Tema da semana: "Um vício só pra mim não basta"
Ele gostava de
Raul e acreditava que o Cazuza dizia muito bem o que sentia. Ele olhava nos
meus olhos e dizia com um sorriso safado no canto do rosto “Faça o que tu
queres, há de ser tudo da Lei”, e assim, conseguia tudo de mim. Ele tinha jeito
de Mistério do Planeta, assim como diz Novos Baianos, e após beijar minha boca,
cantava Legião Urbana. Sentimental que sou, gostava mesmo era das
mensagens que recebia com letras de músicas do Los Hermanos. Se ele era o rei dos
vícios, meu vício maior era ele.
O coração
aberto, as mãos sempre prontas e um cheiro que despertava instintos sexuais. E
pior, ele sabia de tudo, tinha certeza de que seus vícios eram fascinantes, e
escrevia feito poeta perturbado na parede do quarto “o amor é a lei”. Havia um
abismo no olhar e o que o salvava eram os sentimentos. E sentia tudo ao mesmo
tempo, viciado pela vida, viciado pelo amor, pelo sexo, viciado por tudo que o
fazia um ser de vida. Era uma inflação de
amor incontrolável.
Eu que sempre fui
de cair em tentação, fui levada pelo caos que ele é. Fui levada para a bagunça
dos seus sentimentos e passava meu tempo tentando decifrar o que se passava.
Não tente entender um viciado, não era por mim o amor, restava amor apenas para
seu vício: ele próprio. Ele que mesmo
sem sentir amor por mim, segurava a minha mão, convidando-me para um café –
mesmo sabendo que não gosto de café. E podíamos passar a tarde encostados em
uma árvore, num dia quente, conversando sobre a vida. Viciados em amor, o que queríamos
era sentir, independente da dor ou do prazer.
Um comentário:
Essa mania de a gente escrever uma pela outra sem saber...
gosto dele também :P
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