sexta-feira, 11 de março de 2011

A canoa virou e agora?

"A canoa virou,
Deixa virar;
Por causa da menina,
Que não soube remar. (bis)
Menina, larga o remo,
Pula n'água marujada.
Pula n'água, pula n'água, pula n'água,
Pula n'água, pula n'água, pula n'água,
Que a canôa tá furada."

Descobri que uma série de músicas que eu tinha julgado cantigas infantis, próprias de brincadeiras de roda, eram, na verdade, marchinhas de carnaval. E esta é uma delas. Passados alguns dias do apagado 08 de março, Dia Internacional da Mulher, me surpreende perceber que ainda tem muito a ser feito com relação ao papel da mulher na sociedade. Na verdade, há muito ainda o que ser conquistado.

No passado, as mulheres eram consideradas portadoras de má-sorte e, por isso, não costumavam acompanhar viagens de navio. Na marchinha, é tudo culpa da menina que não soube remar e que recebe  a ordem:

- Menina, larga o remo.

Muitas conquistas já foram feitas por parte das mulheres. Entretanto, não é incomum ouvir:

- Menina, larga o remo.

Felizmente eu nunca ouvi, mas se um dia acontecer, coisa que é bem provável, tenho uma resposta na ponta da língua. Tudo isso me leva a pensar que é necessário sim bater o pé e defender o que a gente acredita:

- Não, não largo não.

Mas também admitir às vezes:

- Não sei remar, mas vou aprender/ estou aprendendo.

O problema é aquele grupo feminino que defende:

(a) Ah, não sei mesmo, nunca saberei/ vou aprender.
(b) Ah, ainda bem que você chegou para fazer isso por mim/ não sei o que faria sem você!
(c) Virei sim e daí?
(d) Que remo? Que canoa?

Quando ouço isso, parece que todas as lutas femininas vão por água abaixo, junto com a canoa furada.

4 comentários:

Unknown disse...

Gente, como eu sou ingênua! Jamais levaria a sério esse negócio da "menina que não soube remar".

Mas eu tô contigo e não largo o remo!

Beijos!

Laís Costa disse...

Aqui tem mais uma que não larga o remo. :)

bjo

Anônimo disse...

ótimo!

Daiany Maia disse...

Seu texto foi tão sutil que eu tenho receio que não se perceba a profundidade do que você abordou aqui.

Acredito que as quatro alternativas que você pontuou defina mesmo os quatro tipos de mulher, genericamente, que existem. Cada uma das alternativas valeria um tratado.

Acho que o pior deles é o grupo do "Virei sim e daí". Porque além de ignorância mostra prepotência (diferente da A e D) e o resultado é a subserviência (o caso da B).

Que eu possa ser uma alternativa E aí...rs

beijo!