sábado, 30 de outubro de 2010

Apresentando nossa nova improvável.

Quero, primeiramente, agradecer a quem se inscreveu. A quem não se inscreveu mas pensou. E a quem nem se inscreveu e nem pensou em fazê-lo, afinal, precisamos de leitores além das escritoras!

Mas agradeço mesmo às pessoas que se inscreveram, e as que comentaram que pensaram em se inscrever mas não tiveram coragem. Obrigada por participarem.

Bom, isto dito, vamos ao tchãrãrãrã.

Quando eu li o comentário dela se inscrevendo eu não acreditei. Foi uma das primeiras pessoas que eu li de blogs. E adorava. Então fiquei muito feliz com a "candidatura" dela.

Depois de troca de opiniões, escolhemos ela, a [P].

O blog pessoal da  [P] é o Siga aonde vão meus pés, e ela também escreve no blog "No Banheiro Feminino", eu indico especialmente os textos com o marcador Des.[P]udores (no Siga aonde vão  os meus pés), uma delícia.

Pois bem, a [P] agora faz parte do time e nós estamos felizes com isso.

Acho que é isso.

[P] seja bem-vinda. E mais uma vez, agradeço a quem participou.

beijos!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Clarice e minha mãe

Você seria capaz de dimensionar a influência que a arte exerce na sua vida? Música, literatura, pinturas, dança, alguns desses elementos se misturam entre si e se misturam com as coisas que os cercam.

Se é difícil mensurar a influência de algo que nos predispomos a fazer, como assistir um filme, por exemplo, como mensurar a influência que a vida de outras pessoas exerce sobre a nossa?

A influência de outras vidas na nossa vida volta a tocar na influência da arte, porque vidas que não tivemos contato pessoal acabam nos tocando através de páginas, películas ou esculturas, entre outros. Há vidas que influenciam através de uma tela de computador. À distância. Através da saudade que sentimos delas. Há vidas que tocam e ponto.

Certa vez, lendo a biografia da Clarice Lispector, vi que ela foi contemporânea da minha mãe, fiquei profundamente surpresa pela descoberta tão simples. Minha mãe poderia ter conhecido a Clarice, mas sequer sabe da existência dela, ainda hoje, aliás. Claro que antigamente era mais difícil, não havia a facilidade da tecnologia, desses novos meios de comunicação, como a internet.

O choque não é ela não ter conhecido a Clarice, necessariamente, mas a percepção de que muitas vezes uma pessoa muito especial pode estar ao seu lado e você nem irá perceber, quantas Clarices sentaram já ao seu lado no ônibus?

Antes de ler blogs e cursar minha faculdade, achava que existia uns poucos “escolhidos” que liam, que gostavam de certas coisas, que ouviam alguns tipos de músicas, mas, sobretudo, depois de passear pela internet vi que existem muitas pessoas que gostam de ler, leem coisas que eu achava serem lidas por grupos seletos e bandas que eu considerava underground são mais pops que..sei lá...Britney Spears?! (exemplo ruim...o.0)

Mas apesar dessa falta de consciência dos momentos especiais pelos quais passamos, alguns são reconhecidos. Há alguns momentos que você tem a absoluta dimensão de que aquilo é muito especial e único, um favor do Acaso, um seredipity.

Nesses momentos extraordinários somos invadidos pelo sentimento de gratidão. Percebemos como somos agraciados pela presença (muitas vezes uma presença virtual) do outro. Nada supera isso. Nada.

E aí, pronto pra olhar quem senta ao seu lado?

 Quadro: Romero Britto

domingo, 24 de outubro de 2010

Hey, tudo bem?

Como você tem passado, caro leitor? O que você tem sentido? Que preocupações ou alegrias têm ocupado sua mente? O que tem provocado seu sorriso e o que tem arrancado suas lágrimas? E você tem percebido tudo isso?

Nos filmes e nos livros é fácil compreender os personagens, o que eles sentem, o que pensam, o quanto são confusos, ou o quanto são decididos. Ainda que passemos pouco mais de uma hora com eles, como no caso dos filmes, tudo parece muito mais claro do que na vida real.

Na vida real, passam dias, meses, anos, e muitas vezes não compreendemos os nossos próprios sentimentos, ou simplesmente nem nos damos conta de que alguns deles existem. Às vezes vivemos sem prestar atenção em certas coisas, fugindo se filosofar sobre isso ou aquilo e sobre as nossas confusõezinhas interiores; mas quase sempre estamos esperando que sentimentos avassaladores tomem conta de nós. E os sentimentos que parecem pequenos, que vão sendo deixados pra lá, quase sempre são os mais prazerosos.

