sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O bom moço católico

Poderia ser o bom moço católico, a bom moço evangélico,  o bom moço batista, o bom moço adventista. Mas a verdade é uma só: bondade não pressupõe religião. E as pessoas muitas vezes não entendem isso. Assim como também não entendem que fé e religião são coisas que estão relacionadas, mas estão longe de ser sinônimos.

Conheço gente que se diz católica, evangélica, espírita, adventista etc. e não faz coisas muito "legais" e quando digo "legais", estou falando de maldade e crueldade mesmo. É nesses casos que a gente percebe que a religião deixa de ser algo que abrange a vida do indivíduo completamente para ser somente um rótulo. Pura imagem. Quando me interessa, eu  mostro meu lado de boa moça cristã. Mas só quando me interessa, porque no resto do tempo, pinto e bordo, e faço o que eu quiser.

Pessoalmente, conheço pessoas muito próximas que levam religião desse modo, como rótulo. E numa sociedade ligada em imagem e aparência como a nossa, é de se tomar cuidado com quem ouvimos. Enchem a boca para falar que tem uma ou outra crença, mas não se acanham de atacar com unhas e dentes. E não estou falando dos erros que todo mundo comete. Estou falando de crueldade pura, simples e...  primitiva. Incondizente com a maioiria das crenças que conheço.

Também conheço gente boa, gente muito boa, que não tem religião. Às vezes até acreditam em algo maior, às vezes, nem isso. Mas conseguem ser caridosos, muitas vezes seguindo muito mais os ensinamentos de amor ao próximo pregados por Jesus Cristo, por exemplo, do que o bom moço cristão - ou que se diz cristão. A religião da boca (e não do peito) para fora. Se a religião não é vivenciada, isso faz de nós o quê? 

Do mesmo modo que podemos encontrar mais boas ações em quem não se diz de nenhuma religião, podemos também, muitas vezes, encontrar mais fé neles também. O que não me faz questionar as religiões (não neste post), mas sim o que as pessoas fazem com elas. Não estaremos deturpando certos ensinamentos, a fim de que atendam os nossos interesses mais mundanos e imediatos?

Creio que é aí que entra o caráter, essa peça fundamental, palavra-chave Há bons católicos, evangélicos, adventistas, batistas, espíritas, testemunhas de Jeová etc. E há maus católicos, evangélicos, adventistas, batistas, espíritas, testemunhas de Jeová etc. E há aqueles que não acreditam em nada e podem ser bons ou maus. E há ainda aqueles que acreditam em algo maior, não muito definido, e são bons ou maus também. Em suma, religião não é garantia de caráter/ bondade/ honestidade. Pois antes de sermos dessa ou daquela religião, somos seres humanos que, muitas vezes, fazem coisas incoerentes com a religião que escolhemos - principalmente quando penso no Cristianismo de modo geral, uma coisa que conheço relativamente bem.

Confundimos aparência com realidade, ainda que a ação das pessoas não condiza com a sua crença. Posso , todos os domingos, bater na minha esposa antes de ir à missa. E aí? Como fica a minha situação? Claro que esse é um caso extremo, mas os casos mais comuns permeiam nossas vidas e estão aí para todo mundo ver.

Não adianta rezar o terço se é com esse mesmo terço que resolvo enforcar o meu inimigo.

Um comentário:

Cadinho RoCo disse...

Permita-me breve colocação. Católicos, adventistas, batistas e tal não são religiões e sim instituições, igrejas. A religião adotada por essas instituições, ou igrejas, é o cristianismo.
Católicos e tal são da religião cristã. O cristianismo é religião, o catolicismo e tal são insituições,ou igrejas.
No mais, o que voc~e apresentou está ótimo. Tal como diz o nosso tão famoso Carlos Heitor Cony, ser cristão é difícil pacas. Não é tão simples quanto muita gente pensa. Parabéns por suas colocações.
Cadinho RoCo