segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Estou arrependida... ou não!


Tema: Arrependimento, faz diferença?

Pra mim, o arrependimento só vale se for sincero e pelos motivos corretos.

Por exemplo, muitas pessoas se afogam no arrependimento depois de serem flagrados fazendo algo errado. Mas esse arrependimento é pelo que fizeram de errado ou por terem sido pegos no flagra? Por que não se arrependiam antes de alguém descobrir o que faziam? Ou se já se arrependiam antes, por que o arrependimento se tornou tão mais intenso depois do flagra?

Às vezes essa reação pode ser por, finalmente, presenciar as terríveis consequências de seu erro na vida de pessoas com quem você se importa... ou pelo menos acha que se importa. É ver concretizado tudo aquilo que você abstraía e acreditava que nunca se tornaria real, dando espaço para mais erros.

Talvez tenha ficado um pouco confuso o que disse acima, mas a verdade é que, para mim, não me interessam pessoas que se arrependem por alguns minutos e logo depois voltam a cometer o mesmo erro; pessoas que só pensam nas consequências de seus atos quando já fizeram todos ao seu redor sofrer.

A tentação é, sim, algo difícil de resistir, mas antes resistir a um dia de tentação do que conviver com sua culpa por anos.

domingo, 30 de outubro de 2011

Pros erros há perdão?


Tema da semana: Arrependimento, faz diferença?

Os erros podem ser perdoados, mas acredito que há uma premissa básica para que isso aconteça: o arrependimento.

E por mais que seja doloroso perdoar 490 vezes uma pessoa pelo mesmo erro, acho mais doloroso não ter como perdoar simplesmente porque a pessoa que errou não se arrependeu, não reconheceu o erro, não mudaria nada, mesmo dizendo que te ama e te vendo despedaçada.

Acho que o arrependimento é uma forma de tentar consertar. Ainda que o erro possa voltar a se repetir, ainda que as coisas não sejam realmente consertadas, ainda que a relação vá pro saco (seja um relacionamento amoroso, seja amizade, seja um laço familiar)...

Claro que é difícil saber quando o arrependimento é sincero... Em alguns casos, nem mesmo o arrependido sabe com certeza. São coisas complexas...  Mas das coisas que vivi, das pessoas que conheci, o que posso dizer é que facilmente me desencantei com as pessoas que nunca se arrependem. Então, para mim, sim, o arrependimento faz diferença, para deixar que algo sobreviva, nem que seja apenas uma pequena dose de consideração.

sábado, 29 de outubro de 2011

Sobre desejos


Tema da semana: desejo


Desejo é algo normal, todo mundo sente, e não estou sendo equivocada ao generalizar.  Seja por aquele lanche gostoso, por aquele moço atraente (ou lanche atraente e moço g... enfim...), desejo de dormir numa tarde de chuva, desejo de ligar para a amiga distante ou nem tão distante assim... Desejos. De acordo com o dicionário o termo significa anseio, ambição, vontade de possuir e fazer algo.
Então esse é o tema da semana e juro que não sei bem o que posso falar a respeito, uma vez que as outras meninas abordaram essa questão tão bem. Complicado.
Tenho sim desejos constantemente, muitos surgem do nada e logo são realizados, outros aparecem, são planejados, demoram tempo para serem saciados. Nada além da normalidade, eu acho. Pensando sobre o que poderia escrever, desejando fazer um texto sobre o assunto (ó!) comecei a questionar quais seriam as semelhanças entre sonhos e desejos. Acho que os desejos são mais intensos, muitas vezes os sonhos acabam sendo deixados de lado, guardados em um potinho e só aparecem quando a pessoa acha que são convenientes. Desejo é algo mais forte, nem sempre é tão duradouro, nem sempre a gente planeja ou esconde. Tem também os reprimidos, que devem ser tratados com todo cuidado.
Às vezes os desejos se tornam obsessões, daí é a hora de colocar o pé no freio, perceber que alguém está sendo prejudicado, machucado... Não é saudável. Sabe aquele ditado de mãe: “tudo em excesso faz mal”? Com desejos também é assim. Não estou dizendo que as pessoas não devem tê-los, não devem sonhar ou ter vontades; devem sim tentar realizá-las sem que se faça mal a alguém, sem que a ambição desmedida tome conta. Não parece simples, mas não é impossível.
E tantas vezes por desejarmos demais, realizarmos os desejos desmedidos, acabamos nos arrependendo por ver que “não era a hora” para aquele determinado acontecimento. Ah, o arrependimento... Tão próximo do desejo, consequência tão comum a tantas atitudes nessa vida... Mas isso é assunto para a semana que vem.


