Porque às vezes eu me pego prendendo a língua assim para não passar a fofoca pra frente - principalmente no serviço. Tem coisas que dão um comichão e é dífícil segurar as pontas, principalmente quando eu adoro narrar histórias e dramatizar - propositalmente - pequenos fatos cotidianos.
Pensando assim, fica difícil fofocar repassar a informação de modo neutro, porque a gente sempre vai colocar um toque nosso, um comentário maldoso, uma suposição razoável... sempre alguma coisa a mais na história - e aí vai o nosso ponto. Se os jornalistas que, supostamente, deveriam ser neutros ao contar os fatos não são, como nós, reles mortais, seríamos?
Sempre que eu ouço "quem conta um conto aumenta um ponto", lembro do o primeiro cachecol que fiz de crochê: por inexperiência, fui aumentando pontos aleatoriamente, sem me dar conta e acabei ficando com um pequeno monstro de lã. Não aquilo não era um cachecol: era tão imperfeito quanto um caxecol*.
Eu devia ter uns oito anos, mas sabia o que fazer: puxei delicadamente o fio e desfiz tudo o que havia feito. Sorri satisfeita e recomecei meu trabalho, desta vez com mais atenção, mas não com mais perícia.
O mesmo não podemos fazer com os pontos que aumentamos: desfazer nem sempre está dentro das possibilidades nossas de cada dia. E se o impulso é colocar um pouquinho de nossos achismos e impressões naquilo que contamos, principalmente sobre os outros, trama pode ficar mais apertada ainda. E a saia pode ficar justa.
* escrevi com "x" de propósito (!)
Um comentário:
"um pequeno monstro de lã"... kkkk
Verdade, quisera que fosse possível desfazer certos pontos!
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