terça-feira, 28 de setembro de 2010

Salgado ou doce, nem sei bem.

A insatisfação e a melancolia são parentes próximas, primas de primeiro grau, talvez. Sem motivo aparente a melancolia vem e se instala. Na realidade, ela se aproxima, fala um oi e nós flertamos com ela. A melancolia tem um 'quê' de charme, é sedutora. A melancolia faz a vitrola da memória tocar um blues e sem que você perceba já se rendeu a uma ou três doses.

O fato é que flertamos com a melancolia porque estamos insatisfeitas, e a insatisfação, essa ingrata, não faz seleção: se insatisfaz pelo excesso ou pela falta - tanto faz. Possivelmente a pessoa nem saberá dizer bem o que a incomoda, apenas se retorcerá com a dor da cãibra.

A insatisfação muitas vezes faz com que a pessoa se torna saudosista daquilo que nem viveu. Ela sente falta do seria. Dos lugares que visitaria com certeza. A insatisfação te oprime com a imagem no espelho que você nunca foi. Te cobra por aquele relacionamento que nunca existiu. A insatisfação  te joga na cara tudo o que você poderia viver e não vai.

Só que a Insatisfação tem dois irmãos gêmeos, um idêntico e outro pouco semelhante. Os três de personalidades distintíssimas. Os irmãos da Insatisfação se chamam Inconformismo e Planejamento.

A insatisfação é a que nasceu primeiro, é a que antecede os outros em tudo. Mas ela por si mesma não faz nada, só resmunga e resmunga. O inconformismo é estouradinho, resmunga também, mas se predispõe a fazer e é nesse momento que ele chama o Planejamento.

O Planejamento tem personalidade forte, sobressai aos outros. Estabelece etapas e cumpre. A Insatisfação vem, não sabe dizer bem qual o problema, mas sabe que existe (até por quê, tudo e nada pode ser problema). O Inconformismo chega falando alto, dando tapas na mesa, apresentando teorias e teorias mas empaca, daí o Planejamento dá um sorrisinho, diz que vai dar trabalho, mas que é preciso se mexer – e estabelece as fases, os degraus para – senão resolver – ao menos minimizar o problema.

A insatisfação é bacaninha, mas amplie o círculo de amizade, conheça os dois irmãos – sobretudo o Planejamento, que é uma graça!

Obs.: O Planejamento brigou com a melancolia e até hoje eles não se falam.

Inteireza. Inteiro.


(clique na imagem para aumentá-la)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aproveite melhor cada momento

      Durante nossas vidas vivemos diversos tipos de experiências e emoções que nos marcam e nos direcionam nas decisões futuras. Mas às vezes parece que é mais difícil ou menos proveitoso pra gente do que para as outras pessoas lidar com esses acontecimentos. Às vezes esperamos de mais de alguém ou algo fazendo com que, no fim, fiquemos insatisfeitos com o que acontece. Ter expectativas não é ruim, mas esperar de mais pelo que pode acontecer ou se deixar abalar pelas coisas facilmente não fará com que o que vivenciamos seja bom. Quando era mais nova sempre criava expectativas de mais sobre algo ou alguém e no fim acabava me decepcionando, e tive a sensação de não ser capaz de vivenciar e aproveitar os momentos como outras pessoas. Mas aprendi que o certo não é esperar e sim aproveitar cada pequeno momento que a vida lhe proporciona mesmo que talvez não seja exatamente como planejado, pois pequenos percalços no caminho são o que fazem com que os momentos tenham um gostinho especial, como o dia chuvoso que você não pode ir ao parque com seus amigos, mas no fim todos se juntaram na casa de alguém e puderam passar uma tarde maravilhosa, regada a boas conversas, brincadeiras e risadas. Sempre que surge uma oportunidade interessante crie expectativas, mas também vá preparado para aproveitar ao máximo que pode acontecer, tentando tirar maior proveito de tudo. Assim, como na música do filme A vida de Brian: "always look on the bright side of life", ou seja, sempre olhe para o lado bom da vida.
      Passando pela vida sem se lamentar do passado ou se preocupar de mais com o que vai acontecer, será mais fácil criar boas lembranças e você saberá que cada momento que você passou foi completo.

domingo, 26 de setembro de 2010

Era uma vez...

Era uma vez uma menina que não acreditava que era capaz de viver o amor, ela amava, mas não vivia. Um dia ela se deixou convencer de que poderia viver o amor. Por alguns meses a menina se deixou enganar e quando acordou, estava em um buraco.

A menina ficou triste, muito triste, até se cansar de ficar triste, e sair do buraco. E a menina começou a perceber que para os outros havia um prazer na queda, que as pessoas saiam de um buraco e logo caiam em outro. As pessoas gostavam daquilo...

