sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Combustível

Tema: O que te move?

Normalmente, é a vontade [sonhos?]. Seja lá do que for. Às vezes, é a gravidade. Não é que eu goste de queda livre, mas, sabe, acontece de se tropeçar lá em cima e mergulhar sem copo d'água [viva o circo!]. Às vezes, é a inércia da rotina. O estilingue das obrigações me joga para frente e vou indo indo indo indo... Sem perceber. Às vezes, é uma fome. Do tamanho do sertão. Da mais instintiva. Seja fome de barriga, de amor, de justiça. Às vezes, são os pés. Esses meus pés cheios de pequenos calos. Tantos caminhos já percorridos - e tanto ainda a se percorrer. Às vezes, é a tristeza. Me leva ao fundo do poço. Às vezes, é a esperança. Me faz subir de volta a superfície. Tão bom respirar. Às vezes, é o amor. Me tira do conforto polido do meu mundinho para me fazer olhar para o outro.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sobre a vontade e o mover

Tema: O que te move?


Nem sempre estou em movimento de mudança, muitas vezes estou dando sequência às coisas e só, a vida muitas vezes é essa eterna esteira, você anda, anda e anda mas não sai do lugar e meio que as coisas têm que ser assim porque existe um processo, existe começo, meio e fim - existe o durante.

O que me move é a certeza de que dá para fazer mais - e melhor. Que dá para fazer diferente, que dá para ser diferente. Acho interessante como realmente achamos que as coisas são imutáveis:

- "Cursei essa faculdade, acabou-se, morro nessa profissão";
- "Não tenho problema de hormônios nem nada, mas sempre comi bem e fui gordinha, nunca vou mudar";  -
- "Quando eu tinha 8 anos meu pai tentou me ensinar outro idioma, mas eu não dou pra isso - nunca mais quis saber";
- "Sempre morei nessa cidade, não me vejo em outra";
- "Ah, nunca fiz, agora que tenho filho vou inventar moda?"... 

Fiz uma tatuagem recentemente e aprendi uma lição pra vida: as coisas podem ser muito menos impactantes do que parecem.

Calma lá com essa coisa de "efeito borboleta" porque o Universo também é muito maior que nós, ok? Há 13 anos queria fazer uma tatuagem, adiava por N motivos, mas sempre ficava na minha cabeça aquela imagem de que se fizesse, o mundo até sairia do eixo, de tanto impacto que causaria. Fiz, saí do estúdio e...   tchã     nã    nã     nã... NADA.

Ninguém olhou na rua, ninguém notou no trabalho, eu não mudei, não fiquei mais inteligente/burra/sexy/baranga/descolada/whatever, as estrelas não caíram do Céu e nem o Sol  virou gelo. Por fim, a sensação depois de pronta foi: ah tá, era isso?

E tenho seguido nessa vibe de não deixar para ser feliz ano que vem. Algumas mudanças têm surgido e a pergunta que tenho feito é por que não? Se der empate entre o "por que sim?" e o "por que não?", faça, porque o "por que não?" tem peso dois, vale mais porque mudança é bom, faz a gente se mover, aprender, conhecer, ter a chance de algo acontecer.

Eu não sou velha, mas olho pra trás e penso que dava pra ter feito muita coisa bacana se tivesse me atirado mais, arriscado mais, tirado por base quem está fora da curva e menos a manada. Mas tudo bem, tudo bem porque tem muita coisa pela frente então bora lá fazer algo diferente pela primeira vez.



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Rotina - Quando ela bate, você levanta!


Tema da semana: O que te move?





Esta pergunta vem carregada de tanta coisa, que eu poderia dar um milhão de respostas, mas parando para pensar não vejo uma tão coerente quanto “Rotina”.

Isso mesmo, se todo mundo parar para analisar o que realmente move as pessoas é a rotina, todo mundo odeia fazer sempre a mesma coisa, exatamente por isso que vive mudando de opinião, mudando de lugar, de pensamento, até o jeito de não fazer nada da vida você resolve mudar, por que a rotina vai te consumindo, te sufocando.

“Há, mas eu adoro fazer as mesmas coisas.” (vai gritar alguém do outro lado).

 "Mas até que ponto?