Mas somos seres humanos, temos que cumprir nosso papel, não é? Papel de idiota, de não valorizar, de não prestar atenção, até mesmo em nós mesmos e em tudo que provoca alguma sensação em nossos universos particulares.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Procura-se uma improvável!

A Naty teve que partir para outro projeto, e nesta nova empreitada, já não há meios de conciliar as duas coisas: o blog e as novas ideias. Pois bem, e com essa esses novos ventos, coisas são levadas, porém, outras são trazidas.

Nós, do blog Meninas Improváveis, decidimos fazer um convite público para quem tiver interesse em participar. Não é uma coisa muito normal a se fazer, mas como somos improváveis, temos que fazer coisas improváveis.

Como fazer?

A única maneira que pensamos para selecionar é através dos textos de cada uma, então nesse caso, só poderão se inscrever pessoas que tenham blog, dessa forma nós iremos visitar o blog de quem se inscrever e veremos quem consideremos que tem mais o perfil do blog.

Aceitamos sugestões!

Se você quiser participar, mande-nos um comentário nesta postagem e coloque o endereço do seu próprio blog e seu e-mail para contato, nós não publicaremos os comentários de candidatas à vaga.

E, claro, há vagas apenas para mulheres (pelo menos, eu acho).

Não sejam tímidas!


.:Meninas Improváveis:.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Atirem na fada madrinha!!!

Fica muito bem em cinema
Romance do romance ideal
Só vamos então deixar combinado:
Aqui é a vida real!

Lulu Santos

“E no momento em que o amor se transforma em conformismo, a relação é composta por quatro pessoas, duas reais e duas idealizadas. Não acompanhando a mudança do parceiro, cada pessoa idealiza um outro que já não existe, uma pessoa que ficou presa no passado, que não corresponde ao seu real, cuja identidade está deturpada por um amor morto, ideal, parado no tempo. Ou seja, existem duas pessoas reais e dois eus idealizados que não existem. E dá-se a ruptura do amor, porque confrontados com a sua identidade idealizada há quem sucumba ao conformismo e quem se rebele (sic) rompa com a sua identidade idealizada”

Comédia romântica é o conto de fadas do adulto.

Acredito mesmo que seja assim. Mas o que quero saber é: essa falácia de que seremos “felizes para sempre” vai ser perpetuada até quando?

As coisas deveriam ser mais palpáveis, mais possíveis e mais normais. Mas somos, sobretudo a mulher, injetadas desde cedo com a expectativa da varinha de condão: cedo ou tarde o feitiço irá se operar em nós e nos tornaremos a princesa e seremos salvas por nosso príncipe maravilhoso em seu cavalo bran... porsche?

Todavia, a pergunta que não quer calar é, afinal de contas: salvas de que? Esses dias estava ouvindo alguém falar sobre a mulher, do papel exercido na sociedade e lembro que, citando alguém que não lembro, a pessoa disse que o amor é, no resumo da ópera, um resgate de identidade: a mulher ama para que ela possa resgatar quem ela é. Ela ama para que alguém reafirme (ou afirme, em alguns casos) o valor que ela tem. Bem, não é acho que o amor seja (só) isso, tampouco que seja uma característica apenas de mulheres: há homens que precisam que lhes digam que eles são os “machos-alfa” também.

A mulher não tinha que ser salva de nada, deveria ter mais controle do próprio destino. Deveria, assim que aparecesse uma fada madrinha, pegar uma espingarda e mandar para longe quem achasse que ela não podia cuidar de si mesma e lhe oferecesse artifícios para conquistar um mala sem alça perfeitinho.

Por que eu não quero um príncipe? Simples: porque eu não sou uma princesa, não vivo em uma monarquia e a metáfora de príncipe/princesa seria bem ultrapassada não fosse algumas relutantes que ainda acreditam nisso. É incabível querer um príncipe porque, ademais, estou mais pra sapa que para Cinderela!

A frustração tem origem na expectativa. A questão fundamental é perceber quais são as expectativas certas e quais as erradas. Eu sou míope para essa identificação, confesso, mas mesmo assim, há que se fazer um esforço para perceber quem se é, o que o outro é e o que representa na sua vida e sobretudo, o que você passará a representar estando na companhia desse outro.