Para os outros no final havia mais amor do que buraco, para ela no final só havia o buraco. E viveu para sempre como uma menina que não acreditava que era capaz de viver o amor, e que se sentia estranha por não gostar de cair em buracos.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Girl Power

Sexo fragil? Realmente não nos julgaria assim. Somos sim, mais delicadas e sensíveis, mas nunca fomos e nem seremos frágeis.Toda mulher precisa de confiança, não dos outros, mas sim própria! Ela tem que saber que é capaz de agir e fazer mudanças, de criar e reinventar, de mudar o Mundo.
Não...Não somos bruxas, mesmo que na Idade Média, a Inquisição tenha nos rotulado assim, e levado milhares de mulheres à fogueira. Somos sensitivas, entendemos o por que das coisas mais rápido, temos esse poder.
Paixão...Isso nos faz perder o controle, e muitas vezes esquecer do nosso poder e capacidade. Achamos que somos menos capazes do que eles, que temos que respeitar, e esse "respeitar" se torna , submeter, mas há mudanças.
A relação homem-mulher sofreu muitas alterações desde à época dos nossos bizavós, sinceramente hoje, em muitas casas é o sexo feminino que comanda, e quando não comanda diretamente, controla pelas forças indiretas, induzindo o outro ao ato.
"O homem é a cabeça e a mulher o pescoço", acho uma frase real, mas não concordo. Tudo bem que sabemos como controlar as atitudes de um homem, mas também pensamos, e somos influenciadas por eles sim. Quantas vezes você deixou de sair com as amigas pra ficar em casa com ele? Então, essa relação cabeça-pescoço age em trocas, uma vez nós comandamos e na outra, eles.
Devemos usar o conceito de "Garotas Poderosas", pode parecer infantil, mas comprovadamente, temos só essa vida, podemos prolongá-la alguns anos, mas vamos perder tempo nos achando inferior?
Claro que não. Somos muito superiores e podemos fazer as coisas. Então amigas, não é feminismo não, é realismo. Chega de Inferioridades, se olhe no espelho e ganhe o Mundo!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Não!

Não, não sou Amélia. Não sou Hebe, não sou Gretchen, nem Glória Kalil, nem Victória Beckham. Não, não sou nenhuma outra, nem sombra de ninguém. Sou eco de muitas vozes femininas  (e masculinas também), mas o eco ilusoriamente reproduz, ele sempre ecoa de novo o novo de novo.
Não sou fruta alguma, dispenso melancias, peras e maças, já não sou a mulher objeto, sou a mulher sujeito que tem flexibilidade o bastante para mudar, não só a oração, mas a reza, a liturgia, o conto e o vigário. Estou pronta a ser núcleo, complemento e até passiva - agente da passiva, claro.
Não, não gosto de mimimis. Não gosto de barganha. Não gosto de usar o decote como argumento. Gosto menos ainda de usar o choro como argumento. O melhor de mim encontra-se do pescoço pra cima (graças!!!), e, exatamente por isso, gosto de dar ao melhor de mim um bom suporte. Não sou conivente com o desleixo.
Não suporto homens fracos, molengas, descuidados, falastrões, canastrões. Não, não me faz falta. Não preciso de ninguém pra me completar: estou cheia até a tampa. Quero alguém que me transborde, isso sim. Mulheres rasas, carentes³²²³ e à espera de príncipes me irritam, mas torço para que encontrem, cada uma tem o tédio que merece.
As pessoas mudam. Eu mudo, tu mudas, e se regadas, florescemos. Mudanças não devem ser feitas por medo de perder ou insegurança, mudanças devem ser feitas por causa da mudança de clima, só.
Não, não serei reconhecida pelo que levei os outros a fazerem, nem pelo que fui levada a fazer por causa dos outros. Quero ser reconhecida pelo que fiz - apesar de.


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eu repito, Tu repetes, Ele repete...

Uma mulher casa com um homem esperando que ele vá mudar, mas em geral ele não muda. Um homem casa com uma mulher esperando que ela não vá mudar, mas em geral ela muda.” "Por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher".
"Os homens distinguem-se pelo que fazem, as mulheres pelo que levam os homens a fazer".Carlos Drummond de Andrade Relacionamento é troca de tese, antítese, síntese. A ideia de passividade do homem frente ao mundo, de sua dureza, inflexibilidade e da maestria feminina é antiga, e também, é bem estranha. Relacionamentos despertam, constantemente, um movimento de elaboração e de reelaboração das coisas e do mundo. Eles podem construir ou destruir, melhorar ou piorar. E isso vale para o homem e para a mulher. Pense você, agora, em seus relacionamentos anteriores e atuais... pense também, nos diferentes momentos de seus relacionamentos... Acredito que vá se lembrar de fases complicadas, ciclos difíceis, e também de épocas de alegria e felicidade, que vêm claros à mente, como se fossem preenchidos de luz! Tudo isso é movimento! E o movimento interno, em uma relação, é constante e impressionante! Até quando alguém se paralisa, se fecha à mudança, se recusa a crescer, há, nessa posição, um intrigante e constante movimento interno. E é nesse sentido que discordo de máximas como: “por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher!”, “homem não muda” e outras desse tipo. A pessoa mais bem intencionada do mundo pode “dar com os burros n’água” ao tentar que seu parceiro cresça com a relação. Mas, tem pessoas que, em algumas relações, se predispõem a aprender com o mínimo estímulo: em nome do amor (por si mesmo e pelo outro), do bem e da alegria. E essa pessoa pode ser homem ou mulher! Acho que já está mais do que na hora de revermos esse tipo de conceito e de pararmos de divulgá-lo repetidamente sem qualquer questionamento ou razão. Existem grandes homens que não tiveram grandes mulheres para lhes darem apoio ou o que quer que seja. E o inverso também ocorreu: a História está aí para contar!
E você? Repete?

domingo, 19 de setembro de 2010

Você quer um homem ou uma marionete?