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Ciranda de Foucault

Tema da semana: desejo

Na esperança de se tornar mais humana, ela fez um curso de Humanas e passou a graduação se deleitando com Foucault. Curtiu aquela coisa de relações de poder e quis brincar também, entrar na roda - embora ela já devesse estar cirandando sem saber, como tantas vezes fazemos.

Se formou e a vida na mesma. Um dia, porém, descobriu-se interessante. Se olhou no espelho: poxa, nem era tudo aquilo. Mas então porque os homens paravam para vê-la passar? Era alguma outra coisa que ela tinha, mas não sabia[m] dizer o que era. Todavia, nunca fora muito de explicações ou reflexões. Resolveu esquecer que já tivera um coração e foi colocando-os na roda. Quisa saber quem sabia dançar no seu passo.

Foi aos poucos se descobrindo - e descobrindo seu corpo de tecido e pudores. Seus amigos jogavam War  e ela jogando outro jogo já - que tinha um pouco de belicismo de qualquer modo. Sadismo declarado e sincero e honesto. Tinha talento para tânatos. E as suas mãos, a sua boca, o seu corpo tinham uma vocação para o prazer.
Era aquele incandescência tomando conta de tudo. Primeiro, decidira ser feliz por birra, por vingança, para contrariar as probabilidades. Depois, foi feliz sem raiva, por aquela sua transbordância de pernas e cabelos. As costas, nuas. A pinta na nuca que adorava ser beijada. Suavemente. Seu jeito de deixá-los desejantes com um simples olhar naquele rosto de santa sem pretensões. As suas eram todas, mas fingia, brincava.

 E tinha umas coisas que ela bem sabia fazer. Muitas coisas na verdade. Mas deixava tudo semi-velado. Luz de velas. Aquele jogo entre o que mostrar e o que esconder. Conduzia-os para as sombras e dele fazia o que queria. Isso quando e se queria. Porque na maior parte do tempo, provocava. Zombava. Por essa época, aprendeu a brincar de esfínge: Decifra-me ou devoro-te. Acabaria sempre em canibalismo.

Mais prazer do que os gritos roucos colhidos entre quatro paredes e o olhar ébrio de seus escassos amantes, só mesmo quando se mostrava inatingível para os que não quisesse. E eram muitos. Arrumava-se para eles, vestia-se para eles, para que a desejassem como bem o sabia fazer. E não precisava de muito. De quase nada, na verdade.

E os seus olhos de ressaca, cuja crueldade era a de uma criança, diziam com ternura:

- Olhe mesmo, olhe bem, pode olhar: não vai nunca passar disso.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

acontece











arrepio. a boca enche d'água. esquenta o corpo. esfriam as mãos. esquenta mais lá em baixo. o coração aperta e dispara. é possível sentir, aos poucos, o rosto ficando vermelho. algum cientista já deve ter descoberto que no momento que a imagem do objeto desejado passa pela cabeça, o resto do corpo responde com diversas sensações. e então não importa se está chovendo. se é de dia ou de noite. se tem 100, 500 ou 2.000 calorias. não importa se custa caro ou está em liquidação. não importa que ele seja um babaca. não importa se vai durar apenas algumas horas. não importa se ele vai ligar no dia seguinte. não importa se no dia seguinte a consciência pesa. não existe dia seguinte, minuto seguinte. não existe antes ou depois. existe DESEJO. não interessa se ele existe por carência, falta de juízo ou excesso de sem-vergonhisse. e não interessa quanto ele vale ou quanto ele pode custar. tem coisas que simplesmente acontecem. e não precisam de porquês. nem tudo precisa ser racionalizado. tem coisas que apenas precisam ser sentidas. 





quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Desejo, esse conhecido



O desejo é um laço dado por nós, que quando feito a quatro mãos ata um nó tão apertado que não é à toa que o nomeiam cego. O desejo pode ser lascivo, pernicioso, maléfico, mau condutor. O desejo pode fazer você esquecer quem você é. Quem é o outro. Quem você era e quem pretendia ser. O desejo pode ser o seu reflexo mais grotesco. Ele pode sorrir convidativo mas te mostrar que o inferno é logo aqui. Ele dá o falso controle das drogas. "Paro na próxima dose" é o que você diz olhando o seu vômito. O desejo faz você esquecer que a sua realização pode ser rápida com uma ejaculação. Uma gozada. Ter a beleza ofuscante de um raio e também sua brevidade. Ele pode te manipular ao ponto de você convidá-lo à mesa e o apelidar de meta. Sonho. Ideal. Amor. O desejo pode ser a sua cara amassada no outro dia refrescando a sua memória de que deveria ter parado na primeira dose. No primeiro beijo. Na primeira peça. O desejo pode ser o sorriso sarcástico de um inimigo íntimo. O desejo te manda uma buquê de flores no aniversário com um cartão simples dizendo: eu sei que você não passa de uma pessoa carente. E só.