A rotina funciona bem até o momento que cansa, que estressa, que enche o saco (com o perdão da palavra), a vida nos dá tanta opção, tanta coisa para agarrar, mas nada vai fazer com que você saia do lugar se não quiser, se aquilo realmente não estiver te fazendo mais feliz, se você realmente não quiser quebrar a sua rotina e fizer a sua vida se movimentar.

Ai sim, depois disso você vai poder enumerar o que te move.

  1. Eu
  2. Família/Amigos
  3. Trabalho
  4. Projetos
  5. Viagens  ...


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Meu movimento


Tema da semana: O que te move?






Se as pernas me fazem caminhar, sou feita de carne, osso e asas imaginárias. As asas não são feitas de pena, o que me permite voar são os sentimentos. O que me move é o querer, a satisfação jamais encontrada pelo ser humano, a vontade de mais um pouco e os sentidos que pulsam, passam pelo meu sangue e alcançam os ares. O que me move é amar, sou feita de amor da cabeça aos pés. O que me tira do lugar são as ideias, a minha mania de ser inquieta e tudo o que me tira do sério e me deixa indignada, embrulha o estômago e aperta os olhos, também participam do meu movimento. Não sou movida a gás, nem gasolina, mas às vezes a álcool. Ah, o etílico. Se fosse medida gostaria de ser medida por beijos: Ela mede ao todo 157 beijos e gostaria de ser mais. O que me move é a sede e a saliva com uma pitada salgada de curiosidade. As palavras também tem serventia de transporte e afastam de mim qualquer realidade boba ou áspera. Mas com certeza, sem pestanejar, o que me move de forma infinita é a minha vontade de descoberta, de saber aos poucos quem sou eu, como quem abre um presente, a surpresa, um objeto que nunca terá um fim. 

domingo, 26 de agosto de 2012

Qual o motivo? Qual a direção?




Tema da semana: O que te move?

Algumas perguntas são mais complicadas do que parecem... Se pensarmos nas coisas que motivam nossas ações, nossos objetivos e cia, percebemos que cada influência nos empurra em determinada direção.

Há pessoas que nos movem rumo ao fundo do poço. Há sonhos que nos movem em rumo oposto a realidade. Há medos que nos movem para longe dos nossos objetivos. Por outro lado, há quem nos mova rumo ao melhor caminho. Há sonhos que nos motivem a sorrir diariamente. Há a precaução que nos poupa de muitas dores de cabeça.

E se estivermos atentos ao conjunto, se escolhermos a melhor combinação, podemos ser movidos na melhor direção... Desde que tenhamos prudência para escolher ouvir as pessoas certas, e nos cercar de pessoas que sejam bacanas. Desde que sejamos realistas pra saber quais sonhos podem nos mover para um bom destino e quais nos farão retroceder. Desde que questionemos, o tempo todo, as nossas motivações.


sábado, 25 de agosto de 2012

Não dá pra acreditar não!

Tema: que diferença faz se o que você disse não era o que queria dizer?




Não me foi estranho ouvir a pessoa esbravejar que não se importava com quem não era dos seus e justificar os respingos de suas ofensas com o “se a carapuça servir”, pois não é mesmo tarefa fácil amar a seus opositores!

Estranho foi, no dia seguinte, ouvi-la citando Cristo como seu guia no seu discursozinho de paz e amor a todas as pessoas, como se amasse e vivesse em paz com todos desde que nasceu.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Mas não era isso?

Tema: Que diferença faz se o que você disse não era o que queria dizer?


E aquele silêncio constrangedor...

A: - Você entendeu, né?

B: - Acho que sim.

Silêncio.

B: - Quer dizer que...

A: - Não, não é bem isso... Não era bem isso...

B: - Ah! Então... O quê?

A: - Hum... Mas eu já disse.

B: - É, já disse sim.


E aquele silêncio constrangedor...





quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Faz toda diferença

Tema: Que diferença faz se o que você disse não era o que queria dizer?




Sorvete de flocos com cobertura de caramelo e aquele palitinho crocante de chocolate. No banquinho da praça os dois saboreiam a delícia gelada. 

- Tá gostoso, né?

- Aham, uma delícia. 

Passa um cachorro. Passam borboletas. Passam dois senhores falando sobre a escalação do goleiro Cássio pra seleção. Passam a Dani e a Flavinha. Uma de shortinho e a outra de sainha.  

- Nossa, tá mesmo uma delícia!

