domingo, 27 de março de 2011

Erin Brockovich

Eu sei que todo mundo aqui já ouviu falar dessa mulher, afinal, somos jovens, antenados, assistimos quase tudo que Hollywood nos vende e desde uma linda mulher acompanhamos a filmografia de Julia Roberts, certo? Então, galera antenada. Quando tínhamos uns 15 anos e vimos esse filme, prestamos atenção de que se tratava de uma história baseada em fatos reais?

Erin, divorciada, precisava de um emprego para sustentar os filhos, e o conseguiu em um pequeno escritório de advocacia. Leiga, era apenas uma assistente, mas sua paixão pelo trabalho permitiu que tivesse um papel crucial no caso de um crime ambiental que prejudicou várias famílias nos Estados Unidos, famílias estas que nem pensavam em lutar por seus direitos, mas acabaram persuadidas por Erin.  Como o caso precisava de mais visibilidade e de pessoas influentes, foi passado a um escritório de advocacia maior, que quase afastou Erin devido a sua falta de formação, contudo o conhecimento detalhado que ela tinha da situação e das famílias afetadas evitou que isso acontecesse.

O filme, como todos os filmes baseados em fatos reais, oculta detalhes vergonhosos da protagonista, que possivelmente já foi viciada em drogas  e, especula-se, amante do chefe. Além disso, Erin era uma mãe ausente, uma mulher barraqueira e torrou os 2 milhões de dólares que ganhou de honorários. Outra parte que envergonharia o sexo feminino, é que várias vezes, Erin usou seu charme e poder de sedução para conseguir informações sobre o caso. Isso importa? Sim, importa, eu admiraria mais uma mulher que tivesse feito o que ela fez e carregasse também um histórico impecável, mas acho que históricos impecáveis são exclusividade de filmes de Hollywood.

Ainda assim, quantas piriguetes conseguem fazer o que Erin fez? Quantas amantes de advogados trabalham em prol de alguma coisa? Quantas mulheres sem escolaridade vão além daquilo que delas é esperado? Independente do histórico omitido no filme, creio que trata-se sim de um caso exemplar. Erin Brockovich foi muitas vezes subestimada pelo estereótipo da mulher bonita e rodada, praticamente uma piriguete, mas nem por isso deixou de ser inteligente, perspicaz e até mesmo correta. Quem se envolveria em uma causa parecida, correndo o risco de não chegar a lugar algum e sabendo que seria menosprezada devido ao seu desconhecimento da legislação? E quantas vezes homens e mulheres deixam de se envolver com causas importantes, apenas porque não se importam com as outras pessoas?

É difícil conseguir informações, além das colocadas no filme, a respeito de Erin Brockovich, ainda assim, considero que ela é um exemplo de mulher que foi além do esperado, e deixou muita gente que a subestimou pagando língua legal.  E você? Menospreza o potencial de quem baseado no estereótipo ou no sexo? E surpreende quem, fazendo além daquilo que calculam que você é capaz de fazer? 

3 comentários:

Frau Forster disse...

Gostei muito do texto! Vale lembrar que esses exemplos femininos são de carne e osso, logo, terão seus defeitos e falhas. Seja como for, a contribuição de Erin parece ter se sobreposto a várias coisas não muito legais que ela fez ou foi. Um beijo.

Daiany Maia disse...

Penso como a Frau. Aliás, visto de pertinho, ninguém é inquestionável. O que ela fez foi muito válido e ponto.

beijo

Elaine Gaissler disse...

Realmente eu não conhecia nada sobre Erin além do contado no filme, mas ao ler seu texto e me surpreender com suas possíveis imperfeições, fiquei até mais impressionada com a postura dela diante do que precisava ser feito no caso em questão...
É... quantos "corretos" teriam a coragem que ela teve?
O interessante de se viver pra ver histórias assim é saber que mesmo uma "destruidora de lares" tem a tal "humanidade" esperada apenas nos "corretos"...
A vida é mesmo muito estranha! rsrs