sábado, 7 de julho de 2012

Ainda falta respeito


                         Tema da semana: Qual é o papel da mulher na sociedade pós-moderna?

“Enquanto o homem e a mulher não se reconhecerem como semelhantes, enquanto não se respeitarem como pessoas em que, do ponto de vista social, política e econômico, não há a menor diferença, os seres humanos estarão condenados a não verem o que têm de melhor: a sua liberdade.”(Simone de Beauvoir)

Certa vez, passei a tarde escutando um ex-colega de serviço falar sobre mil coisas que o tornavam mais macho e que faziam de mim uma mulherzinha. Explico: tudo o que eu dizia, ele retrucava com um “é porque você é mulher”. Gosta de tal filme? Não? Porque você é mulher. Assiste UFC? Gosta? Não? Porque você é mulher. Após o ser listar 50 coisas que opiniei e dizer que eu achava isso porque sou mulher eu meio que me desliguei da conversa, fiz de conta que não estava ouvindo muita coisa (coloquei o amiguinho no mute com meu controle remoto mental, na verdade), porque né, tenho mais com o que me preocupar e ultimamente tenho dado 10 reais pra entrar em uma briga, mas pago mil pra sair dela. Quem me conhece de perto sabe que essa história de macho dominante não cola comigo. 

Vira e mexe me lembro desse episódio com certo asco, descrença. Fico pensando nessa questão de gêneros e valores, de como as coisas eram, são e provavelmente podem ser. O que dizer sobre a mulher hoje em dia? Qual o seu papel?

Se traçarmos um paralelo com o que acontecia antigamente, são notáveis as conquistas femininas. Antigamente não podíamos votar, não tínhamos poder em casa, a função feminina não passava de cuidar do lar, dos filhos, lavar, passar, cozinhar. Vez ou outra uma mulher se destacava em funções ditas incomuns. No entanto, não podemos dizer que hoje a mulher é extremamente valorizada, se olharmos a sociedade como um todo. Sim, ela assume posições políticas que antes nem imaginávamos (oi, Dilma), trabalha, toma conta de si, não precisa ficar presa a uma relação como acontecia tanto antigamente. Mas se olharmos com cuidado, vemos que essas mulheres que vão à luta ainda são uma parte muito pequena e que ainda há muito a ser feito.

Ainda temos que dar de cara com mulheres objetos, exibindo seus corpos em comerciais de cerveja, programas como o Pânico, tendo todo o seu valor resumido a peitos e bunda em páginas do Facebook (sim) ou blogs como o tal Testosterona (eca). No bairro ao lado muitas vezes a Maria apanha calada por achar que o João tem razão de chegar bêbado e nervoso porque o jantar não está pronto.  Sei de outros casos de pessoas não tão distantes que só se consideram boas mulheres porque servem bem os ditos maridos e namorados, que não aceitam dividir a conta, pois isso é “função do homem”, bem como conheço homens que acham que se a menina transa no primeiro encontro é fácil, é biscate, piriguete(?). E quando me deparo com essas coisas me dá uma preguiça de viver que vocês não fazem ideia.

Não sei a quem culpar nesses casos, nem o que poderia de fato ser feito. Mas é certo que só viveremos numa sociedade mais justa quando a mulher for vista com mais respeito. A partir daí teremos relações mais saudáveis, despidas de puro sexismo. Enquanto isso, faço meu papel, deixo neandertais como o colega do começo do texto falando sozinhos e vou construindo meu caminho sem necessariamente precisar de um macho alfa para me ajudar a trilhá-lo. 

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