- O que é que tá uma delícia, hein Rafel?!

- O sorvete, Ana. Não era do sorvete que a gente tava falando?!

 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

A palavra tem força


Que diferença faz se o que você disse não era o que queria dizer?


Eu sempre escutei que “Toda brincadeira tem um fundinho de verdade.” e concordo com isso, quando você diz algo e logo em seguida vem com a frase “Desculpa, não era o que eu queria dizer.” você só está afirmando o que você disse, por que na real, você já estava com vontade de fazer/dizer aquilo.

Na realidade a sua vontade de dizer aquilo tudo já existia ali há muito tempo, mas você ponderava você segurava, então veio o momento, o momento de desabafar, a tal “brincadeirinha” que com toda certeza eu ou você já fizemos e já recebemos de alguém.

Talvez essa “brincadeirinha” nada mais seja que um “toque”, para que você reflita e repense seus atos ou a maneira que está agindo, e isso te faça crescer, ou pode ser apenas maldade mesmo, nunca se sabe o que realmente passa na mente das outras pessoas, o certo é que, maldade por maldade não leva a nada, e palavra por palavra também não, sendo assim pensar antes de pronunciar pode e sempre vai ser a melhor opção, afinal...



"Falar até papagaio fala, então pondere o que está dizendo, pois ao seu redor tem muita gente para escutar."

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Tudo bem


Tema: Que diferença faz se o que você disse não era o que queria dizer?






Sou a senhora do Tudo Bem. Como se fingir o Tudo Bem poupasse meus verdadeiros sentimentos de Não Tudo Bem. Evita a minha fadiga, evita a lembrança, evita o tempo. Evita. E eu sempre quero evitar alguma coisa, piso em ovos, toco com delicadeza, sussurro para não fazer barulho, pego com as pontas dos dedos. Uso até do achismo, pois dizer antes das frases Eu Acho Que, ameniza a autoridade e a arrogância. Ameniza também a exposição, o desejo, ameniza até um pouco de mim.

sábado, 18 de agosto de 2012

... de se querer quem se tem...


Tema: quem não tem colírio usa óculos escuro.




Passara as últimas sextas-feiras comendo pipoca e vendo filme de terror sozinha em casa. Mas aquela sexta foi especialmente diferente. Cansada daquela rotina, decidiu ouvir Lulu e "experimentar uma sensação que até então não conhecia, de se querer bem, de se querer quem se tem..." E discou o número do Flavinho, porque ele também gostava de terror, mas no cinema.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A um passo da cegueira

"Healing the blind man" (Edy Legrand)
Tema: "Quem não tem colírio usa óculos escuros"

Os olhos vermelhos e não consigo marcar consulta no médico. Pouco importa se é convênio médico particular ou SUS: parece tudo a mesma coisa. Então vou de óculos escuros. É isso?

Quando se escolhe os óculos escuros, se larga a sujeira debaixo do tapete. É simples assim. Você adia uma coisa que, de repente, até pode ser adiada, porque nem sempre a gente está pronto ou disposto a enfrentá-la. Todavia, isso não nos exime de ter que lidar com ela um dia. E o problema é que às vezes o tempo pesa.

Certos tipos de conjuntivite, quando não devidamente tratados, podem levar à cegueira. Preço alto para a negligência? Bom, você escolhe não ver, então não vai ver mais nada mesmo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nem um nem outro


Tema: "Quem não tem colírio usa óculos escuros"



Não adianta negar. A gente tá sempre tentando esconder alguma coisa. Seja do mundo, do vizinho, da mãe, do namorado ou até do espelho. Tem coisa que nem a gente mesmo quer enxergar. E aí surgem os disfarces. O colírio pra amenizar os olhos vermelhos ou os óculos escuros pra tampar o sol e não deixar que a luz mostre nenhuma verdade. 

Quem será que a gente pensa estar enganando? Há tantas mentiras disfarçadas por aí que fica difícil saber pra onde foi a verdade. Não me lembro mais onde largamos a coragem pra assumir nossas fraquezas e deixar claro que não precisamos ser perfeitos. Esquecemos de mostrar que nossos grandes ou pequenos defeitos fazem parte do que somos e que, se não estamos satisfeitos com eles, a melhor alternativa é livrar-nos deles de uma vez, porque escondidos eles sempre dão um jeito de aparecer e estragar tudo. 