Hoje, no almoço, um rapaz contava sobre seu parceiro de dupla sertaneja que abandonou a dupla. No auge do seu desabafo, ele disse:

- Mulher é um trem que faz coisa, viu!

Traduzindo do goiano-sul-matogrossense-mineiro para um português mais claro, ele quis dizer que as mulheres fazem os homens mudarem. Eu não acredito nisso como regra geral, mas acontece. E não é coisa de dupla sertaneja, porque ontem no meio rock comentávamos sobre um cara que tem mudado pela sua namorada,  e no caso para pior.

Acredito que provocar mudanças no comportamento das pessoas conscientemente é algo que deve ser muito bem pensado. Eu não tenho vontade de fazer isso, mal consigo lidar com tomar decisões para minha própria vida e assumir as conseqüências disso, quanto mais me responsabilizar por vidas alheias. Mas algumas mulheres manipulam sem dó, sem critério, irresponsavelmente. 

Deviam deixar os caras terem seus hobbys, ainda que de mau gosto, serem eles mesmos...  e compraren marionetes! ;)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Radio Ga Ga

Eu me sentaria sozinho
e olharia sua luz
Meu único amigo
pelas noites adolescentes
E tudo
que eu preciso saber
Eu escuto no meu rádio

Você deu a eles todas
aquelas estrelas antigas
Entre guerras de mundos
invadidos por Marte
Você os fez rir
Você os fez chorar
Você nos fez sentir
como se pudéssemos voar
Rádio

Então não se torne
apenas barulho de fundo
Um apoio para
as garotas e garotos
Que não sabem
ou não se importam
E só reclamam
quando você não está
Você teve seu tempo,
você teve o poder
Você ainda terá

Tudo que ouvimos é Rádio ga ga
Rádio goo goo
Rádio ga ga
Tudo que ouvimos é Rádio ga ga
Rádio blah blah
Rádio o que há de novo?
Rádio, alguém ainda te ama

Nós vemos os shows,
nós vemos as estrelas
Em vídeos
por horas e horas
Nós dificilmente temos
que usar os ouvidos
Como a música
muda através dos anos

Vamos esperar que você não
nos deixe, amigo
Como todas as coisas boas,
dependemos de você
Então apareça,
pois sentiremos sua falta
Quando crescermos cansados
de todo esse visual
Você teve seu tempo,
você teve o poder
Você ainda terá
sua melhor hora
Rádio

Tudo que ouvimos é Rádio ga ga
Rádio goo goo
Rádio ga ga
Tudo que ouvimos é Rádio ga ga
Rádio goo goo
Rádio ga ga
Tudo que ouvimos é Rádio ga ga
Rádio blah blah
Rádio o que há de novo?
Alguém ainda te ama

Você teve seu tempo,
você teve o poder
Você ainda terá
sua melhor hora
Rádio

                                                                                Queen

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Eu quero ter um milhão de amigos!


Eu quero ter um milhão de amigos! E conhecê-los todos em seu todo. Em suas ínfimas particularidades e gostos. Ter longas conversa de bar nas segundas-feiras mortas, falar sobre como vamos mudar o mundo depois de formados e como vamos educar nossos filhos quando deixarmos de sê-los. Escutar os discos, os problemas e os chamados no meio da madrugada. Oferecer a mão, o ombro e o braço e receber um milhão de abraços nas quedas desta vida. Descobrir os tesouros de infância guardados a sete chaves na velha caixa de brinquedos. Construir tesouros do futuro, reconstruí-los se for preciso, e dividi-los com meus milhares de amigos. Quero-os em seus poros, pelos e afetos. Todos habitando em mim. Na minha casa os receberei para jantares regados a vinhos e risadas. Até alta madrugada seremos reis e rainhas em nosso palácio de felicidade. Faremos viagens memoráveis e fotografias espontâneas. Choraremos juntos e também riremos juntos muitas vezes depois. Escolhidos com calma a paciência de um velho mago, eu os acolherei com o infinito amor maternal e os levarei em mim para além desta vida. Eu quero ter um milhão de amigos! E não estou falando em Facebook, MSN ou coisa que o valha. Não quero números na minha conta, perfis com fotos plásticas e descrições em Ctrl+C Ctrl+V. Desses eu já cansei!

Dedico a todos que já fazem parte deste um milhão.

