sexta-feira, 23 de abril de 2010

Tão longe, tão perto


Abrir os olhos todos os dias, sentir os braços pesados de tanta preguiça, os pés ainda doendo do salto usado no dia anterior, perceber que já desliguei o despertador o número de vezes possíveis e que não me resta mais nenhum segundo para ficar na cama. Este é o meu desafio diário? Definitivamente não. Esta é apenas a primeira etapa da minha rotina diária. Quando abro os olhos toda manhã, meu desafio é meu maior prazer: VIVER.

Viver em um mundo que, quando nasci, não existiam os computadores domésticos e a Internet nem havia chegado ao Brasil. Os relacionamentos, hoje em muitas ocasiões germinados nas tão comentadas redes sociais, eram construídos e solidificados com um bom bate papo na calçada. Os mais velhos buscavam dentro de suas casas a cadeira preferida e mais confortável, pois sabiam que aquela conversa ia longe. As crianças brincavam de pique pega, e até a brincadeira nos remetia ao contato físico. Crescemos ouvindo dizer que aquele menino era filho de fulano e neto de beltrano. Entravamos e saímos das casas de nossos amigos sem tocar a campainha, onde a entrada era sempre permitida e onde tínhamos acesso a todas as informações daquela família.

E agora...

Somos desafiados a viver quase que virtualmente. Pessoas buscam pessoas na Internet, em suas “casas” virtuais, para bater papo em suas “salas” virtuais. Para entrar nas comunidades virtuais precisamos de identificação e senha, somos amigos dos amigos de nossos amigos, mas não fazemos questão de conhecê-los pessoalmente e eles fazem questão de bloquear nossa permissão para ver suas fotos e fazer parte de suas vidas. Por outro lado, muitos escancaram suas vidas e a dos outros disponibilizando vídeos na Internet.

Antes a história era construída de pai para filho e desta mesma forma o conhecimento foi transmitido. Hoje tudo está na Internet, o conhecimento antigo, os atuais, as pesquisas que ainda se tornarão descobertas, e, principalmente as pessoas.

Quem está ai?

                                                                                                                   *Ju Queiroz*

5 comentários:

Daiany Maia disse...

Ju,

Pra mim o maior desafio dessa Era Virtual é conseguir imprimir o tom da fala na escrita, será que é um desafio possível? A gente já se desentende olhando um nos olhos do outro, mas fazer o outro entender o que você quis dizer claramente e ainda sendo sucinto com as palavras é complicado...

Prefiro o contato físico, o pique-ME-pega

;)

Nara disse...

Eu não vivi esse "filho de João e neto de Joaquim". Quando nasci o mundo já caminhava pra internet. Quando vi o mouse já estava na minha mão.

E eu só tenho a agradecer.

Conheci pessoas maravilhosas, leio coisas maravilhosas e ainda consigo escrever e mostrar para outras pessoas (ainda que desconhecidas) os meus sentimentos.

Tem seus lá seus lados negativos, tem a pouca privacidade, mas pra mim, só teve lucros. Essa tecnologia toda nos faz mais próximos.

Sabendo usar, medindo suas palavras e sem perder a identidade, a internet é sim, um mundo maravilhoso!

Beijo,
Nara

Daniel Savio disse...

Ju, um negócio que fiquei pensando, também é um desafio surgido desta digitalização é permanecer você mesmo (em vez de ser um modelo social aceitavel de vida)...

Fique com Deus, menina Ju.
Um abraço

Ju Queiroz disse...

Nara,

Você tem razão, a internet é mesmo um mundo maravilhoso, sabendo usar.

Mas é muito bom também viver em duas épocas diferentes e poder comparar o que cada uma delas nos traz de bom. Eu espero ainda viver uma terceira época, que acredito não estar longe de acontecer, onde estaremos falando de novas tecnologias que nos darão a impressão que a internet é coisa do passado.

Alias, a internet discada já é coisa do passado né!!!
Alguém poderia imaginar, 5 anos atrás, que um dia teríamos internet sem fio?

Acho que não...mas todos tínhamos certeza que, após o início de um relacionamento pela web, os envolvidos chegariam a conclusão da necessidade de um encontro presencial.

A idéia de que o mundo maravilhoso existe devido a uma mistura equilibrada entre o virtual e o real é que me fascina.

Beijos,

Ju Queiroz disse...

Concordo com você Daniel.

O mundo virtual deve ser um espelho do usuário e não um esconderijo.

Abraços,