Pior que ficar sozinha, é ficar sozinha estando acompanha. No final da história você estará com uma coroa jogada na despensa, um pangaré no quintal e um imprestável na cama.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 - Dir. José Padilha

Eu não queria falar sobre isso. Mas desde domingo não penso em outra coisa, não, não é só o fato que poderia passar o resto da vida ouvindo o Wagner Moura narrando no meu ouvido, não é isso. Me impressionei pela qualidade do filme e a dificuldade em defini-lo.

Poderia definir como um filme de ação, mas não é isso. Poderia definir como um drama, mas também não é isso, talvez a coisa mais acertada a ser fazer é defini-lo como uma ação dramática. Enfim, é difícil emoldurar.

O Tropa de Elite 2 fala sobre o BOPE? Fala. Fala sobre polícia corrupta? Fala. Fala sobre favela? Fala. Fala sobre os direitos humanos? Fala. Fala sobre corrupção? Fala.

Mas não. Não é mais um filme sobre favela.

O que eu quero dizer é que apesar de tratar desses temas, ele vai além. Não é mais do mesmo. Não é, é mais. Se eu saberia contar a história? Acho que não. Porque o interessante nesse filme, assim como em todos os filmes bons, não é o que acontece, mas a maneira de mostrar o que acontece.

A atuação do Wagner Moura é inegavelmente impecável. Na medida. Perfeito. Maduro. É além das expectativas. Demonstra, sim, como as coisas acontecem no Brasil (e muito possivelmente em outros lugares do mundo). Não achei nenhum exagero. Nada.

Considero o Tropa de Elite 2 muitíssimo melhor que o primeiro. É um filme mais denso, não (só) por causa das cenas de violência, dessa vez em menor quantidade que no outro, mas por causa da densidade psicológica do próprio personagem.  O capitão Nascimento já não é mais utópico, sim, porque no primeiro longa ele acreditava que na polícia se encontrava toda salvação, a solução para todos os problemas. Agora ele vê a verdade, a polícia é parte do problema, talvez não apenas parte, mas força propulsora.

A polícia é a mantenedora do Sistema.

Enfim, é um filme que empolga como poucos, que fez (e faz) pensar como poucos. Um filme que fica no liame do exagero, no entanto, mais realista que nunca. É um filme que mostra o que quase ninguém quer ver. Um filme que nos faz saber como somos manipulados  mesmo quando achamos que somos nós os detentores do poder. Um filme inconveniente.

Peço desculpas se fui evasiva, mas não quero adiantar nenhuma cena do filme para aqueles que ainda não o viram. Vale muita a pena ir assisti-lo. Não a uma versão pirata, mas ir assistir o original. Prestigiar uma grande obra do nosso cinema.

Site oficial do filme: http://www.tropa2.com.br/

domingo, 10 de outubro de 2010

Tema Livre

Hoje o tema  é livre, isso deveria facilitar, não é mesmo?
Mas não facilita.
Na vida, justamente quando tenho liberdade é que me sinto mais perdida, você não?

É muito difícil fazer escolhas por si só, pelo menos quando se é uma pessoa como eu, que nunca sabe ou que quer, que  quer tudo ao mesmo tempo ou simplesmente não quer coisa alguma.

Hoje o tema é livre, assim como eu tenho sido livre nos últimos meses, e nem por isso sei aproveitar tal liberdade.

A liberdade a respeito do tema talvez esteja me fazendo tirar a sua paciência, querido leitor. Peço que me desculpe, não é do meu feitio usar minha liberdade para importunar os outros, mas nesse exato momento não sei o que fazer dela.

Hoje o tema é livre, e nenhuma das idiotices que ocupam minha mente me parece digna de ser escrita aqui.

Então vou parar por aqui, deixar meu voto de que as garotas saibam usar o tema livre melhor do que eu, e fazer minha prece para que eu saiba utilizar minha liberdade de melhor maneira nas próximas oportunidades.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Obviedade e cinta-liga

Nem sempre a obviedade é tão evidente assim. Tá, parece redundante, incoerente, frase de efeito barato, mas não acho que seja. Às vezes a gente acha que tem uma visão ampla, que estamos cientes de todos os fatos, todos os lados e nuances. Mas a verdade é que a verdade está mais camuflada pra nós que as calorias de um mousse de chocolate com nozes e cobertura extra de chantilly.

Uma das coisas mais interessantes é que a gente se boicota. Sabe como é? É assim, você sabe bem suas verdadeiras intenções, o que quer, o que não quer, mas camufla as intenções, não assume para você mesma que sim, você é meio sacaninha. Quem não é?