Eu sugiro uma tentativa um pouco arriscada. Que amanhã de manhã você saia de casa sem pingar o colírio e que deixe os óculos escuros guardados dentro da bolsa. E que você tenha coragem de olhar e de ser visto, do jeito que as coisas são e do jeito que você é. Sem mentiras, sem disfarces, sem artifícios. Tudo ali, preto ou branco, feio ou bonito, do jeito que é, do jeito que tiver que ser. 




quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Porque óculos escuro é #in

Tema: "Quem não tem colírio, usa óculos escuros"

Quem não tem colírio usa óculos escuros - e eu adoro isso! Não só porque ouvi essa frase pela primeira vez na  voz do Rauzito, o que já contribuiria muito pra eu lhe render simpatia - a ambos, mas porque eu adoro que a vida seja assim.



A verdade é que nem sempre as coisas são favoráveis, entende? Nem sempre você poderá ir ao médico e sair de lá com um monte de trequinhos que a farmácia do postinho te deu. Não, tem hora que por mais que queira, a vida não te oferecerá nenhum colírio, nenhuma água boricada, soro ou sei lá o que mais se possa pingar no olho. E você vai fazer o que? Vai ficar #mimimizando? "Oh, eu podia ter um colírio, podia ter o X que resolveria meu problema", sim, a vida podia ser perfeita, lindeza, mas não é.

E daí? O ideal é tal e tal coisa, eu sei, e a gente tem que perseguir o ideal sim, mas quando não der, quando as coisas não ventarem ao seu favor, quando o olho estiver vermelho demais e meio embaçado pra enxergar, pega seu melhor modelinho, prende o cabelo, coloca aquele par de brinco que você adora e sai na rua pra sacudir.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Desce do muro!


                                                                     Tema: Quem não tem colírio usa óculos escuros


Vago isso não acha? Pelo menos pra mim sempre foi algo como “Quem não tem cão caça com gato.” ou “Se não tem tu, vai tu mesmo.” Ditados que eu particularmente detesto, por que na real, não dizem a que veio, é como seguir por uma estrada sem propósito, o que aparecer a gente topa, e a vida não é bem por ai.




O topa tudo é só na t.v, na vida real todos temos de fazer escolhas e quem não tem colírio ou vai a um médico ou vai no mínimo ficar cego, por que usar óculos escuros, e “Tapar o sol com a peneira.”, vai funcionar por um tempo, mas não a vida toda.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Pode ser?


Tema: Quem não tem colírio usa óculos escuros






Não tinha Coca-Cola, tomou Pepsi. Não sabia o que ouvir, colocou no modo aleatório. Queria sair e beber Sex On The Beach, mas ficou em casa assistindo filme e bebendo chá gelado. Queria uma pequena biblioteca em casa para colocar os livros, mas tem mesmo é uma prateleira de madeira bem clara. Queria ter alguém para conversar sobre tudo, queria confiança, queria compreensão, queria alguém para ir tomar sorvete e voltar com a mandíbula doendo de tanto rir, mas tinha meia dúzia de conhecidos do trabalho que conversava sobre sapatos e porres da adolescência. Queria sexo e eu te amo, conseguiu um sessenta e nove e um mais rápido, querida. Sentia vontade de sair nua por aí exibindo o que vivia escondendo, mas entrava no banheiro, ligava o chuveiro e cantava bem alto. Queria viver, mas sobrevivia. Queria colírio, mas em casa só tinha óculos escuros. Queria cura, mas só remediava. Queria abrir os olhos, mas ia dormir para poder sonhar. 

domingo, 12 de agosto de 2012

Dos disfarces

Tema da semana: Quem não tem colírio usa óculos escuros. 



Mais cedo ou mais tarde você precisa enfrentar os seus olhos vermelhos. O colírio alivia... Os óculos escondem... Mas não importa se arde. Não interessa se alguém vê... Importa o que você penso sobre... Ou, no caso, importa que você tem fugido de pensar a respeito.

sábado, 11 de agosto de 2012

A culpa foi dela


Tema: como o fato de estarmos inseridas numa cultura machista faz com que tenhamos uma visão distorcida sobre nós mesmas.






Enquanto eu tentava em silêncio digerir as últimas informações, outra colega adentra indignada à sala dos professores:

_ Gente, o que foi aquilo?!

