domingo, 20 de março de 2011

Dá aqui esse remo, eu toco esse barco sozinha!

E olha que é meu lado pacífico  que me faz tomar essa decisão. Se eu estivesse realmente grilada, pegaria o remo e daria uma remada no infeliz que me acusou de ter deixado a canoa virar.

Papai e mamãe me ensinaram a me virar sozinha, não quer dizer que é proibido depender de homem, ou pedir ajuda a um deles, mas quer dizer que nem sempre vai ter alguém pra abrir o vidro de palmito por mim, trocar a lâmpada, o pneu ou a resistência do chuveiro.

Confesso que tenho algumas dificuldades com as duas últimas coisas citadas. Já tomei banho frio durante 1 mês em pleno inverno, porque eu não sabia arrumar o chuveiro de um banheiro do apartamento e estava fugindo do outro banheiro que estava habitado por uma lagartixa. Pneu de carro eu ainda não aprendi a trocar, embora já tenha rodado 3.000km em uma viagem acompanhada da minha mãe que também não troca pneus. Já cheguei ao ponto de ligar para um amigo ir trocar o pneu pra mim. Mas ainda vou resolver essas duas pendências pra poder realmente tocar o barco sozinha.

Afinal, a gente nunca sabe quando vai ter alguém ao lado, ou próximo, pra ajudar.  Ou mesmo pra encher o saco. Eu já devia saber arrumar o chuveiro, por exemplo, afinal, fiz um ano de eletrotécnica, mas na época, eu era muito preguiçosa, e pra ajudar, era a única mulher da turma, e todos os meus amigos achavam que deviam fazer tudo por mim, inclusive nas aulas de laboratório, afinal eu era mulher, incapaz, não sabia remar, e eles se sentiam na obrigação de ajudar esta pobre desprivilegiada.  

A questão é que eu pelo menos sei o que preciso aprender pra conseguir remar sozinha, mas muitas mulheres ainda não se conformam com a idéia de remar sozinha, como se isso fosse um demérito, um grande problema e não um alívio.  Se virar sozinha não demonstra agonia do sexo oposto, mas sim senso prático, perspicácia, proatividade e mais um monte de coisas bacanas. Isso sim é independência, não liberdade sexual, liberdade alcóolica (mas sou super a favor dessa), etc e tal. Independência é saber tocar o barco se não houver ajuda para remar.  

6 comentários:

Anônimo disse...

Sorri e entendi seu texto.
Lembrei-me duma senhora vizinha
que enviuvou e leva a vida a dizer:
"a falta que faz um homem em casa!"
Já me cansa responder e sugerir que aprenda a fazer as coisas...
Bom Dia de Blogueiro!
Beijo.
isa.

Elaine Gaissler disse...

Concordo que um pouco de praticidade não faz mal a ninguém. Há coisas que são possíveis para nó mulheres sim, sem querer se igualar aos homens porque as diferenças existem e pronto...

Alline disse...

Você me lembra de que preciso montar minha caixa de ferramentas... só tenho duas chaves de fenda, uma trena, um martelo e um WD 40 pela metade. Adoro me meter a consertar coisas dentro de casa, furar parede, resolver as situações e não esperar pelos outros. Sabe o que mais? Autonomia tem um sabor único. Todas deviam experimentar.

Beeeeeeeeeeijo, Ana!
Boa semana =)

Ana B. disse...

Ae meninas, vamos arregaçar as mangas e aprender!!! kkk

A Alline me lembrou, tb não sei usar furadeira!

Daiany Maia disse...

Trocar o pneu é algo que deveria ser ensinado na escola e ponto. Arrumar chuveiro e passar um veda-rosca também.

O equilibrio é sempre o caminho necessário. Detesto pessoas que não conseguem fazer as coisas e nunca tentam, mas consigo detestar ainda mais as "fazem-tudo". Gente que insiste em querer remar sozinha e enfiam o cabo na água e seguram o remo pelo lado da pá. Fazfavor, né? Se não sabe fazer, ligar pra alguém que saiba é uma boa opção.

beijo!

Unknown disse...

Adorei a fuga da lagartixa!

Isso prova que mesmo esforçadas, determinadas, e não-dependentes dos outros, ainda somos mulheres, únicas!

:)