Com amor,
Cah*

terça-feira, 14 de setembro de 2010

"Geneticamente, somos quase iguais aos demais animais" / "Não existe um homem igual ao outro nessa Terra! A começar pelas digitais!"

Quem nunca se deparou com as frases acima? Essas e outras que afirmam que o genoma de animais como a vaca, anêmona ou macaco são quase 100% iguais ao do ser humano... tem também as afirmações sobre o que todos os homens têm de iguais entre si (perante Deus, perante a natureza, perante o sistema solar, etc)...
Porém, sabemos que temos muitas coisas diferentes entre nós, seres humanos; entre os seres humanos e os demais animais; e também entre os animais (por exemplo: cada cachorro é de um jeito, mesmo sendo da mesma raça e da mesma ninhada)!
E então fica assim: sabemos que somos muito parecidos (em alguns aspectos, quase iguais), mas também somos bem diferentes. Na verdade, para mim, é aí que está a graça! Esses dois olhares podem ser usados tanto para destruição quanto para a construção. Podemos nos aprofundar um pouco mais nesses olhares e vermos que deles surgiram tanto a Eugenia Nazista quanto Jesus Cristo, Madre Teresa e muitos outros!
A maravilha e o respeito podem estar tanto na igualdade quanto na diferença! E a morte, a seleção, a discriminação também!
Há aqueles que se escondem atrás de teorias da seleção natural para se sobreporem aos demais, conquistarem lugares de poder, enterrando a igualdade, forçando alguma diferença para tirarem vantagens!
No entanto, pode-se olhar por esse aspecto e pensar que a defesa da vida em sociedade protege as espécies e o equilíbrio natural - tipo: "Devo ressaltar a diferença porque o outro pode 'me completar", "me ajudar'".
A igualdade pode ser guia de respeito, empatia ou de perda de sentido, perda da razão da existência ou perda da cor...
Quando me deparo com essas informações e afirmações, particularmente, penso que considerá-las pode colaborar para que se aumente o respeito entre os seres viventes da Terra. Trata-se de pontos de vista, aparentemente, divergentes. Mas, creio que sua interpretação depende muito do observador. Interessante, não? O que você acha sobre tudo isso?

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Brasil - Seoul

Além da primeira impressão.

Como muitos dizem: A primeira impressão é a que fica, mas nem sempre somos capazes de passar uma primeira impressão correta ou que agrade a alguém. Por isso, muitas pessoas têm investido muito na aparência, comprando roupas de marca e se matando na academia para ficar com um corpão, mas esquecem de trabalhar o que há por dentro. Muitos hoje são capazes de conversar horas a fim sobre a novela das nove, mas não conseguem se expressar quando o assunto é política, literatura e por aí vai. Hoje, se não seguimos certa tendência ou um estilo de algum grupo específico, podemos causar uma má impressão não tendo chance de nos enturmar por não termos a chance de mostrar mais sobre nós do que aquela primeira impressão. Muitos de nós já nos deixamos levar pela primeira impressão também, deixando de conhecer e criar uma amizade com alguém que pode ser muito mais do que os olhos podem ver. Eu mesma já me deixei levar pela primeira impressão que tive sobre alguém e acabei descobrindo que estava errada. Descobri também, que muitas pessoas podem deixar de lado o que realmente são e podem parar de se interessar pelo conteúdo, por acharem que isso não os ajude a fazer novos amigos, criando uma sociedade cada vez mais vazia por dentro, mas com uma bela embalagem. Que tal darmos uma chance a segunda, terceira, ou quarta impressão? A chance de conhecermos melhor as pessoas. Além disso, não deixemos que o que as pessoas pensam primeiramente afete nosso jeito de ser. É a individualidade que faz cada um especial como deve ser.

domingo, 12 de setembro de 2010

Iguais


Às vezes eu me canso das pessoas, dos lugares. Isso não é novidade, isso não é recente. Recente é a consciência de que as pessoas não mudam muito, ainda que estejam 1.000km ao sul ou 1.500 ao norte. Elas são muito parecidas. Você pode me dizer, com todo o direito, que talvez eu esteja cansada de mim, o que também é verdade.

Nós, seres humanos, somos muito parecidos. Errando sempre, percebendo os erros de vez em quando, e admitindo-os apenas uma vez ou outra. Nós às vezes vazios, seja de conteúdo, seja de sentimento. Nós que, quando estamos cheios, nos mostramos pobres de espírito pelo nosso orgulho. 

Nós que povoamos o mundo... E não queremos que destruam as florestas, mas queremos os benefícios da modernidade.  E não queremos parar de aproveitar a vida, mas também não queremos que a vida se aproveite de nós. Não queremos ver ninguém na miséria, mas também não queremos dividir o que nos sobra, se é que percebemos que algo nos sobra...

Você pode me falar da sua inocência, como eu também posso me defender dos defeitos de que me acuso com a retórica de um bom advogado. Mas hoje, bem hoje, nesse dia seco, que me mata e tira o ânimo, tenho achado que todos nós somos muito semelhantes... 

sábado, 11 de setembro de 2010

Litera..o que?