Um colega que ainda não sabia do último episódio lhe pergunta:

_ O que aconteceu?

_ Você não estava aqui? O Conselho Tutelar veio averiguar uma denúncia sobre a “Fulana” que está grávida de oito meses do padrasto, e a mãe nem desconfia, porque a menina sustenta que é de um garoto de quinze anos. Mas ela acabou confessando pra gente. O pior é que ela diz ter sido consensual; que foi ela quem procurou o padrasto; e que é fissurada por ele desde os oito anos de idade, e ela tem quatorze agora. Vê se pode, gente, ela usou a palavra fissurada!

O professor responde:

_ Ah, é porque eu não estava aqui, se não eu teria dito na cara dela que ela é que era a safada, ele é homem!

Eu me meto:

_ Ei, seu comentário é machista! Você ouviu o que ela disse? Ela é fissurada por ele desde os oito anos, talvez ele a estivesse seduzindo ou a molestando desde essa época.

O professor:

_ Não interessa, ela é que deveria ter se dado ao respeito e respeitado a mãe!

Algumas professoras concordaram.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Sobre o "não pode" e o "tem que"

Tema: Como o fato de a gente estar inserida numa cultura machista faz com que tenhamos uma visão distorcida sobre nós mesmas.

Porque mulher não pode sair sozinha e voltar de madrugada. É perigoso. Porque mulher precisa de alguém que a proteja. Porque mulher não pode usar saia muito curta e andar por aí. Vai parecer que ela tá querendo. Porque mulher tem que se desdobrar para cuidar de tudo o que tinha antes da "emancipação feminina" e de tudo o que veio com ela. "Impossível achar um cara que colabore", ouço muito. Porque tem que chegar enxuta aos quarenta. Porque tem ser ultra-flexível e pouco exigente - ou você vai acabar sozinha.

...tem que...

Vira e mexe eu me pego pensando assim. E me chateio - profundamente.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Pelo direito de ser mulher

Tema: Como o fato de a gente estar inserida numa cultura machista faz com que tenhamos uma visão distorcida sobre nós mesmas.



 Imagem: Ziraldo

Queimamos os nossos sutiãs numa tentativa de dizer pro mundo que não somos frágeis, que não somos piores que eles, os homens. Queríamos mostrar que assim como eles somos capazes de trocar o pneu do carro e temos talento pra gerenciar empresas, dirigir caminhões, governar países. Já provamos muita coisa, mas ainda precisamos provar mais. Todos os dias precisamos provar pra eles e pra nós mesmas que podemos fazer tudo o que eles fazem e mais um pouco. 

Hoje a mulherada pode exibir orgulhosa o certificado de respeito social que conquistou durante anos e continua batalhando pra manter. E por que conseguimos finalmente ser respeitadas? Por aprender a desempenhar papéis que foram por muito tempo exclusivamente masculinos. Isso dá a sensação de que tudo o que já fazíamos como mulheres não importava tanto. Nossas tarefas exclusivamente femininas não merecem destaque na sociedade.

A cultura machista na qual estamos inseridas fez desenvolver-se um feminismo estranho. Ao invés de nos orgulharmos por sermos mulheres e por termos qualidades diferentes das masculinas que nos proporcionam experiências incrivelmente interessantes, parece que estamos o tempo todo querendo nos igualar aos homens. Mas pra quê? Por que não podemos aceitar que homens e mulheres são seres diferentes e que essas diferenças não nos torna melhores ou piores uns que os outros?

É muito triste que a mulher ainda não tenha conquistado o direito de se enxergar como é e entender a grandiosidade do poder feminino. Podemos sim exercer diversas funções que por muito tempo pareciam pertencer aos homens. E para isso não precisamos esquecer que o nosso valor está atrelado a nossa condição feminina, que é maravilhosa por si só. Não precisamos ser melhores que eles. Homens e mulheres podem compartilhar tarefas, redescobrir talentos e se complementarem, respeitando-se e compreendendo as diferenças que, graças a Deus, existem. Seria muito chato se fôssemos iguais. Poderemos ser mais felizes, mais realizadas e mais fortes a partir do momento em que assumirmos o nosso papel feminino e aprendermos a valorizar a beleza de nossas diferenças.



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Você é muito bonita pra ele

Tema: Como o fato de a gente estar inserida numa cultura machista faz com que tenhamos uma visão distorcida sobre nós mesmas.




