quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Eu sou incoerente..tra la la

Ser coerente é uma dádiva. Não que eu inveje quem seja, porque as pessoas que eu conheço que são 100% coerentes estão na inércia então não há nem modo de elas serem incoerentes: não fazem nada.

Eu não sei até que ponto a incoerência é assim tão ruim, porque na verdade, a incoerência tem as costas mais largas que o diabo. Explico. Muitas vezes o que é chamado de incoerência na realidade é a relativização das coisas. As pessoas não suportam que se relativize nada. Acho que é medo de se perder. Se seguindo uma linha reta as pessoa já se perdem, se dermos a elas a possibilidade de bifurcação..vish...aí pronto, ferrou tudo.

Mas o que é esse relativizar bom ao qual eu me refiro, então? É simples. É saber que nem tudo que é válido num campo é valido em outro. Por exemplo. Existe uma grande área chamada esportes, dentro de esportes, existem os que são jogados com bola, e cada um desses possuem suas regras. Então se, no futebol, você não for o goleiro e pegar a bola com suas duas mãozinhas lindas e jogar na rede, não saia comemorando o gol, lindeza, porque será pênalti, e dos feios.

Mas que incoerência!!! Não é tudo esporte? Não é tudo com bola? Não é tudo igual?

Difícil imaginar que alguém argumentaria assim, não é? Parece claro a todos que em cada jogo, sua própria regra e é justamente por essas regras que se mudam os jogos, caso contrário teria só os jogos com bola, aquáticos, de lançamento e por aí vai.

Na vida é assim, e é muito mais complicado ainda. Porque cada pessoa carrega em si mesma regras definidas. Quando tem contato com outra, ela adapta suas regras, ou muda ou não faz nada (é, existem pessoas que conseguem fazer nada). Existem leis que direcionam todas essas pessoas, mas existem coisas que só são determinadas pela ética. E a ética olha para os dois lados, a Lei não, a Lei tem um lado só: o dela.

E quando você olha para os dois lados, você relativiza e daí o seu posicionamento algumas (tantas) vezes ser considerado incoerente. Não é que se passe a aceitar o que o outro fez como correto (ou o que você mesmo fez), mas você passa a entender o que levou o outro a fazer aquilo. Entender os motivos não justifica o ato, mas pelo menos não o condena à fogueira.

8 comentários:

disse...

Gostei
:)
Eu considero a coerência total é inalcançável. Há questões que nos deixará na fronteira do nosso conjunto de valores, deixando interpretações dúbias sobre nossos atos.
Ainda somos de um equilíbrio químico sensível. Basta o organismo mandar uns bagulhozinhos a mais e nossa percepção e comportamento mudam.
Sobre o exemplo do futebol, achei tudo muito verde :P

Songa disse...

e qual a ligação entre coerência e moralidade ? ambas norteiam assuntos sobre o que é certo e o que é errado ? E as coisas incoerentes, ou imorais, que apesar de tudo, são legais ? Um estuprador que abusa e depois mata de uma menina de 8 anos. O pai da criança assiste a cena e depois mata o estuprador. A atitude do pai foi coerente ? foi moral ? Foi legal ? Respondendo as 3 perguntas eu consigo saber se foi certo ou errado ? O que é coerência mesmo ?

Daiany Maia disse...

Zé,

adorei o comentário.

Sintetizou bem:"Basta o organismo mandar uns bagulhozinhos a mais e nossa percepção e comportamento mudam."

E haja bagulhozinhos estranhos pra mandar... ;)

beijo

(a gente conversa sobre esse verde aí)

Daiany Maia disse...

Songa,

Ambas têm ligação na medida que se conectam à ética, e sim, elas norteiam o que é certo e o que é errado.

Existem coisas que são imorais, incoerentes e anti-éticas e legais pelo motivo que eu disse:a lei não garante a justiça.

A atitude desse pai pode ser muito coerente para ele, moral já foi em algumas épocas. Agora, legal ela não é.

A moral extrapola a lei, até porque, a lei é morosa. Há algum tempo era garantido por lei o direito do marido matar o amante de sua esposa, porque a lei sacramentava um costume que era da sociedade. A Lei selava uma tradição. Hoje, no Brasil, a Lei é imposta: parte-se do que deveria ser feito mas não do que costuma-se fazer. E daí o jeitinho brasileiro vaza para os lados.

Acredito que se você responder as três questões você saberá o que é certo. Mas a ética resolve isso bem, e é justa.

beijo!

Het disse...

O bom mesmo seria poder conhecer as pessoas com a mente formatada...

Daiany Maia disse...

Het,

sério? Por que?

Het disse...

cada relação seria única, de um para um.

Pensemos nos joguinhos entre homens e mulheres....eles só existem pq, sei lá, temos medo nos ferir, ou qq outra coisa.

Porém se a nossa cabeça, a cada pessoa que conhecêssemos viesse zerada..... cada relação seria única e, vamos dizer assim, teria seu desfeixo natural, eu acho....rs

Ou seja, leis, ética e moral partem de princípios, vamos dizer que estatísticos...um senso comum.

Mas sabemos, e eu acho q a vida prova, que a cada regra cabe uma exceção...o exemplo do pai que mata o assassino do filho é muito bom, a mãe que acredita na bondade de um filho crimoso, etc....

bom mesmo é criar cada relação sem interferência de outras relações, e ter liberdade pra ser incoerente quanto quiser.

Daniel Savio disse...

Interessantes os comentários posteriores, mas acabei lembrando da Lei da Relatividade, pois no final, tudo é pesado e nada é exatamente igual a experiência anterior...

Fique com Deus, menina Dai.
Um abraço.