"A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio." (COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. 2. ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978. p. 9-10)

     A partir da conceituação de literatura feita por Coutinho, começo meu texto dessa semana com uma confissão. Eu sou uma das muitas pessoas que, até pouco tempo, teve muita birra com a tal da literatura, muito por eu não conseguir entendê-la e por outro lado por ter tido professores que me fizeram entendê-la menos ainda. Apesar de sempre ter gostado de Língua Portuguesa na escola, o aprendizado em literatura se resumia em decorar as características de cada escola literária e ÀS VEZES sentir algum estranhamento por uma poesia bacana que o professor trazia em sala. A partir daí, não se poderia esperar um futuro muito promissor e muito menos que a pessoa que vos fala fosse escolher a faculdade de Letras para cursar (pois não foi o que aconteceu, heheh). Quando tive que escolher o que eu queria fazer, eu só sabia o que eu não queria ser, então, foi por eliminação.

     Atualmente estou no terceiro ano do curso Superior de Letras, e posso afirmar que foi difícil, mesmo na faculdade, mudar o preconceito de que literatura é difícil, chata e tal, porém, com influência de professores, amigos (né, Dai ?) e vontade própria também, isso está acontecendo.

     E como Coutinho também fala, as artes de um modo geral e, acredito, a literatura como destaque de todas essas, criam realidades novas que nos fazem ver o mundo de um jeito diferente, nos fazem refletir e alcançar estágios de plenitude que, sendo apenas humanos e sem influência dessas, a sensação de totalidade não seria possível.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"She is in Wonderland"

Uma jornalista, mesmo que futura, lê alguns livros na vida,hehe... Mas não vou referir-me a teoricos ou filosofos agora, mesmo gostando de muitas obras.
O livro que marcou minha vida foi : Alice no Pais das Maravilhas.
Se alguém perguntar para a minha mãe, qual era a minha história preferida quando criança, ela não relutante falará: "Alice!" . Já que a fiz várias vezes ler essa história para mim ou assistir o filme comigo.
Bom, o livro conta a história de uma menina chamada Alice que cai em uma toca de um coelho e lá dentro descobre um mundo diferente, fantástico. Incluindo flores falantes, chapeleiro maluco, um gato azul e risonho, além da Rainha de copas, a personificação má na história.
Há varias analises psicanaliticas sobre a obra, é um assunto muito legal para ser estudado a fundo, pois uma história tão louca não poderia ser criada ser propósito e com finalidade nenhuma.
Esse ano, o renomado diretor Tim Burton, assumIU a frente do filme de Alice, mas essa versão se passa 13 anos após a história original, com Alice já com 19 anos. Ela está prester a ser pedida em casamento, por um burguês, e desesperada foge atrás de um coelho que aparece nos jardins da mansão de seu futuro marido. Assim ela esta voltando ao mundo fantástico, que havia visitado quando tinha 6 anos, e não se lembrava.
Um filme muito bom, pois transporta para o campo visual algo que sempre ouvimos e lemos nos livros, além de contar com todo a adaptação que Tim dá a obra. Além de ter a presença de Johnny Depp, ai desculpem, mas ele é meu ponto fraco...hehehehe.
Por quê eu gosto dessa história? Realmente eu não sei, acho que porque tenho uma criatividade um pouco expansiva, adoro imaginar situações e cenas, além de ser apaixonada pela idéia de existir um mundo diferente do nosso.
Espero que tenha deixado vocês com vontade de ler o livro ou assistir ao filme dessa história maluca mas intrigante de Alice no País das Maravilhas.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Meu Querido Amigo, o Autor

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Não lembro exatamente qual foi o primeiro livro que li ou ganhei. Mas lembro detalhes do meu primeiro (e único) livro autografado pelo autor, da emoção de encontrar alguém tão inspirador e do sentimento estranho de estar diante de um senhorzinho que não conhecia pessoalmente, mas que no fundo era meu amigo de longa data. Seus livros acompanharam minha transição da infância para adolescência, me fizeram entender um pouco do Brasil do qual eu não participei e amadureceram meu gosto pelas histórias cotidianas bem contadas. Aliás, até hoje suas histórias me acompanham e me confortam, sempre com um perfume de novidade, por mais que seja a décima vez que leia a mesma crônica. Feira do Livro em Belém, no ano de 2001. No alto de meus 11 para 12 anos, aguardei uma ansiosa semana pela tarde de autógrafos. Meu irmão, Filipe, sempre companheiro dos eventos culturais e incentivador de leituras, foi o encarregado de me levar naquele dia. Assistimos a interessantíssima mesa redonda num anfiteatro abarrotado de leitores fanáticos e depois aguardamos (im)pacientes na fila. Não demorou mais que 5 minutos o nosso encontro. De longe ele foi o famoso mais simpático que eu já conheci, com suas bochechas rosadas e gordinhas perguntou meu nome, respondi entregando o livro comprado na feira mesmo. De sorriso aberto elogiou minha beleza enquanto autografava o livro, ao devolvê-lo não me contive e o cumprimentei, ganhei um beijo no rosto e fui feliz. Essa foi uma época antes de Crepúsculo ou da difusão da internet. Quando os pré-adolescentes não eram vistos como um público alvo de grande expressão. A febre Harry Potter estava ganhando fôlego no Brasil. Enquanto isso equilibrávamo-nos entre as histórias da série Vagalume e de livros como Christiane F. Dava tudo certo mesmo assim. Guardo com muito carinho o livro “Comédias para se ler na escola” autografado pelo meu querido Luís Fernando Veríssimo. Guardo com mais carinho ainda a lembrança daquela tarde quente em que ele o autografou. O livro por si só não teria deixado tantas lembranças se não fosse por este doce encontro com o seu autor, por isso ambos estão marcados para sempre em minha vida literária. E vocês, meus queridos leitores, qual livro entrou para sua história? Beijos e até semana que vem, Cah*