Quantas vezes você já ouviu essa frase: "Fulano é muito bonito pra cicrana" ou "Beltrana é bonita demais para Deltrano?" (tá, o Deltrano eu inventei agora mas você entendeu).

Provavelmente, não foram poucas as vezes, talvez você mesmo tenha feito essa comparação. Sabe o que é isso? Ah, não responde burrice agora porque agora você já está tendencios@ na resposta!

Sou capaz de generalizar que todo o tipo de preconceito tem como base o status, e com o machismo não podia ser diferente. E esse ainda é um machismo pouco percebido mas que tem origem antiga, rememora o dote, a recompensa. 

Já pensou bem o que raios essa frase quer dizer? "É muito bonito pra ela"? E?????? And? 

"Ué, quer dizer que um é mais bonito que o outro", sim, e o que mais? E daí? Conclua a frase, por favor. O que as pessoas realmente querem dizer com isso? Que por um "ser mais bonito" que o outro isso o faz melhor? Torna o outro menos merecedor? O que? 

Sim, porque não é só uma constatação. Não é um "o vestido dela é verde". Não é a frase pela frase, há toda uma  intenção de sentidos aí. 

Eu nem vou entrar no mérito, apesar de estar tentada a fazê-lo, de perguntar "bonito segundo quem", sim, porque nossa noção de beleza é mais tosca que a própria frase, tem gente que gosta de tudo o quanto é tipo de coisas, sabe? Gente que tem fetiche por pinta, cicatriz, pneus, tatuagens, piercings, músculos, seios grandes/pequenos/médios com bico ou sem bico, gente que gosta de nerd e gente que gosto de tipões. Mas a questão que nivelaram, as revistas ditam um tipo de beleza e a gente vai acreditando dia após dia. Hoje é impossível se gostar de "um feio" porque as pessoas não aceitam. "Não é possível que XXX goste mesmo del@, olha só pra el@".

Só que gosta sim, e acha bonit@, e são felizes. Ninguém deveria ser muito bonito pra ninguém, porque isso nem deveria vir ao caso.

Agora comenta aí, quantas vezes você ouviu: "Fulano tem caráter demais pra beltrano"?

Feio mesmo é usar outra pessoa com muleta pra ter status. Status esse fajuto e que só pessoas fajutas também se importam.


Obs.: Homens também sofrem com o machismo, eles também tem que atender de outra forma, geralmente o status do homem está ligado a grana, posses, a mulher é "beleza".

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Forma X Função ou seria Cotidiano X Essência



Tema: Como o fato de a gente estar inserida numa cultura machista faz com que tenhamos uma visão distorcida sobre nós mesmas.

Nesta primeira semana de faculdade, tivemos um debate sobre forma x função, eu tinha que defender a forma e até o momento estamos ganhando, mas transferindo esta ideia para o tema desta semana eu me pergunto: “Cotidiano X Essência” o que realmente nós seriamos? Por que afinal de contas estamos inseridos em um cotidiano, em um tipo de vida de pensamentos e de atos, muitas vezes, aliás, na maioria das vezes, totalmente distintos da nossa real essência; e como lidar com isso? Como caminhar com isso de uma maneira que demonstre às outras pessoas que isso não é uma forma de agressão ao outro e sim apenas a sua forma de ser, diferente, único!?


Difícil responder estas perguntas por que se pararmos para analisar até o presente momento quase ninguém tinha pensado neste assunto, muito menos na pauta que ele daria, às vezes não observamos ao redor, não vemos a força que nós fazemos para nos adequar ao meio que vivemos, única e exclusivamente por que ainda não encontramos uma maneira de fazer com que o meio aceite a essência, então seria mais fácil se adequar ao que temos?
Se for fácil ou não, eu realmente não sou a melhor pessoa a dizer, mas que muitas vezes é mais fácil remar a favor da maré... Ah isso é!

Enquanto você
Se esforça pra ser
Um sujeito normal
E fazer tudo igual...

Eu do meu lado

Aprendendo a ser louco
Maluco total
Na loucura real...”



Raul Seixas – Maluco Beleza


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Assumir


Tema: Como o fato de a gente estar inserida numa cultura machista faz com que tenhamos uma visão distorcida sobre nós mesmas.



