                                         

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Dona de si

Tema da semana: desejo


Era nova na escola, queria um novo começo, pensou em se integrar com a turma do fundão, mas ao adentrar a sala não se viu entre eles, era tímida, escolheu o de sempre, o segundo lugar na segunda fileira próximo à porta, um lugar estratégico, nem entre os primeiros, nem entre os últimos.

Foi quando ele entrou. O que era aquilo? A própria visão do céu, pensava. Tão lindo nunca tinha visto! E ele escolheu a cadeira em frente a dela...

Dia de sorte? Ah sim, super sorte! Ele se virou, lhe deu bom dia e perguntou se tudo bem se ele com um e oitenta e cinco aos 15 anos não impediria sua visão do quadro.

_ Sim. Respondeu.

_ Sim, eu atrapalho, ou sim, eu posso continuar sentado aqui?!

Todas as alternativas, ela queria ter dito, mas só conseguiu sorrir e baixar o olhar.

_ Gosto de ser o primeiro, então vou entender que sim, eu posso continuar aqui...

No fim da aula, enquanto esperava seu irmão ir buscá-la, alguém pergunta as horas, era ele.

_ 13 horas? Minha mãe sempre se atrasa!

_ Meu irmão também.

_ Posso esperar aqui com você?

_ Claro.

E num impulso, ela o segurou pela nuca e o beijou, e enquanto deliciava-se ao morder levemente os lábios dele, abria os olhos para ver como seria um garoto bonito beijando...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

"Nem tudo que é bom vem de fora"


Tema: Desejo

Vou abordar o desejo um pouco diferente do que a Ana. Vou falar do desejo carnal.

Quantas vezes ele não se confunde com os sentimentos? Não sei de vocês, mas eu demorei muito tempo pra aprender a separar as duas coisas. Pra mim, eles estavam interligados. Se ocorria um, é porque o outro também existia; e isso complicava demais as coisas na minha cabeça.

Até que depois de muito levar na cara e muito refletir sobre essas duas coisas, entendi que eles são paralelos um ao outro. O desejo vem e passa. É forte e momentâneo. Já os sentimentos vêm devagar e ficam, duram um tempão dentro da gente. O desejo te confunde, o sentimento te aclara. 

Percebi que quando se têm sentimentos, também se tem desejo. Mas nem sempre quando se tem desejo, existe o sentimento.

domingo, 23 de outubro de 2011

To wish impossible things.


Tema da semana: Desejo.

Se o tema é desejo, eu desejo rumo ao passado... Que é pra ficar logo tudo impossível de uma vez, de modo que eu me livre do trabalho de tentar realizar o que desejo.


Mas não estou falando de desejar pessoas, coisas, momentos... Talvez eu deseje sentimentos, características minhas... Coisas como ter medo de e.t.s. mas não ter medo de pessoas, entende? Porque talvez seja melhor ter medo apenas do que não existe, afinal, ter medo do que existe pode nos privar de muita coisa...  Eu diria que eu desejo ver o mundo como eu via antes... Porque antes, quando eu não via graça, eu acreditava que mais adiante eu poderia encontra-la. Agora eu já não acredito...  E eu desejo ter de volta o meu discurso entusiasmado e esperançoso do passado, e não mais esse discurso entusiasmado apocalíptico do presente...  Aí você pode me dizer que esses desejos não são assim tão impossíveis, afinal, em uma primeira análise, eles dependem apenas de mim. Mas, pensando mais a fundo,  dependem também de eu esquecer coisas que vivi, e também coisas que aprendi sobre as pessoas, e sim, isso é impossível...