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Intertextos fora de texto


Queria fazer uma pequena observação que é: apenas o comércio e os blogs não respeitam o feriado.
Bom, depois dessa observação não necessária o que me interessa neste momento são as intertextualidades. Como a própria morfologia da palavra expressa, intertextualidade é a ligação que pode se estabelecer entre textos.
E para falar em textos parto da definição da análise de discurso que diz que texto é “um todo de sentido”. Sim, a coisa é meia vaga, mas (e por isso) abre as possibilidades de ver um filme, um quadro, uma dança e etc., como texto, e não mais apenas o texto verbal, seja ele escrito ou falado.
Tá, toda essa enrolação para dizer que o que mais me interessa quando se fala em texto são as relações que estabelecemos. Às vezes lemos algo e aquilo nos lembra outra coisa, ou ouvimos uma música e aquela música nos lembra um acontecimento e, saindo da área do texto, às vezes sentimos o cheiro de um perfume e ele imediatamente nos lembra uma pessoa, enfim, as relações são infindáveis.
Acabei de assistir o filme “Antes de Partir” - cujo vídeo da trilha sonora está em meu perfil, aliás  -  e também assisti “Tudo acontece em Elizabethtown” e quase fico louca, claro. A literatura é meu grande amor, sem dúvida, mas o cinema é minha paixão: vem e me arrebata em 120 minutos. Tudo bem que às vezes tem livros que me arrebatam em um parágrafo, mas o cinema é diferente. O cinema (me parece, tá bom?) é acessível, quero dizer, você coloca o filmezinho lá e ele vem e te toca. Já a literatura muitas vezes não, para se tornar acessível você que tem que ir até ela, ir lá e tocá-la.
Não acho que uma seja superior a outra, aliás, essa comparação é bem desnecessária de se fazer, mas que eu ainda acho que todos os livros deveriam vir com um cd de trilha sonora, ahhh, eu acho.
Quanto as intertextualidades que eu comecei a falar e depois me perdi no meio do caminho era o seguinte, com a literatura a gente consegue traçar os paralelos, apontar os trechos e dizer que tal coisa estabelece relação com tal coisa, já o cinema não, porque quando assisto filme a relação que estabeleço nunca é da cena, mas do que aquela cena me causou. Como, portanto, capturar em teoria aquilo que é sensação? A sinestesia foge à teoria.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Fédon, por Platão

Escrita em forma de diálogo, indico esta obra como uma leve gostosura de se ler. Profunda e, ao mesmo tempo, acessível, é uma viagem que pode levar o leitor a sair do agora para planar em pensamentos que podem ser, desde intrigantes a essenciais.
Respeitando-se o contexto em que a obra foi escrita e alguns conceitos da época, pode-se ter uma ligeira ideia dos fantásticos pensamentos que rolavam há tantos e tantos anos...e que ainda hoje, fazem parte das intrigantes dúvidas ou debates da humanidade.
O diálogo entre Equécrates, Fédon, Sócrates, Apolodoro, Cebes, Símias, Críton e Xantipa conta alguns dos últimos momentos de Sócrates, que foi condenado à morte... e tudo se inicia com a pergunta:
"(Equécrates): - Fédon, estavas junto de Sócrates no dia em que este bebeu cicuta na prisão, ou apenas ouviste os relatos?
(Fédon): - Eu mesmo estive lá.
(Equécrates): - Que disse Sócrates antes de morrer e de que morreu? Eu o ouviria com muito prazer."
Para estudiosos e curiosos, vale muito ler a obra! Você vai aceitar o convite? E você, que já leu, o que achou?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Agatha Christie e seus mistérios