“Agora é hora de você assumir
e sumir”

Não é novidade para ninguém e a frase é dita por aqueles que possuem a personalidade inconfundível: seja você mesmo. Não parece difícil ser e dizer parece mais fácil ainda, viver como realmente somos deveria ser confortável, simples, seria usar de maneira saudável, feliz e satisfeita o corpo que desfilamos por aí. Seria estar em paz com os pensamentos que formam nosso comportamento e agir de acordo com o que chamamos de nossos valores.
Assumir o que somos sem dúvida alguma nos traz certa paz interior, o sentimento de que estamos sendo sinceros com o mundo e principalmente com o que chamamos de eu, mas ainda assim, por teimosia “natural” do homem, por preocupação cultural e preconceitos formadores de opiniões massificadas, preferimos esconder, mentir e fingir, e isso tudo, sem nem mesmo perceber. Colocamos a máscara e cumprimos um papel social, e só assim somos aceitos, só assim somos classificamos como seres possíveis de respeito.
Acontece que ser e existir de jeito diferente daquele que é padrão é quase uma missão impossível. Crescemos ouvindo que homem não chora, que menina brinca de boneca, que menino brinca de carrinho, mulher bonita é aquela que possui traços brancos, cabelos dourados e lisos, que homem tem que ser forte, que mulher é descontrolada, homem é racional, homem gosta de futebol, novela quem assiste é mulher, que o homem manda, a mulher obedece, que azul é cor de menino, que rosa é cor de menina. A gente cresce ouvindo que normal é pessoas do sexo feminino ter relacionamentos com pessoas do sexo masculino. Regra é regra, conceito é conceito, pré conceitos são pré conceitos e não saia por aí fazendo o contrário, pois o errado é você. Seu papel é um, seu papel não pode ser outro. Seu lugar é este, seu lugar não pode ser outro.
E aí, quando você resolve se assumir como gente, o que te espera? Braços abertos? As comparações já estarão sendo feitas, pois os padrões já existem. Então talvez, ao se assumir, você precise sumir também. Ser invisível e não ser notado como aquele que é “diferente”. Porque vai incomodar, vai doer sair para ir trabalhar pela manhã e ser observado por olhares ditadores, formadores de opiniões, olhares que julgam cada passo, cada escolha que pensam que você faz. Vai doer defender o que é seu. Vai ser difícil olhar no espelho, sentir o coração, se relacionar, se aceitar. Afinal, querendo ou não, você também foi criado nessa sociedade, você também julga e olha torto. Você também tem umbigo. 

domingo, 5 de agosto de 2012

Nem tão presa, nem tão livre.


Tema: Como o fato de a gente estar inserida numa cultura machista faz com que tenhamos uma visão distorcida sobre nós mesmas.




Eu não posso dizer que tive uma educação machista. Eu brinquei com os meninos da rua, e briguei também. Tive estilingue, bola de futebol, dardo, autorama.... E, para tranquilidade dos conservadores, eu tive boneca também. Brinquei de tudo, fiz de tudo. Eu tinha roupas de menininha... Mas tinha também meus bermudões do Mickey e outras roupinhas que normalmente os menininhos que usavam. Meus pais sempre priorizavam comprar  roupas confortáveis, além disso, eles nunca disseram: “agora você tem que parar com isso porque está virando mocinha”. Enquanto algumas mães não deixavam os filhos assistir certos desenhos violentos, ou brincar de lutinha... Eu e minha irmã estavamos lá, dando nos golpes mortais no ar, no pilar, e as vezes uma na outra. Revólver de água também, espingarda de chumbinho também, tudo mais também... Então, eu demorei a perceber que o machismo existia, que aquilo não era o normal. Que as outras meninas usavam mais rosa, que as outras meninas usavam mais saia, que as outras meninas não jogavam futebol...

Na adolescência, eu comecei a abrir meus olhos. Descobri que todas as meninas já falavam de esmalte e eu não ligava pra esmalte. Maquiagem? Até hoje não sei o que é ter isso como religião. Também não ligo pra roupas passadas e quando penso em peso, confesso que me preocupo mais com a tendência familiar a colesterol alto e outros males do que com padrões de beleza e etc.  Ainda assim, tenho meus momentos...