but now the sun shines cold
and all the sky is grey
the stars are dimmed by clouds and tears
and all i wish
is gone away
all i wish
is gone away

sábado, 22 de outubro de 2011

O futuro repetindo o passado

Tema da semana: Gerações

É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem

No meu tempo... Essa é uma frase que meu pai costuma usar até hoje. Lembro que quando era adolescente bastava um deslize para que ele dissesse “no meu tempo não era assim” e eu pensava “claro, no seu tempo isso nem devia existir”.
Tive uma relação bem complicada com ele nessa fase. Hoje, percebo que boa parte do que “meu velho” disse era pro meu bem, e encaro com carinho e respeito aquilo que eu achava que era um saco.
Falar sobre gerações e seus conflitos é complicado, uma vez que parece ser um ciclo. O tempo passa e tudo se repete, mesmo com as adaptações, as “evoluções”. Mas as atitudes parecem ser as mesmas. Daí você pensa: ah, mas no meu tempo não tinha tanta violência, os filhos respeitavam mais os pais, as pessoas eram mais amáveis... Pare pra pensar: você tinha todo esse acesso à informação que tem hoje? O mundo estava tão superlotado? Provavelmente não, né? As coisas aconteciam praticamente da mesma forma, por mais que parecessem fatos isolados, com menor frequência... Mas era bem parecido, a mesma coisa, só não tínhamos o acesso a isso como temos hoje.
Por mais generalizado e incoerente que isso possa parecer é mais ou menos assim que funciona, independente das gerações: as crianças têm a sede de saber; os adolescentes acham que sabem de tudo; os adultos tentam consertar alguns deslizes da juventude e os velhos quase sempre têm muito a ensinar. E os choques de ideias sempre vão existir e lá na frente a gente vai parar e pensar que sim, Belchior tinha razão e continuará tendo: “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. 


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Essa é do meu tempo!

Tema da semana: Gerações



Essa frase eu já ouvi de pessoas mais velhas e até já cheguei a dizer. E parando pra pensar sobre a minha geração, me senti perdida. Onde eu estou? A que época eu pertenço? TODAS. Não sei você, mas eu me sinto parte de uma geração que abrange muita coisa. Uma enorme fase de transição da sociedade que trouxe inúmeras inovações tecnológicas, sociais, ambientais, políticas e culturais. 

Nasci em 1987 e tive uma infância recheada de bolinhas de sabão, Barbie, comidinhas de barro e patins. Na adolescência, a chegada da internet transformou e ampliou minhas relações com as pessoas e até comigo mesma. Hoje, já adulta, tento conciliar meus velhos costumes da infância e início da adolescência com as novidades que saltam todos os dias à minha frente e, muitas vezes, confundem a minha existência. 

Estamos em um momento em que as possibilidades se multiplicam freneticamente. Com essa loucura da internet, podemos chegar mais rápido a vários lugares, estando no conforto de nossas casas. E podemos até ser quem quisermos, ao criarmos nosso perfil em uma página de uma rede social, em que escolhemos o que e como queremos mostrar sobre quem somos. As coisas acontecem cada vez mais rápido e nos transformamos numa velocidade que nos faz perder a noção de onde iremos chegar. Essa voracidade das transformações dessa geração me faz sentir saudadades de quando as coisas passavam mais devagar, porém com uma intensidade maior. 

Eu sinto falta de relações mais verdadeiras, mais concretas. Sinto falta de visitas reais e não consigo me sentir tocada pelas cutucadas virtuais. Embora eu tenha conhecido pessoas que, mesmo distantes, conseguem me entender tanto quanto ou até melhor que outras que passam o dia todo comigo, tenho medo da fuga das relações reais, em que o olho no olho pode explicar ou complicar qualquer palavra. Tenho medo de esquecer como é a sensação de um olhar de perto, de um abraço completo. Tenho medo de não ter mais tempo a perder e querer apenas correr atrás de mais, mais, mais e de repente me dar conta de que tenho me transformado em menos. Menos humana, menos próxima das pessoas que eu amo e com menos coragem de ser inteira, feita das qualidades que a gente adquire com o viver e dos defeitos que a gente aprende a compreender.

Ao escrever esse texto, notei que queria falar de uma coisa que acabou virando outra. E agora já não sei mais o que queria dizer, nem o que eu acabei dizendo. E talvez seja esse o melhor retrato do que é, pra mim, a minha geração: uma mistura de transformações que me confundem, me encantam ao mesmo tempo em que me decepcionam e me trazem mais perguntas do que respostas, na medida em que não consigo me sentir direcionada, já que a cada curva surge uma nova possibilidade. E pra uma pessoa como eu, que nunca se sentiu bem na hora de fazer uma escolha, a probabilidade de estar completamente perdida é proporcional ao número de possibilidades que vão surgindo por aí.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Naquela época


Tema da semana: Gerações


Outro dia ouvi de uma pessoa do meu convívio que sua avó de oitenta e poucos anos quase foi processada, porque ela havia BATIDO em sua empregada doméstica.