Sempre gostei de ler para passar o tempo, mas agora que estou sozinha em outro país, longe da família, amigos e, claro, do namorado, descobri que os livros que trouxe para passar o tempo tem feito mais que isso, me ajudando também a matar as saudades de casa. Para esses seis meses que vou ficar aqui em Seul, optei por livros pequenos (problemas de peso na mala) e gostosinhos de ler. No fim, trouxe todos de uma mesma autora, Agatha Christie. Comecei a gostar de seus romances policiais quando tinha 13 anos. Meu primeiro romance de Agatha Christie foi o Assassinato no Campo de Golfe (um livro antigo que minha tia deixou em casa). Até hoje me lembro da curiosidade e ansiedade de chegar ao fim da história e descobrir quem o verdadeiro assassino. E em todos os livros que já li, em todos fui surpreendida com a identidade do verdadeiro assassino, seus motivos e planos. Agatha Christie é uma das escritoras mais conhecidas e seus livros são um dos mais traduzidos em todo o mundo e isso não é sem motivo. A autora tinha o dom de conseguir manter o mistério até a última página do livro sem fazer com ele fique sem graça, atraindo uma grande onda de leitores fiéis (confesso que sou um deles!). Sem contar meu personagem favorito: Hercule Poirot, o mais famoso detetive das histórias de Agatha. Sua baixa estatura, cabeça arredondada, bigodes únicos e seu leve jeito irônico e confiante fazem com que o personagem seja um dos maiores destaques de suas obras. Assim como seus livros, sua vida também tem seus mistérios como seu sumiço por 12 dias, sem deixar rastros, após ser abandonada pelo marido, acontecimento que nunca foi esclarecido pela autora. Agora estou acompanhando a história de Anne Beddingfield em O Homem do Terno Marrom. Uma história realmente interessante e cheia de mistério que fala sobre espiões, assassinatos e diamantes. Recomendo!

domingo, 5 de setembro de 2010

Carta ao Pai - Franz Kafka

Eu me apaixonei por esse livro em um dia de junho de 2010 (quem nunca se apaixonou por um livro, deve experimentar, é muito mais produtivo do que a maioria das paixões por seres humanos). É um livro triste e eu estava em um dia bem feliz. O livro me doía de modo que eu pensava até em parar a leitura, porque eu queria curtir aquele momento de empolgação com a vida, mas, ao mesmo tempo, eu não podia parar, porque era muita verdade, uma verdade que doía de um jeito bonito, se é que vocês me entendem.

O livro é um desabafo, desencadeado pela reprovação do pai de Kafka quanto a seu noivado (terceiro noivado, mas sua segunda noiva, se não me engano), desabafo que condensa toda a frustração do filho em relação ao pai. A carta nunca foi enviada, e embora pareça em certos momentos uma carta de acusação, na minha opinião não se trata disso. Parece mais uma tentativa de justificar porque a relação dos dois os separou. Também não foi uma crise adolescente, uma vez que  o moçoilo já tinha 36 primaveras.

Na minha concepção, o pai de Kafka era um homem muito diferente do filho, e das filhas também. Como a maioria das pessoas, ele não soube lidar com as diferenças. Ele amou os filhos, mas as relações não foram bem sucedidas, e talvez tivessem sido se os filhos fossem mais parecidos com ele (o que reflete o lado narcisista de se trazer alguém ao mundo). Pais que esperam filhos iguais a eles, porque acreditam que há “apenas uma maneira certa de ser”, muitas vezes se afastam dos filhos, sem nem mesmo perceberem; outras vezes os filhos se afastam, para não sentirem culpa por serem diferentes; as separações podem ocorrer, ainda que exista amor dos dois lados.  Nem sempre o amor basta, as relações são muito mais complexas, e as pessoas são muito delicadas.

Preciso reler o livro, pois talvez minhas interpretações sejam fruto de uma big viagem na maionese, mas, de qualquer forma, acho que é um livro indicado a qualquer um que tenha planos de ter filhos. Claro que Kafka não era qualquer um, além disso, ser pai de um gênio deve ser muito mais complexo do que ser pai de um mero mortal, e o Kafka Pai também era dono de uma bruta personalidade, mas enfim...  O livro é uma delícia para qualquer um que seja curioso, sentimental ou pseudo-atormentado (e aí, vocês se enquadram?) . 

Deixo para vocês alguns dos meus pedacinhos preferidos:

“Eu teria precisado de um pouco de estímulo, de um pouco de amabilidade, de um pouco de abertura em meu caminho, mas em vez disso tu o obstruíste, por certo com a boa intenção de me fazer percorrer um outro caminho. Mas para isso eu não servia.”

“A coragem, a determinação, a confiança, a alegria nisso e naquilo não se sustentavam até o fim, quando tu eras contra ou mesmo quando a tua oposição podia ser meramente presumida; e ela podia sem dúvida ser presumida em quase tudo o que eu fazia.”

“...era como se tu não tivesses a menor noção da tua força.”

“É sobretudo um curioso equívoco tu acreditares que nunca me submeti à sua vontade... Pelo  contrário: se eu tivesse me obedecido menos, tu por certo estaria muito mais satisfeito comigo.”

