valem mais do que o ser outrora amado...

E se o caso é de apego a coisas, penso em algumas possíveis razões práticas:

  1. Coisa não fala, logo, não haverá frases rebatidas;
  2. Coisa não conta tempo, logo, não haverá reclamações caso seja deixada de canto por alguns instantes (ou muitos);
  3. Coisa pode ser levada facilmente debaixo do braço, na maioria das vezes.

Mas, a dúvida é: o ser humano que leva a coisa estaria apegado à coisa ou a história que a coisa “conta”?!


domingo, 7 de agosto de 2011

Separação de Bens Culturais

Tema: "Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim, não me valeu, mas fico com o disco do Pixinguinha, sim! O resto é seu"




Poucas coisas me irritam tanto em terminar uma relação quanto o estrago que o término pode fazer nas minhas boas lembranças musicais. 

De repente você amava a banda tal, mas o indigníssimo fez questão de começar a ouvir a mesma banda, de se apaixonar por ela, de ouvir todos os dias e de te fazer lembrar dele toda vez que você ouve a bendita música.

Não quer dizer que você nunca mais vai ouvir, até porque toda dor de amor passa (embora as novelas mexicanas ensinem o contrário), mas quer dizer que você vai ter que esperar o idiota sair dos seus pensamentos pra poder voltar a ouvir sua música em paz.

O lado bom é que, passado o período de desintoxicação amorosa, você sempre pode ouvir a banda e se lembrar da fria da qual você se livrou. =D

sábado, 6 de agosto de 2011

Evas que sempre perdoam

Tema: "Te perdoo por pedires perdão por me amares demais, te perdoo"

Uma coisa que aprendi, e que sempre vejo pessoas por aí reafirmando esse aprendizado para mim, é como alguns relacionamentos só nos atingem para mostrar o quão tolos podemos ser. E, infelizmente, a maior parcela desses enganados somos nós, as primas de Eva.
Seja por imaturidade, ilusões, ingenuidade ou masoquismo, o fato é que sempre quem sai perdendo é a imatura, a iludida, a ingênua e a masoquista. E o que todas elas têm em comum? O fator da escolha e aceitação, pois todas elas se permitiram a isso, escolheram isso, mesmo que o “amor” fosse cego, o que a maioria das vezes não é, já que se sabe que está sendo enrolada, maltratada e não respeitada, e enfim, nenhuma vantagem mas, mesmo assim, continuar é inevitável, né? Pois é sempre bom dar mais uma chance e viver uma nova/antiga experiência para ter outra noite escura de desculpas esfarrapadas, mas muito bem construídas, não é mesmo?!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

"Amar é nunca ter que pedir perdão"

Tema: "Te perdoo por pedires perdão por me amares demais, te perdoo" 

A frase-título do post é uma citação do drama best-seller "Love Story" (1970) do norte-americano Erich Segal.  Li quando tinha os meus treze, quatorze anos e, a despeito do alto grau de ingenuidade, desconfiei que tinha algo errado:

- Que diacho é essa associação entre amor e perdão?

Amar é ter que pedir perdão sim, senhor!

Quando fui ouvir essa música do Chico, alguns anos depois, a minha pergunta não mudou muita coisa:

- Que papo é esse de perdoar o outro por ele me pedir perdão?

Há alguém que me ama demais e pede perdão por isso. E perdôo essa pessoa. Ok. Por que amar demais seria um problema? Acho que o problema aqui não é amar demais, mas não saber amar direito. Ouço muito isso, que cada um ama à sua maneira, já que somos todos diferentes, mas tem coisas que eu já vivi e já vi acontecer e posso dizer:

- Isso não é amor.

Claro que cada um tem mesmo o seu jeito de expressar afeto, carinho e preocupação. Tem gente que nem mesmo expressa nada. E ama, do seu jeito. Será mesmo? Acredito que a maioria de nós não sabe amar direito e me incluo nesse "nós". Ainda estamos aprendendo.

O "amar demais" do qual fala o Chico, me parece algo prejudicial, nocivo, por isso pensei em alguém que não sabe amar: bate no parceiro, xinga todas as gerações, quebra coisas, faz intriga, dá show na rua, tem crises de ciúmees terríveis (sem qualquer razão), desconfia, maltrata, agride, sufoca... e assim vai. 

Isso não é amor. Pode ser qualquer coisa, mas não é amor. Do contrário, se aceitarmos que todas essas coisas são normais, vamos continuar justificando tudo:

- Fiz isso, mas foi por amor.

Aí eu entendo esse perdão pedido por alguém que me parece, na verdade, não saber amar. E entendo o perdão dado por aquele que pode até amar o outro, mas talvez não ame a si mesmo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A culpa não é minha.

Quando acontece uma traição em um relacionamento, a maior questão sempre será em torno de quem é o culpado(a) ou porque ela aconteceu.Talvez o erro inicial seja tentar responsabilizar alguém por um ato que não envolve nenhuma responsabilidade. E daí é muito fácil culpar o outro. Ou muito mais conveniente do que assumir uma culpa, seja ela qual for. 

Traição é uma coisa comum. Ruim, pra todas as partes, mas comum. Quem nunca foi traido ou já traiu? Estamos todos sujeitos a essa condição. Porque a traição faz parte das relações humanas. E esse ser humano é de uma complexidade capaz de bagunçar sentimentos, inverter conceitos, desafiar instintos. Enfim, acredito que existem várias situações diferentes pra tudo, porque não haveria também na traição? 

