sexta-feira, 17 de junho de 2011

Tenho, logo existo

Tema: “A sociedade consumista favorece a corrupção”. 
Gherardo Colombo

Eu quero tudo - a qualquer preço. Vivemos num mundo onde "ter" é mais importante do que "ser". Sei que esse é um dos chavões mais comuns e batidos da história, mas não posso deixar de citá-lo (e concordar com ele), já que, atualmente, a identidade de boa parte das pessoas se constrói com base no que elas têm/ tiveram/ querem ter e não com base nas experiências pelas quais passaram - aquilo o que foram/ são/ serão.

Também não vou ser hipócrita e dizer que ter não é importante. É sim. Eu que não sou uma pessoa materialista tenho os meus bens materiais queridos, embora não me deixe levar pelas correntes marketeiras. 

Como sempre, o problema não está na coisa, mas no que se faz dela. O problema não está no consumo propriamente dito, mas no seu exagero e na prioridade que ele toma em nossas vidas. Sobre a sociedade de consumo, vale conferir o interessante Amor por contrato (2009) (não se deixem levar pelo título bobinho: o filme é proveitoso).

Se os bens que possuo são mais importantes do que aquilo o que sou, tornar-se corrupto parece um passo simples de se dar. Não se tem culpa, remorso, escrúpulos porque simplesmente há outras coisas mais interessantes de se ter. De modo algum apóio a corrupção, é óbvio. Não acredito que haja simplesmente o fator consumo por trás disso: o caráter de quem corrompe é decisivo. Pessoas sem limite que não sabem ouvir "não".

Talvez parte da corrupção seja nossa responsabilidade, da nossa sociedade, já que estabelecemos prioridades de caráter duvidoso. Mas uma parte considerável está ligada ao caráter de quem governa, coordenada, vende, compra, administra - o que pode ser resumido em algo bastante simples e igualmente manjado: valores deturpados.

4 comentários:

Unknown disse...

Frau, você explicou bem melhor o que estava querendo dizer.
Assino embaixo.

:)

Daiany Maia disse...

E seu texto me fez lembra de outras coisas. Às vezes a gente também faz das pessoas objetos, os quais queremos a qualquer custo e sob qualquer pretextos.

Coisas pra se pensar...

=*

Unknown disse...

Nossa, Dai... que perigo isso.

Elaine Gaissler disse...

Oi Frau, lendo seu post fiquei aqui pensando que infelizmente é tão comum encontrarmos pessoas que dão realmente mais valor ao que têm e aos que têm igualmente ou mais...
Triste, né?!
Abraço.