Fiquei penalizada (com a empregada, claro!), mas o pior ainda estava por vir... Quem me contava acrescentou que isso era muito normal antigamente...

E eu:

_ Ãham, na época da escravidão!

E ele:

_ Nem tanto, na época da minha vó era assim, além do mais, a menina era do interior e, às vezes, as pessoas do interior são meio “chucras” e se não levam uns safanões não realizam o trabalho a contento... Mas como agora tudo dá processo...

E ainda tem gente que resiste aos novos tempos_ imagina!

Muita coisa piorou sim, mas quantos ganhos o tempo, inclusive, não trouxe à humanidade?!

Os direitos humanos, os direitos dos trabalhadores, os direitos dos animais... Poxa, só isso já garante, pelo menos em parte, a ausência do "chicote" na mão de gente que se acha mais gente do que a gente.

sábado, 15 de outubro de 2011

Antes pouco do que nada


Tema da semana: "O que um peixe sabe sobre a água na qual nada a vida inteira?"
(Einstein)

Não, o peixe não sabe. Não totalmente. Ele simplesmente acha que sabe. Vamos colocar o peixe como  nós mesmos. Achamos que sabemos da vida, que sabemos viver, que somos inteligentes e espertos. Mas nem todo conhecimento de mundo (ou de água) nos torna PHDs em matéria de vida. Por mais que se adquira experiências, vivências, por mais que se deixe pra trás aquela visão de mundo estreitinha, que tentemos ir além do laguinho no qual nadamos, sempre vamos errar e sempre teremos algo a aprender. 
Portanto, é melhor sabermos pelo menos um pouquinho da água na qual nadamos (ou o peixe nada) para que as coisas não piorem, para que as bordoadas sejam menores - menos dolorosas, talvez - e para que cada um não seja simplesmente levado pela correnteza ou acabe se sentindo fora d'água. Importante lembrar que o peixe fora d'água começa a apodrecer pela cabeça e eu, pelo menos, não quero isso pra mim. 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Nadando

Tema da semana: O que um peixe sabe sobre a água na qual nada a vida inteira?
Einstein


Muito ou pouco. Tudo ou nada. Não acredito que haja uma resposta definitiva a essa pergunta. Posso saber muito sobre a água na qual vivi, mas não saber nada sobre outros lagos, rios e mares. E o que faço com meu conhecimento? Reparto ou guardo só para mim? Conhecimento é poder, já dizia Foucault - não sei se com essas palavras, mas ele deve ter dito algo parecido.

Entretanto, se eu for literal, um peixe não vai saber nada sobre a água na qual nada a vida inteira. E isso acontece com muitas pessoas também, haja visto Macabéa de A Hora de Estrela. Há pessoas que se contentam em existir, sem parar para pensar na vida. Conheço pessoas assim, pessoas que não sabem nada sobre a água em que nadam há décadas. Tem gente que parece que não nasceu para saber, porque simplesmente não quer.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Abra os olhos!

Tema da semana: O que um peixe sabe sobre a água na qual nada a vida inteira?
Einstein

 

Quando eu era criança, adorava mergulhar. Não sabia nadar direito, então preferia mergulhar. Tomava fôlego, enfiava o corpo na água e, com um impulso com os pés na parede da piscina, tentava ir até o mais longe possível. E detalhe: de olhos fechados. Quando o fôlego acabava, eu me levantava na piscina e abria os olhos pra saber até onde tinha chegado. 

Com o tempo, eu fui perdendo o medo e um dia, consegui abrir meus olhos. No início, me incomdei um pouco com o cloro, que os irritava e embaçava minha visão. Mas apesar de ser um pouco incômodo mergulhar de olhos abertos, eu pude perceber o caminho que eu percorria. E com isso, pude ter o controle sobre a minha trajetória e até me esforçar mais pra chegar onde eu queria, mesmo quando o fôlego estava se acabando. 

É essa a minha reflexão: muitas pessoas nadam a vida inteira de olhos fechados e com isso, além de não saberem por onde estão indo, não tem a chance de escolher se é ali mesmo que querem mergulhar. Se estivermos de olhos abertos, fica mais fácil conhecer a água em que nadamos, controlar melhor o fôlego e até escolher mergulhar em outras águas. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

"Se eu fechar os olhos"

Tema da semana: O que um peixe sabe sobre a água na qual nada a vida inteira?
                                                                                                                 Einstein


Estava lendo "Se eu fechar meus olhos", ganhador do prêmio Jabuti 2010, li de um folêgo só cerca de 150 páginas. Agora estou lendo aos poucos, aos goles, sorvendo com cuidado cada linha. Cada página. Cada diálogo e cena que a mim é apresentada pelo Edney.

