sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Da nossa história

Tema: "Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim, não me valeu, 
mas fico com o disco do Pixinguinha, sim! O resto é seu"


Todos os dias relacionamentos acabam. Podem ser de semanas, meses ou anos. Nem sempre o laço desfeito dói mais porque durou mais tempo - o coração tem razões que a própria razão desconhece. A história, entretanto, é sempre a mesma: por onde recomeçar?

Não sou adepta de queimar as lembranças de quem foi embora - sejam físicas, sejam emocionais - porque todo mundo que passa pela nossa vida se torna parte intrínseca da nossa história. Em algum momento a pessoa foi importante e creio que todas as pessoas com quem convivemos nos ajudam a nos tornarmos o que nos tornamos. 

Claro que isso vale tanto para o bem quanto para o mal, mas por mais que termine mal... Bem, eu me recuso a esquecer - o que não quer dizer que vivo no passado - e o faço porque é a minha história que está me jogo: apagar a história que tive com alguém é apagar uma parte de mim.

Não devolvo nada, nem jogo nada fora - e já me quiseram degolar por conta disso. Guardo as cartas e bilhetes, embora não os leia. Ouço os CDs, leio os livros. Mesmo porque, se por um lado, poderia me desfazer dos tais bens materiais, por outro, como poderia me livrar da rede de associações construídas durante o tempo que fiquei com a pessoa? Há aquele que amava Woody Allen  e Frank Sinatra - vou deixar meus dois queridos, mesmo adorando? Há aquele das figuras de linguagem e dos ricos jogos verbais e linguísiticos - vou deixar a escrita de lado porque ele sempre acompanhou meus textos? Há o do Teatro Mágico - vou deixar de ouvir? Há o do Choderlos de Laclos - vou deixar de ler?

Como deixar para trás coisas que passaram a fazer parte de mim - e que me fazem bem?

Se em algum momento foi bom, não tem porque fingir que nunca aconteceu. Só guardo o que ficou de bom, o que me fez crescer, o que me deu prazer: o resto deixo se dissolver no tempo.

2 comentários:

Elaine Gaissler disse...

Nossa, mas vc consegue isso no dia seguinte ao término?! Não consigo, no dia seguinte quero pq quero esquecer rs. Mas concordo que não dá pra apagar o que vivemos, e essa nossa história nos torna quem somos mesmo.

Abraço, Frau.

Unknown disse...

Embora quanto melhores as lembranças, maior é a saudade e a tristesa que vem junto com elas quando termina um relacionamento, eu também acho que elas são importantes e não merecem ser descartadas. Os objetos trazem consigo muitos significados, mas geralmente jogar as coisas fora ou devolver não muda o que está guardado lá dentro.
Concordo muito com vc, principalmente quando fala que cada pessoa faz parte de nossa história...
Pode ser um pouco dificil conviver com o que fica de quem foi (eu, pelo menos, já tive certa dificuldade e com certeza teria novamente no caso de um término de relacionamento), mas é um processo que se faz necessário. Até mesmo pra aceitar essa passagem... e começar uma nova história.