Ou que não, que todo mundo é sacaninha, mas nessa hora você não é. Que não está nem aí para o que está acontecendo, o que os outros querem, que não, você não é de usar cinta-liga.

A obviedade é que ninguém conhece melhor a gente do que a gente mesmo, sim, é verdade. Mas teimamos em nos reconhecer, colocamos no mínimo um papel manteiga na nossa frente que é para que a nossa visão não seja tão límpida assim, a gente se vê – mas não tanto.

Faço sempre esse exercício de autoconhecimento, e não sou modesta, pego para mim até os defeitos que não são meus, e questiono minhas qualidades o tempo todo, vai que eu esteja fingindo que gosto de blues e jazz, vai que eu não goste tanto assim de ler, vai que eu não tenha vontade de tomar vinho todos os dias.

E seria óbvio, também, eu saber quais são meus defeitos. Mas acontece que tentando entender os outros, muitas vezes a gente se pega pensando: quantas vezes eu não fiz isso também, né? Poxa, tenho que entender o lado da pessoa...

Não!!!

Não, eu nunca fiz isso. Não, eu não penso assim. Não, eu não aceitaria esse erro de mim mesma, por que aceitaria do outro?

A obviedade é qualquer coisa que se esconde a um palmo do nosso nariz, pode estar ao nosso alcance, mas mal conseguimos delimitar o tamanho dela.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Lá atrás da cortina, tenho Eu! Mas, Eu, o que eu tenho?

Taí! Se tem algo que é difícil, é encontrar a verdade. Sabe... Aquela Verdade! A verdade que encosta na cortina fina e bege (bege e bem escura), de visibilidade táctil que fica por detrás do palco.  Sim. Essa é difícil de encontrar!
Talvez, por permanecermos mais que 99% do tempo na atuação do que é perceptível pelos sentidos básicos. E isso é ruim?
Não necessariamente.
Eu diria: isso é incompleto!
O que acontece no palco, seja show ou seja ensaio, está intrinsecamente e diretamente ligado ao que ocorre lá atrás (que é base, é imprescindível, é profundo e, por isso, meio invisível). E é interessante que seja assim: o que é base, na grandessíssima maioria das coisas do mundo, teima em não aparecer (tão claramente, pelo menos). É sustentáculo e, apesar de parecer quieto, imóvel, escuro, profundo, mantém um equilíbrio inexplicavelmente dinâmico.

O que está escuro, escondido, dá medo. Dá muito medo por ser desconhecido. Porém, se é base, se é razão e sustentáculo, não deve ser tão ruim assim, não é mesmo?

É algo complexo. Muito complexo. Mas, muitas vezes, o que é complexo, é fascinante!Pessoalmente, acho isso apaixonante! E você, o que acha?

domingo, 3 de outubro de 2010

Meus defeitos, meu tapete.

Eu costumava dizer que defeitos, quando reconhecidos, deviam ser consertados e não abraçados. Eu costumava dizer que não queria ser como a moça da música, que nasceu assim, que cresceu assim, que é mesmo assim e vai ser sempre assim. Então eu dizia: “eu sei, eu surto, mas não vou mais surtar, porque defeitos devem ser corrigidos e não abraçados”.

Eu costumava surtar e eu costumava acreditar que sabendo disso poderia corrigir isso. Eu costumava ser tola, afinal, meus surtos são irrelevantes, se eu parar pra pensar em tudo que há por trás deles. Se eu parar pra pensar naquilo que me faz surtar, que não é exatamente meus defeitos, mas as minhas experiências (ou a falta delas), os meus medos e os meus anseios. Os meus surtos são irrelevantes se eu parar pra pensar naquele porão de emoções e transtornos que eu nunca abro, pois nunca encontro a hora certa de abri-lo, com receio das chatices da vida, das dores passadas e dos fatos que me recuso a aceitar.

Meus defeitos são um tapete para debaixo do qual eu varro um monte de bagunças que não consigo nem listar. Meus defeitos têm lá suas explicações, mas eu não quero mexer na sujeira para descobrir quais são. Então o tapete está torto, devido a toda sujeira que há ali debaixo, mas eu me recuso a limpar. Eu apenas observo... E não digo mais que vou consertar meus defeitos, porque descobri que eles não são a pior coisa com a qual terei de lidar para consertá-los.

E se não me fiz entender, esse é um defeito que tenho há alguns anos também. E venho tentando me expressar melhor, como se o problema estivesse nas palavras que eu escolho; mas talvez elas sejam apenas o tapete e por trás das palavras tenha toda uma sujeira que na verdade eu não quero mostrar.