E, como os leitores mais leais devem ter percebido, eu não postei no meu dia correto, que é na quarta. Posto atrasada e retroativa. E por quê? Porque me foi imprescindível. Sabia eu o que queria dizer com essa frase do Einstein assim que me caiu as mãos. Todavia, com esta leitura,  a coisa toda mudou de figura e estou aqui, de tecla em tecla, tentando descobrir o que fazer, como falar, como cuspir aqui o que a frase me trouxe e o que a leitura da obra me trouxe.

O livro fala sobre vários mundos. Sobre ditaduras, leis secretas, comportamentos, ranço, infância, amizade. Mas fala sobre o que viemos falando ao longo dessa semana. O que sabe o peixe a respeito da água que nada? O que sabe o peixe da "rasidez" da poça que mergulha? O que sabe o ser humano das águas turvas, ora cristalina, que o circundam?

Nesse livro tem-se dois meninos que, mais por instinto do que por qualquer outra coisa, sabem que o mundo é muito mais profundo que o espelho d'água que querem que eles acreditem que o mundo é. Tem-se um velho que já viveu todas as mazalas que as águas escuras do mundo ofereceu a ele e sabe que as águas não são tão doces como o fazem acreditar.

O que sei eu e você sobre os vários tipos de água? Eu, quase nada. Tenho aproveitado das poças e poços que os literatos deram a mim, pulando de fonte e fonte e adivinhando-me seca - nada mais.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Nadar" é preciso...

Tema da semana: O que um peixe sabe sobre a água na qual nada a vida inteira?
Einstein


 


Sobre a água? Não muito, a menos que possa comparar sua zona de conforto a outras não tão confortáveis... E isso nem sempre se faz apenas com “leituras” distantes de outros mundos, há que, vez por outra, ousar-se numa aventura in locu...

Se não houvesse na história aquele peixinho "disposto" à experiência, que peixinho de água doce, por exemplo, saberia o seu fim em água salgada?

Tragédias a parte (sim, pois é sofrido o fim do peixinho de água doce em água salgada, e vice-versa), conhecer é sempre libertador, e emocionante também, né?!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Jogue os peixes no mar!


Tema: "O que um peixe sabe sobre a água na qual nada a vida inteira?" Einstein


Nada. Um peixe que não sai do lugar, não sabe nada.  Aliás, sabe um pouco... apenas aquilo que vê. E por sair do lugar, não quero dizer apenas fisicamente, mas também emocional e intelectualmente. Para ter um conhecimento mais profundo das águas em que vive, deve-se enxergá-la e estudá-la a partir de outros pontos de referência.

Dependendo dos parâmetros de comparação, cada lugar pode ser interpretado de uma forma. Portanto, um peixe que nada sempre nas mesmas águas, ficará estagnado no “conhecimento” de seu pequeno aquário.

domingo, 9 de outubro de 2011

Tentar saber ou não tentar?


Tema: "O que um peixe sabe sobre a água na qual nada a vida inteira?" Einstein

Dependendo do peixe, sabe muito. Dependendo do peixe, sabe nada.

E ainda é preciso considerar que ele nunca saberá sobre toda a bacia hidrográfica, sobre todos os oceanos... Sempre será muito pouco, se pensarmos em toda a água que cobre o planeta.

De qualquer forma, não é porque o peixe não compreende a água na sua totalidade, que precisa desistir de saber sobre as porções de água. Compreender pouco ainda é melhor do que desistir de saber, nada entender...

sábado, 8 de outubro de 2011

Vaidade

(latim vanitas, -atis)
S.f 1. Qualidade do que é vão, inútil, sem solidez nem duração.
2. Fatuidade; ostentação.
3. Vanglória.
4. Futilidade.

