sábado, 28 de agosto de 2010

Aconticido

    Eu não sou de Ribeirão Preto, onde atualmente moro, desse modo sempre recebo visita ou estou viajando para casa de mamãe.

     Em um desses finais de semana que passei aqui, minha prima veio me visitar. Ela ficou uns quatro dias comigo. Mas enfim, onde eu quero chegar é, ela veio pra cá e pela primeira vez depois de dois anos morando em Ribs tive que ir a um desses postinhos médicos, porque ela ficou com uma infecção de garganta.

     Não havendo outra saída, já que minha licença curandeira estava vencida, tive que apelar para a saúde pública. Chegamos lá umas quatro e meia da tarde, nos registramos e sentamos para esperar o bendito atendimento. Ah, era época da Gripe “Suína” e o mais interessante era notar a postura das pessoas em relação a esse problema, umas mal se encostavam, sentar jamais e ficavam de preferência em um lugar que o ar circulasse, outras, por outro lado, talvez por que naquele momento o instinto de autopreservação estivesse abalado por uma cólica de rins ou um dedo quebrado, não se importavam em sentar, deitar, tossir e gemer, o que causava apreensão aos que ainda possuíam receio de serem contaminados por uma gripe rara transmitida pelo sangue coagulado do dedo indicador de um jovem menino ou da pedra que se instaurava no rim de um sujeito ao canto, raro, mas, claro, muito provável.

     Eu e minha prima no começo estávamos de pé, porém a primeira meia hora de espera se passou e com haviam bancos vagos foi impossível não nos sentarmos. Depois de uns quinze minutos sentadas, uma mulher nos chama (grita, hehe). Nesse momento fui invadida por um sentimento de alívio, pois já estava cheia de ficar ali liberando gás carbônico, porém, mal eu sabia que aquele chamado era somente uma pré-consulta (aff..) e pelo fato de minha prima não ter problemas de se aguentar em pé, lógico que não éramos prioridade na fila de espera.

     Minha reação não poderia ser outra, em uma hora dessas com certeza você se torna uma pessoa compreensível e entende que tem outras pessoas mais necessitadas de atenção que você, hããã? Com certeza: NÃO! O que eu senti foi vontade de que o ministro da saúde utilizasse o serviço dos hospitais públicos oferecidos para a população ao invés de ter um médico particular em casa (estou sonhando muito alto, né?).

     Voltando ao meu lugar inicial,(depois da tamanha frustração) ficamos lá mais duas horas e dez sentadas (ihuuuu, maravilha) e nem a TV disponível me distraia mais. Chegada a hora da consulta (e todas as pessoas que estavam ao nosso redor já eram outras) nos encaminharam pra uma sala pequena onde um senhor barbudo e mal humorado estava. E acreditem, antes mesmo que eu percebesse a “consulta” já havia terminado, nós duas nem chegamos a sentar, minha gente. O dito cujo, não falou boa tarde, não olhou na nossa cara, fez apenas uma pergunta, tipo, o que já estava na ficha dela, dãã, e colocou aquele palito nojento na língua dela para fazer uma incrível descoberta de que ela estava com a garganta inflamada. Peraííííí, eu acho que eu já sabia disso, pô !

      No final das contas, ela teve que tomar antibióticos, que pelo menos foram dados.

     Quis contar essa situação para vocês, pois sei que muitos já passaram por coisa parecida ou pior, e eu mesma desde criança (por ter tido todas as doenças imagináveis e inimagináveis) sei o que é passar horas sentada, ou ir de madrugada nesses postos na esperança de haver menos pessoas. Mas isso não quer dizer que eu aceite isso tudo, pelo contrário, acho que um jeito de tentarmos mudar essa situação (aproveitando o período das eleições) é pelo voto, que nos proporciona a chance de dizer o queremos e achamos importante.



PS: Minha prima melhorou, depois de alguns dias de antibióticos. :P ...

4 comentários:

Songa disse...

Muito bonito falar de saúde pública sem citar os malefícios da paciência individual do acompanhante são, pois mesmo não citado, fica aqui o meu protesto por eu ter sido o motorista babaca que levou as mocinhas fracas e indefesas para a exautiva espera do antendimento. E não foi só essa vez não, o pessoal dos Pronto Socorro Janjão (em Franca) já sabia até o meu nome, de tanto eu acompanhar e esperar a paciente, pacientemente.

Daniel Savio disse...

E bem que eles poderia se preocupar melhor com a qualidade do atendimento dados aos pacientes, pois não custa nada...

Fique com Deus, menina Laís.
Um abraço.

Daiany Maia disse...

O posto perto da casa da minha mãe que é uma beleza. Muito me admira ter enfermeira aidna magras por lá. Pacientes de aglomeram na sala de espera enquanto elas, um grupo de 5 a 7 funcionárias (enfermeira, atendente, faxineiras) ficam conversando na cozinhas, às gargalhas e comendo.

Adoro ¬¬

E daí fica só um tico difícil apoia-las quando elas (ou médicos) fazem greve reivindicando o que quer que seja.

=*

Anônimo disse...

Aeee Laís!

Por isso que não vou ao médico quando você me questiona, ta vendo??? rsrsrs

Muito boa a narrativa!

Bjo bjo
Larissa