quarta-feira, 9 de junho de 2010

"Eu quis fazer uma canção pra ela... para cantar depois do Carnaval...

“Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que distante.” (Oswaldo Montenegro).

Ufa! Às vezes é necessário um respiro, um suspiro, uma canção para aliviar a carga. Eu escolho a arte.

Falo como alguém que já penou pela vida, procurando alguma coisa prazerosa e que valha a pena investir. Para mim, a coisa que mais vale a pena investir é na beleza da vida.

Assim, quando observo uma escultura, uma pintura ou uma peça de teatro, não me contenho nas formas, estéticas e adereços, mas me fixo na grandiosidade da alma daquele artista, que só pode ser transmitida, em seu ideal tamanho, através de uma obra artística.

Eu não gostava de teatro. Achava-o muito caricaturado, esteriotipado, artificial. Em nada me atraia aquele jeito assoberbado de falar do ator, ou aqueles panos e palcos elevados que, ao meu ver, se distanciavam da beleza natural das coisas.

Contudo, foi pela beleza da alma do ator que me apaixonei. Em seus olhos via um fogo de vida, nunca visto antes. A sua boca recitava com sabor e propriedade os poemas que tanto me enchiam de prazer e dor. O seu corpo bailava conforme a pulsação de seus afetos e, via ali, encima e acima do palco, um homem entregue para e pela vida.


O que significa viver intensamente? Viver não deveria vir acompanhado da palavra intensamente, pois, quando realmente se vive, estamos imersos no fluxo das coisas. Corpo, alma e coração estão juntos no processo de ir vivendo. Assim vejo o ator. Quando em palco, vive. E se enganam aqueles que acreditam que o autor reveste uma máscara.

Em cena, o ator se despe de todas as pesonas, de todas as suas personalidades, e se coloca ali, corajoso e nu, frente ao público, para tentar apreender, mesmo que sutilmente, a alma do papel interpretado.

É esse ato de alcançar o inalcançável que me surpreende no teatro. Quem de nós já tentou respandlescer como o sol, ou brilhar como a lua, ou talvez captar a sutil docilidade do olhar de seu cachorro? Quem já se pôs a voar, ou pode alcançar a essência das coisas da vida? Talvez só os santos.

Me passa pela cabeça a imagem do filme “Irmão Sol, Irmão Lua”, que retrata a vida de Santo Agostinho. Com os pés descalços e o corpo nu, a única intenção desse homem era se unir às coisas da natureza e entrar e contato com o divino.

Eu acho que o teatro tem essa sacralidade e essa dimensão cósmica de fazer unir as pessoas e as coisas do mundo.

Carpe diem, Tati Mitleton

3 comentários:

Daiany Maia disse...

Tati,

que bom ler seu texto, que bom a intensidade, que bom tudo. Estou neste clima aí. Viver é viver e ponto. Como você disse, viver intensamente é pleonasmo.

beijos

Geisa disse...

Tatica,
O jeito como você passou a ver o teatro que descreveu no seu texto me foi novo.
Você é intensa da meneira como escreveu o post!
Adorei! Saudades! Bjos

Tatiane Mitleton disse...

Meus amores, tudo o que desejo a voces e vida e paz, pois, se conseguem enxergar no meu texto a intensidade da vida, tenho a certeza de que tem essa intensidade dentro de voces.

Amor, amor, Tati