Na semana dos pecados capitais, coube a mim falar sobre a vaidade. Diferente da inveja e de alguns pecados como a avareza, acho muito complicado alguém dizer que não tem vaidade. Sério. Ela é considerada um dos mais graves pecados, uma vez que quase ninguém está livre dela, seja em maior ou menor grau.
Beleza mesmo nunca foi meu forte e mesmo assim acho que sou bem vaidosa, de gostar de creminhos, roupas, sapatos, essas coisas “de mulherzinha”. Já foi o tempo que vaidade era coisa única e exclusivamente feminina, prova disso são metros sexuais, uber(?) sexuais e tantas outras denominações.
Ser vaidoso não é de todo ruim. Cuidar de si é bom. No entanto, o homem costuma extrapolar, ser soberbo e se jogar demais nesse “pecadinho”. Daí os problemas são vários: esquece-se do resto do mundo pela vaidade; pessoas abusam dos tratamentos estéticos e ficam irreconhecíveis, podem desenvolver distúrbios alimentares. Deixa-se de cuidar da mente para pensar no corpo – e há casos de preocupação excessiva com a intelectualidade, deixando de lado todo o resto.
Por conta da vaidade há a perda da essência. Vira-se algo para agradar aos demais. Veste-se uma máscara, vira-se um personagem. É o batom caro para chamar atenção das amigas, o sapato que viu na TV e o indivíduo compra para que todos o elogiem. É o excesso de maquiagem, o gasto abusivo com aplicações de Botox. Tudo culpa dela, tsc tsc.
A busca eterna pela árvore da juventude, pelo elogios infindáveis ainda vai acabar com o mundo, levar muita gente para o buraco. O rabo do pavão é lindo, mas ele, por si só, não significa muita coisa além de causar admiração.  


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ascendente em escorpião

Ela ainda conseguia ouvir o barulho do zíper se abrindo. Aquele vestido que ele tanto gostava. Agora já devia estar em outra parte, tirando o vestido de outra mulher. Outra mulher ia costurar o botão da camisa que ela arrancara com os dentes.

- Quer ser só minha? - ela ainda podia ouvir.

Com ele, tinha levado não seu coração, mas seu rim. Transplante bem sucedido. Compatíveis? Nem tanto: fogo de palha. Cansara dela logo, ela nunca soube o porquê. Nem ia saber, nem mais queria saber. Era fato consumado. O fim daquele amor (amor?) era fato consumado também e ela temia desesperadamente consumir-se trancada no quarto por entre as garrafas de vodca.

Ela tinha duas escolhas: submergir e sucumbir a sua própria dor e situação patética ou reerguer-se. Mas como se levantar? Do pó voltara ao pó. Que fazer? Precisava de algo que lhe desse força. Onde buscar? Foi então que descobriu que ele já estava em outra e com outra: em menos de um mês ele já estava com outra mulher. E foi tal fato que lhe deu de volta a sua antiga força. Não, era outra essa força. E nada tinha a ver com amor.

Bela. Pequena. Frágil. Delicada. Olhos mansos. Mãos suaves. Uma aparência de boneca. Sempre controlada e educada. Um andar hesitante. Um jeito de sorrir que quase pedia proteção. Era isso o que se via.

Não manifestava nada em seus belos olhos sem olheiras, nem falava mal do ex-amante. Sua dor - vidro moído guela abaixo - pulsava mais forte do que a vida. Deixava de temer a morte para passar a temer a vida. Mas quem devia temer pela própria vida não era ela.

Dizem que mulheres preteridas são perigosas, porque se não tiver quem as vinguem, vingam-se elas mesmas. E foi o que decidiu fazer. Com muita discrição, naturalmente. Era uma dama: impecável e implacável.

Dizem que nos menores frascos estão os melhores perfumes. E os melhores venenos. A letalidade está nas veias de quem sente. Ou no coração que pára. Ou nos lábios de quem espuma.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Luxúria

Lúcia sentou e soltou no rosto o ar de satisfação por, com sorte, ter conseguido um lugar pra sentar no ônibus naquele fim de tarde de segunda-feira. Seus cabelos estavam presos de qualquer jeito num coque e alguns fios escorregavam pelo seu pescoço, descendo até o decote do uniforme do laboratório em que trabalhava. Abriu a bolsa, pegou o celular, botou os fones no ouvido e sintonizou na rádio que tocava as 10 mais. 

Quando o motorista parou no ponto seguinte, entrou um rapaz com olhar firme. A barba por fazer lhe dava a cara de homem. Lúcia pensou que aquele deveria mesmo ser um dia de sorte. Havia conseguido sentar naquele  horário que era o mais disputado e, pela primeira vez, via algum homem gostoso naquela linha. Ele ultrapassou a roleta olhando diretamente pro decote de Lúcia, que acompanhou seus olhos e discretamente deu  uma ajeitada no sutiã. Vindo em sua direção ele conseguiu deixar Lúcia com as bochechas vermelhas. 

