quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Essa é do meu tempo!

Tema da semana: Gerações



Essa frase eu já ouvi de pessoas mais velhas e até já cheguei a dizer. E parando pra pensar sobre a minha geração, me senti perdida. Onde eu estou? A que época eu pertenço? TODAS. Não sei você, mas eu me sinto parte de uma geração que abrange muita coisa. Uma enorme fase de transição da sociedade que trouxe inúmeras inovações tecnológicas, sociais, ambientais, políticas e culturais. 

Nasci em 1987 e tive uma infância recheada de bolinhas de sabão, Barbie, comidinhas de barro e patins. Na adolescência, a chegada da internet transformou e ampliou minhas relações com as pessoas e até comigo mesma. Hoje, já adulta, tento conciliar meus velhos costumes da infância e início da adolescência com as novidades que saltam todos os dias à minha frente e, muitas vezes, confundem a minha existência. 

Estamos em um momento em que as possibilidades se multiplicam freneticamente. Com essa loucura da internet, podemos chegar mais rápido a vários lugares, estando no conforto de nossas casas. E podemos até ser quem quisermos, ao criarmos nosso perfil em uma página de uma rede social, em que escolhemos o que e como queremos mostrar sobre quem somos. As coisas acontecem cada vez mais rápido e nos transformamos numa velocidade que nos faz perder a noção de onde iremos chegar. Essa voracidade das transformações dessa geração me faz sentir saudadades de quando as coisas passavam mais devagar, porém com uma intensidade maior. 

Eu sinto falta de relações mais verdadeiras, mais concretas. Sinto falta de visitas reais e não consigo me sentir tocada pelas cutucadas virtuais. Embora eu tenha conhecido pessoas que, mesmo distantes, conseguem me entender tanto quanto ou até melhor que outras que passam o dia todo comigo, tenho medo da fuga das relações reais, em que o olho no olho pode explicar ou complicar qualquer palavra. Tenho medo de esquecer como é a sensação de um olhar de perto, de um abraço completo. Tenho medo de não ter mais tempo a perder e querer apenas correr atrás de mais, mais, mais e de repente me dar conta de que tenho me transformado em menos. Menos humana, menos próxima das pessoas que eu amo e com menos coragem de ser inteira, feita das qualidades que a gente adquire com o viver e dos defeitos que a gente aprende a compreender.

Ao escrever esse texto, notei que queria falar de uma coisa que acabou virando outra. E agora já não sei mais o que queria dizer, nem o que eu acabei dizendo. E talvez seja esse o melhor retrato do que é, pra mim, a minha geração: uma mistura de transformações que me confundem, me encantam ao mesmo tempo em que me decepcionam e me trazem mais perguntas do que respostas, na medida em que não consigo me sentir direcionada, já que a cada curva surge uma nova possibilidade. E pra uma pessoa como eu, que nunca se sentiu bem na hora de fazer uma escolha, a probabilidade de estar completamente perdida é proporcional ao número de possibilidades que vão surgindo por aí.

Um comentário:

renatocinema disse...

A vida é exatamente essa mutação.

Nasci em 75 e sinto que sou da mesma geração mutável e que abrange muitas coisas.