Me apego então a uma situação em que a traição surge como representação de um relacionamento (ou de um determinado momento desse relacionamento). Penso, então, que se tratamos de um relacionamento entre duas pessoas, as coisas que acontecem dentro dele não podem ser direcionadas a apenas uma das partes. Dentro de uma relação verdadeira, o que um faz sempre vai atingir o outro, portanto, existem imensas chances de ser também impulsionado pelo outro. A traição pode, dessa forma, ser a reação de uma pessoa diante de sua insatisfação ao outro ou ao relacionamento. Como acontece, por exemplo, com pessoas extremamente carentes, que simplesmente não se bastam com o que uma pessoa tenta oferecer. Em razão disso ela procura em outros braços a atenção que não encontra em apenas um par de braços. Acredito que esteja inserida aí uma boa dose de egoísmo, que junto com a carência acaba passando pra própria pessoa a idéia de que a culpa de suas ações é do outro, que não lhe dedica atenção necessária. Esse seria um caso. Com certeza existem outros mais. 

Porém, o problema da carência pessoal, inevitavelmente passa a ser um problema do casal, a partir do momento que essa pessoa se relaciona com outra. Aí é a hora de saber o que quer, o que pode oferecer e o que se está disponível a receber. Se você acha que o outro realmente não corresponde às suas expectativas e não lhe é suficiente o amor que ele tem pra você, porque não repensar o relacionamento com essa pessoa ou mesmo as suas expectativas diante de um relacionamento amoroso? Ou, se você acha que o outro exige de você coisas que não está disponível a oferecer, porque não deixar essa pessoa livre para encontrar o que ela realmente quer? Ou, quem sabe, avaliar melhor se você realmente está entregue a esse relacionamento?

Pessoas sensatas e maduras têm muitas chances de construir um relacionamento seguro, respeitoso e saudável. Essas pessoas geralmente sabem muito bem o que querem, até onde podem ir e o quanto estão dispostas a doar. Pena que o amor é uma coisa louca, que revira todos os nossos pensamentos, transforma certezas absolutas em dúvidas cruéis e longe de poder ser exato, não cabe em medidas ou proporções justas. O amor não precisa ter razão, muito menos culpa.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Não existe amar demais

Tema: "Te perdoo por pedires perdão por me amares demais, te perdoo" 


Não acredito nessa coisa de “pessoas que amam demais”. Acredito sim em pessoas que se amam de menos e também em pessoas que “são possessivas demais”, “inseguras demais”, “traumatizadas demais”.

Existem vários tipos de amor, e isso é uma coisa complicada de se lidar. O amor é tido como algo tão sublime e muitas vezes como algo homogêneo. Só existe um jeito de amar e quase sempre – o meu. As relações humanas são tão sensíveis e acredito que muito por isso, porque a gente quer que o outro nos ame da mesma forma e fôrma que a gente.  Quem ama faz o que eu faço, é o que a maioria pensa.

E não é assim, tem gente que ama deixando ir, tem gente que ama sufocando. Tem gente que ama como a Felícia amava, lembram? Quase matando e fazendo ir às lágrimas o objeto amado. Não confio em amores assim. Não se pode ser infantil nas relações, com aquela maldadezinha experimental que algumas crianças possuem, de querer ver o que acontece se elas fizerem tal coisa. Tem gente que gosta de experimentar o amor do outro, ver até que ponto o outro suporta, até quando a outra pessoa não diz nada. Gente que acha que para o amor existe medidor. Não existe.

Não acredito nesse amar demais que machuca, o amor não devia machucar, ele deveria cuidar, e pra mim sempre foi assim, o verdadeiro amor deixa ir (se isso for o melhor para a outra pessoa), deixa ser feliz. Não existe isso de amar demais, o amor pode transbordar que se for amor será coisa boa. Agora amar de menos é assim, é não amar o que a vontade do outro queria. O quanto a outra pessoa precisava para se sentir segura. É não amar o suficiente para que o outro descanse no aconchego que só o amor correspondido oferece. 

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sou tão bom, que te perdoo!


Não sei se vou conseguir me explicar direito neste texto, até por que, interpretar o Chico não é pra qualquer um, mas vamos lá!

Vocês já repararam em alguns casais em que o “macho alfa”, como diria a Dai, se comporta como se ele fizesse um favor à sua namorada de estar com ela, de deixar que ela o ame? Não sei se isso acontece só com alguns amigos meus ou se ando feminista demais, mas ao escutar a música Mil Perdões, são essas pessoas que me vêm à cabeça.

Talvez esses moleques – que é dessa maneira que merecem ser tratados, como crianças – tenham tido uma criação muito machista, como a maioria tem, ou sejam egocêntricos por natureza mesmo.

Esse tipo de menino vê na mulher submissa, com baixa auto-estima, insegura, sua chance de se dar bem. Ela sempre o vangloriará e ele continuará aprontando as suas, com a certeza de que no final, com seu jogo de palavras, quem acabará pedindo perdão é ela. E, depois de tudo, ela ainda agradecerá a "bondade" de seu namorado por perdoá-la.