“O que me arrebata mal te toca e vice-versa, o que para ti é inocência pode ser culpa para mim e vice-versa, o que em ti pode não causar nenhuma consequência pode ser a tampa do meu esquife.”

sábado, 4 de setembro de 2010

As 4 Palavrinhas Mágicas

Quando somos crianças sempre escutamos dos nossos pais: "Você tem que usar as 4 palavrinhas magicas!".Elas são : Por Favor, Obrigada, Com Licença e Desculpa.
E quem estipulou isso? Quem criou as regras?
Realmente não faço a menor idéia.Acho que foi um grande mestre que para que seus discipulos o respeitassem as criou.E assim, ordenou que cada discipulo as pregasse a suas familias; e assim elas chegaram até nós.
Muito bonitinha essa lenda né?! Hehehe... A criatividade expansiva da Natália em ação!
A verdade é que o cidadão deve respeitar o outro, e cabe às instituições ( Familia, Escola, Igreja...) estimular isso. E a história das 4 palavrinhas, que na verdade seriam 5 , por que "Com licença" é uma expressão, mas voltemos ao que importa. É uma forma de educar as crianças, fazendo com que elas fiquem cientes das regras basicas da sociedade em que vivem.
Resumindo: Educação está relacionada com submissão.
"Devemos respeitar os mais velhos"; "Devemos honrar pai e mãe"; "Não devemos esquecer de lavar as mãos antes de comer"... As noções de respeito são impostas à nós, muitas vezes sem que saibamos o por quê. Quando crescemos entedemos o motivo de tantas regras, e o que gera desrespeitá-las. Mas enquando crianças não temos noção de causa e consequência.
Felizmente, hoje em dia, há um maior diálogo entre escola, pais e filhos. Não posso reclamar porque também tive, sempre me ensinaram a razão das coisas. Mas há uma grande parte da população que só acata a informação e não "digere". Isso pode gerar conflitos e causar grandes problemas, tal qual o da Suzane Von Richthofen. Mas acreditemos nas boas intenções e na feliz formação de nossas crianças.Só que pais e escola, não imponham educação mas sim ganhem respeito.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Professor não ganha mal!

Eu pretendia fazer um texto mais impessoal, uma coisa mais pomposa e tal. Mas não me contive. Educação é um tema que mexe comigo e que eu tenho alguns conceitos definidos e, sim senhores, me desculpem quem não concorda, mas no Brasil, o professor não é mal remunerado.

Isso mesmo: não é. Algumas pessoas, poucas, ganham bem. A grande maioria restante ganha mal, e muito mal. Se eu acho que o professor deveria ganhar melhor? Claro que sim, mas também acho que os vendedores deveriam ganhar mais, os garis, as faxineiras, e etc. O que quero dizer então? Que no Brasil o professor não ganha mal, o povo, como um todo, ganha mal.

A educação é outro daqueles temas dúbios aqui no Brasil. É como esse feminismo de araque, muito vigente hoje em dia: na hora de sair todas as noites, beijar cinco caras diferentes, a mulher quer ser igual ao homem (como se fosse alguma vantagem relacionamento por atacado) mas na hora de dividir a conta, por exemplo, voltam ao tempo da vovozinha. Então, com a educação é a mesma coisa, uma grande e boa parcela saca do bolso uma espécie de socialismo dizendo que todos deveriam ter acesso a tudo, praticamente repudiando o direito a propriedade (do outro claro, porque as dele ninguém coloca a mão), mas quando é falado sobre remuneração mais igualitária, aí não. Aí todo mundo quer a lasca que lhe pertence.

Mas como medir certas coisas? Baseado em que podemos dizer que o serviço do professor é mais vital que a de um gari? Certos paradoxos precisam ser pensados.

Todavia, há quem possa dizer: “mas o professor tem que ganhar mais porque o que ele é obrigado a aguentar na escola não é fácil”, isso é uma balela. A ideia está errada, não era para o professor aguentar nada. A função do professor, resumidamente falando, é ser um mediador do conhecimento. Não um saco de pancada, um “mãe” substituto ou um orelhão-vaso sanitário que o aluno vem e despeja tudo o que quer. O professor está ali para ensinar, transmitir e aprender coisas. Dizer que o professor tem que ganhar mais pelo que ‘sofre’ na escola é, primeiro, afirmar e confirmar que a educação está uma porcaria mesmo então vamos tapar o buraco com um salário melhor e/ou, segundo, seguir pela lógica besta que dá pra recompensar financeiramente algo que tem a ver com autoestima, valor, respeito e cidadania. Salvo proporções, defender que professor deve ganhar mais porque ‘sofre’ na escola seria o mesmo que aumentar o piso salarial de vendedores de calçados porque eles aguentam ‘chulé’.

A licenciatura, como outras profissões, são optativas. A pessoa não deveria escolher o curso pela mensalidade que cabe no bolso dela. O que acontece é que mais pessoas se formam naquilo que não gostam, achando que ter uma graduação é suficiente para garantir o padrão de vida que almejam, e quando percebem que a realidade é outra, se sentem no direito de não dar aula direito porque afinal “esses alunos são muito burro, e eu não sou obrigada a educar marmanjo”.

Se dependesse da atuação de muitos (muuitos mesmo) professores em sala de aula, o salário da classe seria diminuído.