Quantas vezes não respirei fundo antes de tentar falar com um dos senhores do sindicato patronal da empresa em que trabalho...  Quantas vezes me questionei: quero mesmo gerenciar funcionários machistas? Quantas vezes controlei meu modo de falar, quando queria soltar os cachorros, porque não queria perder a razão, porque não queria que minhas queixas fossem reduzidas a uma crise de TPM ou de infelicidade no amor....  Me senti incapaz várias vezes, por pura preguiça de lidar com o machismo nosso de cada dia. Já me senti fraca, porque achei a cultura machista forte demais.

Quantas vezes não questionei se não era meu jeito estabanado e desligado que teria feito o mocinho não gostar de mim? Afinal, nunca fui delicada como dizem por aí que as boas meninas são. Será porque mato baratas sem medo que ele não gosta de mim? Ou porque eu bebo demais e não escondo? Será porque estou acima do peso? Será porque não faço questão de cozinhar? Será porque não sou organizada? Será porque não sou feminina o bastante pra ser interessante?

E fico me perguntando, me perguntando, me perguntando... Até lembrar que já houve quem gostou de mim assim, até lembrar que eu gosto de mim assim, até lembrar que isso é uma bobeira sem fim e sem tamanho e que é melhor estar só do que estar acompanhada de um cara machista.


E se pra mim, que não sou filha de pais machistas, essa ficha demora a cair... Não me é estranha a ideia de que a cultura machista faz muitas vítimas por aí.



sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Engole

Tema: Existe dignidade na dor?

Eu levo um soco no estômago e caio espatifada no chão. Sou pequena e leve, embora a alma por vezes pese. Fico olhando os pés passarem. Alguém escarra e aquilo espirra em mim. Dignidade? Não na dor, mas no modo como a encaro.

Sem drama, sem salseiro, sem a efusão das lágrimas que me consumiriam. Quando você se dissolve no próprio choro moído e doído. Digno é chorar baixinho, sem arroubos, sem delírios. Digna é a dor comedida de boa moça de família que engole o choro enquanto o mundo a engole. E aí?

Nem sempre dá, porque a dor me arrebenda o peito e as tripas sujam o piso frio e branco. A vida acética e meu corpo um tumor de quê? Digno então é pegar um pano limpo e pôr as tripas para dentro de volta. Mas, às vezes, elas precisam ser ostentadas:

- Olha, sou gente.

E, às vezes, é mais fácil ser digno em qualquer outra situação do que na dor.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Vai doer?

Tema: existe dignidade na dor? 

 
 

Vai, mas vai melhorar. Dói, mas cura. Arde, mas cicatriza. Queima, mas sara. A dor é digna, desde que cure. Pode doer o quanto for, desde que depois não se lembre mais do machucado ou da doença. É a condição natural das coisas, vai doer mas vai passar. A dor é o preço que a gente paga. Pra depois poder dizer: foi só uma fisgadinha. 


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A dor não presta

Não tem dignidade nenhuma. Se aproveita de qualquer pretexto para aparecer. A dor é uma safada que dá em cima de todo mundo, basta um passo descuidado para que ele conduza seus pés à uma quina qualquer e dê o ar da graça e de forma aguda.

Ela chega do nada, quando menos se espera, quando tudo estava bem, ela chega e passa noites e mais noites com você e ainda traz a irmã: a Lágrima.


A dor não reconhece seu lugar, muitas vezes toma conta da mente quando é apenas um problema do corpo, quando é problema da mente, ela cutuca o corpo. Muitas e muitas vezes quem a traz são pessoas próximas, amigos, parentes. Muitas vezes ela vem embrulhada em um papel bonito mas assim que você abre sai o grito.

Dizem que ela não tem forma, mas tem forma sim, ela tem forma de um câncer no útero, o corte no dedo, forma do pé - na bunda, a forma de uma lápide, a forma de um roxo, a forma de um brinquedo que nunca chegou, a forma de uma mão abanando, a forma do vidro estilhaçado e as marcas de pneu no chão. Ela tem a forma de um estômago vazio. Da cama vazia quando o outro se cansou. Tem forma de cinco dedos no rosto, tem forma de um "negado" no visto, tem forma de um "não aprovado" no vestibular. Tem a forma de um tu tu tu tu. Tem a forma de um gole, dois, vários. Tem a forma ___________________ no monitor cardíaco.

Ela tem várias formas e é por isso que é tão difícil se precaver, mas ela é feia pra caramba.