O ônibus nem estava cheio. Havia bastante espaço, mas o rapaz parou bem ao lado de Lúcia, com visão privilegiada pro seu decote. E como quem não quer nada, ele se encostava no ombro dela, que estava na altura do cós da calça dele. A cada  curva ele esfregava um pouco mais. Lúcia, cada vez mais vermelha ia sentindo um calor lá embaixo e já não sabia se levantava ou se encostava mais o ombro no rapaz. Ela tentava disfarçar o embaraço mexendo sem parar no celular e fingia que nada estava acontecendo, mas torcia pra que o ponto em que ia descer custasse mais a chegar do que o normal. No fundo, estava adorando a situação inesperada. 

Algumas curvas depois, já se sentindo lambuzada de tesão lá embaixo, teve que se levantar pra dar o sinal e aproveitou para mostrar ao rapaz que também sabia esfregar. Esbarrou com maciez o bumbum na virilha dele, enquanto pedia licença com a voz quase derretida. Soltou os cabelos e desceu do ônibus caprichando no rebolado. Guardou pra sempre na memória a cara de safado dele que viu pela janela quando o ônibus a ultrapassou na calçada. Exausta, tomou o banho mais delicioso de todas as segundas-feiras de sua vida.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Gula, te quiero mucho


                                                

Corre a boca grande que gula é comer por prazer e somente por ele. Oh wait...e desde quando comer não é um prazer? Só não sabe que comer é um prazer quem nunca tentou fazer uma dieta de 600 calorias e depois teve o ENORME prazer de quebrar a dieta com um pedaço de pizza (ou uma pizza inteira =x).

Eu sei que as pessoas consideram gula um pecado, deve ser o maior deles, inclusive; porque as pessoas não podem ver um gordo que já torcem o nariz pensando: esse infeliz deveria tomar vergonha na cara e emagrecer (bom, é verdade, se fossem mais religiosas falariam que a pessoa deveria buscar a santidade e emagrecer).

Só que as pessoas comem. Comem e não é pouco, uma vez que só o que jogam no lixo de “resto” de comida daria para alimentar 19 milhões de pessoas, segunda a Super.

O gordo, pecador por excelência da gula, é visto com maus olhos, já a gula é bem cultivada nos lares. Desde cedo soca-se comida nas crianças mesmo quando elas recusam e ensinam que tem que comer muito para ser forte e crescer bonito, quando a criança chega aos seus 9 anos cheia de dobrinhas, fala-se para ele comer pouco para crescer forte e bonito. Os fast-foods estão lotados e cada vez com lanches maiores que acompanham quase um litro de refrigerante e uma batata extragrande.

E tem até pasta de dente de bacon. E tem os enlatados. E tem a lasanha que serve para 2 a 4 pessoas e você come sozinho. Sim, eu sei que você já apostou quem conseguia comer mais pedaços de pizza num rodízio. Eu estou fazendo dieta. Mas é só por fora. Dentro de mim há uma gorda que deseja um pernil inteiro todos os dias.

                           

sábado, 1 de outubro de 2011

Ela tem sono leve

Tema da semana: Inveja
O que é inveja? É o sentimento que muitas pessoas têm quando querem aquilo que é do outro. A definição é bem simplista, mas é isso mesmo.  Atentem ao fato: QUERER O QUE É DO OUTRO.
Há uma linha tênue que separa comentários como “nossa, que cabelo lindo” daqueles como “quero SEU cabelo, quero SUA roupa”. Não consigo digerir essa história de inveja boa, inveja branca. Inveja é inveja, é você querer o que é do outro, tantas vezes SER o outro. Se não é isso, só posso dizer que é admiração.
O problema é que vemos, hoje, pessoas que carregam consigo um conceito meio distorcido do que é inveja. Muitas vezes você fala que não gosta de uma pessoa X e pelo fato de ela ser bonita, rica, gostosa, logo aparece um abençoado para dizer que você está invejando o outro. Mania de distorcer. Preguiça.
Mas será que estamos, de fato, livres desse sentimento? Pra mim é um dos piores, uma vez que  ele pode, inclusive, levar ao ódio. Inveja, olho gordo, mau olhado, isso não faz nada bem pra gente. Suga nossas energias, acredito muito nisso.
Sinceramente, posso dizer que não sou invejosa. Tenho mil defeitos, mas inveja não me pertence. Nem quando digo que tenho inveja de um famoso, se alguém próximo vai fazer algo que eu gostaria, estou de fato invejando. Quero caminhar com minhas próprias pernas, construir minha história sem precisar ‘tomar algo de alguém’.  Nada de ser xerox de ninguém, se é que me entendem. Inveja aqui não tem vez, por mais que ela tenha sono leve.