segunda-feira, 30 de abril de 2012

Inflação de amor incontrolável


                                         Tema da semana: "Um vício só pra mim não basta"





Ele gostava de Raul e acreditava que o Cazuza dizia muito bem o que sentia. Ele olhava nos meus olhos e dizia com um sorriso safado no canto do rosto “Faça o que tu queres, há de ser tudo da Lei”, e assim, conseguia tudo de mim. Ele tinha jeito de Mistério do Planeta, assim como diz Novos Baianos, e após beijar minha boca, cantava Legião Urbana. Sentimental que sou, gostava mesmo era das mensagens que recebia com letras de músicas do Los Hermanos. Se ele era o rei dos vícios, meu vício maior era ele.

O coração aberto, as mãos sempre prontas e um cheiro que despertava instintos sexuais. E pior, ele sabia de tudo, tinha certeza de que seus vícios eram fascinantes, e escrevia feito poeta perturbado na parede do quarto “o amor é a lei”. Havia um abismo no olhar e o que o salvava eram os sentimentos. E sentia tudo ao mesmo tempo, viciado pela vida, viciado pelo amor, pelo sexo, viciado por tudo que o fazia um ser de vida. Era uma inflação de amor incontrolável.

Eu que sempre fui de cair em tentação, fui levada pelo caos que ele é. Fui levada para a bagunça dos seus sentimentos e passava meu tempo tentando decifrar o que se passava. Não tente entender um viciado, não era por mim o amor, restava amor apenas para seu vício: ele próprio. Ele que mesmo sem sentir amor por mim, segurava a minha mão, convidando-me para um café – mesmo sabendo que não gosto de café. E podíamos passar a tarde encostados em uma árvore, num dia quente, conversando sobre a vida. Viciados em amor, o que queríamos era sentir, independente da dor ou do prazer.  

Um comentário:

Daiany Maia disse...

Essa mania de a gente escrever uma pela outra sem saber...

gosto dele também :P